«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

domingo, 3 de dezembro de 2017

1º Domingo do Advento – Ano B – Homilia

Evangelho: Marcos 13,33-37

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos:
33 «Cuidado! Ficai atentos, porque não sabeis quando chegará o momento.
34 É como um homem que, ao partir para o estrangeiro, deixou sua casa sob a responsabilidade de seus empregados, distribuindo a cada um sua tarefa. E mandou o porteiro ficar vigiando.
35 Vigiai, portanto, porque não sabeis quando o dono da casa vem: à tarde, à meia-noite, de madrugada ou ao amanhecer.
36 Para que não suceda que, vindo de repente, ele vos encontre dormindo.
37 O que vos digo, digo a todos: Vigiai!'

JOSÉ ANTONIO PAGOLA

DESEJO DE ALGO NOVO

Há um grito que se repete na mensagem evangélica e se condensa em uma só palavra: «Vigiai!». É uma chamada a viver de maneira lúcida, sem deixar-nos arrastar pela insensatez que parece invadir quase tudo. Um convite a manter desperta a nossa resistência e rebeldia, a não agir como todo mundo, a sermos diferentes, a não nos identificarmos com a mediocridade. Isso é possível?

A primeira coisa, talvez, seja aprender a olhar a realidade com olhos novos. As coisas não são somente como aparecem nos meios de comunicação da sociedade. No coração das pessoas há mais bondade e ternura que aquilo que captamos à primeira vista. Temos de educar o nosso olhar, torná-lo mais positivo e benévolo. Tudo muda quando olhamos as pessoas com mais simpatia, tratando de compreender suas limitações e suas capacidades.

É importante, além disso, não deixar que se apague em nós o gosto pela vida e o desejo daquilo que é bom. Aprender a viver com coração e amar as pessoas buscando o seu bem. Não ceder à indiferença. Viver com paixão a pequena aventura de cada dia. Não nos desinteressarmos pelos problemas das pessoas: sofrer com os que sofrem e alegrar-nos com aqueles que se alegram.

Por outro lado, pode ser decisivo dar sua verdadeira importância a esses pequenos gestos que, aparentemente, não servem para nada, porém sustentam a vida das pessoas. Eu não posso mudar o mundo, porém posso fazer que junto de mim a vida seja mais amável e leve, que as pessoas «respirem» e se sintam menos sozinhas e mais acompanhadas.

É tão difícil, então, abrir-se ao mistério último da vida que as pessoas de fé chamam «Deus»? Não estou pensando em uma adesão de caráter doutrinal a um conjunto de verdades religiosas, mas nessa busca serena da verdade última e nesse desejo confiante de amor pleno que, de alguma maneira, apontam para Deus. À medida que os anos passam, tenho a impressão de que as pessoas se tornam mais profundamente crentes e, ao mesmo tempo, têm cada vez menos «crenças».

DEUS INTERESSA?

Não é fácil celebrar nos dias de hoje o Advento. Como desejar, pedir ou esperar a vinda de Deus em meio a uma sociedade onde, ao que parece, Deus já não mais interessa? Mais que falar de um Deus que vem (adveniens), não deveríamos refletir sobre um Deus que se distancia, se oculta e se faz cada vez mais estranho?

Em muitos ambientes, Deus foi se reduzindo a uma recordação do passado. Já não se fala mais dele nos lares. Em muitas consciências, Deus não é senão uma sombra pouco agradável. Inclusive, não poucos daqueles que se dizem crentes, apenas o invocam. A atitude mais generalizada é uma indiferença cada vez mais fria e que constitui, segundo o teólogo e pensador Joseph Moingt [padre jesuíta francês, 102 anos], «a experiência cultural mais cruel da morte de Deus».

Ao que parece, Deus hoje não atrai nem preocupa. Não suscita inquietação nem alegria. Simplesmente, deixa indiferentes as pessoas. A vida humana pode transcorrer tranquilamente, sem que ninguém sinta falta dele! Porém, é verdade que o homem não necessita de Deus?

Desde o século dezoito, foi-se difundindo a ideia de que a ciência e a técnica iriam livrar o homem de tudo aquilo que a religião não o tinha conseguido libertar: a fome, as guerras, a pobreza ou a tirania. A fé em Deus parecia condenada a desaparecer como algo próprio de uma fase de ignorância e obscurantismo da história da humanidade.

Hoje, quando já ultrapassamos o ano dois mil, um fato parece inquestionável: os grandes problemas, longe de desaparecer, cresceram ameaçadoramente. A culpa não é da ciência nem da técnica, que tornaram possíveis êxitos admiráveis. O que está mal é o homem que utiliza esse poder científico e tecnológico. E o certo é que nem a ciência nem a técnica tornam o homem nem mais sábio nem melhor.

Chegou o momento de fazer-se uma pergunta simples, mas radical: O que pode tornar mais humanos os homens e as mulheres de hoje? O que pode dar sentido, orientação ética e esperança a seus esforços?

Certamente, Deus não é necessário para fundamentar a ciência nem para desenvolver a técnica. Deus não é a resposta a nossas perguntas científicas nem a solução mágica para nossos problemas.

Porém, Deus, crido e acolhido como Criador e Pai, pode ser o melhor estímulo para viver com sentido, o melhor impulso para atuar de maneira responsável, o horizonte mais válido para viver com esperança.

Porém, não podemos ser ingênuos. Vinte séculos de cristianismo põem diante de nossos olhos um fato que não podemos esconder. Tampouco, a religião faz automaticamente os cristãos mais humanos que as demais pessoas. Somente um Deus acolhido de forma responsável no fundo do coração pode transformar o ser humano. Por isso, os cristãos celebram o Advento.

Traduzido do espanhol por Telmo José Amaral de Figueiredo.

Fonte: Sopelako San Pedro Apostol Parrokia – Sopelana – Bizkaia (Espanha) – J. A. Pagola – Ciclo B (Homilías) – Internet: clique aqui.

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