«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

Livro-entrevista com Papa Francisco

“Há bispos e padres que usam batina,
mas vivem uma grande hipocrisia”

Andrés Beltramo Álvarez
Vatican Insider
01-12-2018

Antecipação do mais recente livro-entrevista do Papa Francisco
intitulado “A força da vocação”,
que estará à venda em todo o mundo em 3 de dezembro


O traje não determina o mundanismo de um clérigo. Pode haver bispos ou padres sempre bem vestidos, com batinas e outros acessórios, mas que vivem “uma grande hipocrisia”. Outros se vestem de maneira simples, mas manifestam um enorme amor a Deus. Esta é uma distinção que o Papa Francisco faz em seu mais recente livro-entrevista intitulado A força da vocação. A vida consagrada hoje, um diálogo com o padre claretiano espanhol Fernando Prado dedicado à vida religiosa. O livro estará à venda em todo o mundo e em vários idiomas a partir deste dia 03 de dezembro [em português, foi publicado por Edições Paulinas de Portugal].

As duas maiores tentações do clero

Publicado pela Editora Claretiana, a casa que costumava publicar os livros de Jorge Mario Bergoglio na época em que era cardeal arcebispo de Buenos Aires, um dos capítulos foi dedicado ao mundanismo e ao clericalismo, dois aspectos de preocupação diária do Bispo de Roma. Em uma antecipação do conteúdo para o Vatican Insider, Francisco responde dizendo que esses fenômenos são riscos reais para a vida consagrada.

O Papa os qualificou como as duas grandes tentações da Igreja católica. Tentações, prosseguiu, que levam a Igreja a fechar-se em si mesma, a se voltar para dentro, convertendo-a em uma Igreja autorreferencial que se torna incapaz de ser fecunda. E esta tentação também se encontra na vida consagrada.

“O mundano gruda em você. É preciso ter uma grande ascese, nascida do amor e da contemplação de Jesus, para não sucumbir. Há religiosos que, no fundo, não sabem se são consagrados ou leigos. Não me refiro aos sinais externos, ao vestir. Isso é relativo. Pode ser e pode não ser. Há padres, e também bispos, que usam batina e, apesar disso, vivem numa grande hipocrisia, porque, no fundo, têm um coração mundano. Outros clérigos usam roupas simples, inclusive andam sem vestimentas clericais, e têm um grande amor a Jesus. Tudo depende. Eu acredito que o sinal, sem dúvida, faz bem, mas eu não me apego a ele. É preciso ver cada caso. Pode-se usar um hábito ou uma roupa clerical e ser mundano”, explicou.

Para ilustrar este ponto, contou a história de um bispo que foi comprar uma camisa na Euroclero, uma loja exclusiva de roupas clericais localizada em Roma, bem na frente da Praça São Pedro, passagem quase obrigatória para muitos clérigos que vão à Santa Sé. Aí, continuou o Papa, o bispo encontrou um jovem sacerdote de não mais de 25 anos.


Um jovem sacerdote provando roupas

“Ele estava de olho em algumas coisas e na loja iam mostrando. Ele as provava. Ele provava uma camisa clerical com dois medalhões de prata, e se olhava no espelho, para ver como ficava... um rapaz jovem. O bispo o olhava e não podia acreditar no que estava vendo. Depois provou um chapéu tipo saturno e o bispo não conseguia acreditar. Pois bem. Aquele rapaz, com todas aquelas roupas clericais, era mais mundano do que qualquer outro sacerdote que ama Jesus, mesmo se usa uma camisa simples”, considerou.

“Há alguns dias me revelaram que eu tinha sido criticado por dizer a um grupo de sacerdotes jovens que trabalham na formação na Companhia de Jesus, que antigamente, quando os jesuítas iam ver o Papa, ou o Superior Geral, iam com batina e que hoje, graças a Deus, já não era mais assim. Penso que é suficiente que venham vestidos adequadamente, dignamente. Basta um simples clergyman para se encontrar com o Papa. Alguns que defendem muito esses costumes, até nisso são mundanos. O clericalismo também se expressa algumas vezes nessas formas de mundanismo”, acrescentou.

Mais adiante argumentou que o mundanismo é uma questão de critérios: de ação, de vida, de contemplação, o “ser mais do mundo do que do Senhor”. No fundo, continuou Francisco, é avaliar as coisas a partir de critérios mundanos, embora se apresentem com um aspecto de bem.

Cristo: cuidado com o mundo!

E apontou: “Mas... Cuidado! Jesus pediu claramente para que tomássemos cuidado com o mundo. (Henri) De Lubac fala desse mundanismo espiritual como uma atitude radicalmente antropocêntrica. Apresenta-se como desprendimento do outro mundanismo, mas, na verdade, em vez de buscar a glória do Senhor, busca a glória humana. Recorda a oração de Jesus na Última Ceia: ‘não te peço para tirá-los do mundo, mas para guardá-los do espírito do mundo...’. Ter os critérios do mundo em vez dos critérios de Jesus é o contrário do que significa a consagração religiosa”.

Traduzido do espanhol por André Langer. Acesse a versão original deste artigo, clicando aqui.

Fonte: Instituto Humanitas Unisinos – Notícias – Segunda-feira, 3 de dezembro de 2018 – Internet: clique aqui.

“O ministério ou a vida consagrada não
é o lugar dos homossexuais”

Religión Digital
30-11-2018

Um livro claro e corajoso, no qual Francisco não foge de nenhuma pergunta. Nem sequer da polêmica questão da homossexualidade na Igreja
 
PE. FERNANDO PRADO
Diante dele, capas do livro em várias línguas
No dia 3 de dezembro, estará à venda o livro La fuerza de la vocación (Publicações Claretianas - edição em português: A força da vocação, Edições Paulinas, Portugal). Trata-se de uma entrevista do claretiano Fernando Prado com o Papa Francisco sobre o passado, o presente e o futuro da vida consagrada. Um livro claro e corajoso, no qual Francisco não foge de nenhuma pergunta.

Eis uma pequena parte da entrevista.

Há limites que não devem ser tolerados na formação?

Papa Francisco: Evidente. Quando há candidatos com neuroses e desequilíbrios fortes, difíceis de poder represar, mesmo com a ajuda terapêutica, não se deve aceitá-los no sacerdócio, nem na vida consagrada. É preciso ajudá-los para que se encaminhem por outro lugar, não se deve abandoná-los. É necessário orientá-los, mas não devemos admiti-los. Sempre tenhamos presente que são pessoas que viverão a serviço da Igreja, da comunidade cristã, do povo de Deus. Não esqueçamos esse horizonte. Precisamos cuidar para que sejam psicológica e afetivamente sadios.

Não é um segredo que na vida consagrada e no clero também existem pessoas com tendências homossexuais. O que dizer disto?

Papa Francisco: É algo que me preocupa, porque talvez em algum momento não se focou bem. Na linha do que estamos falando, eu diria a você que precisamos cuidar muito na formação da maturidade humana e afetiva. Precisamos discernir com seriedade e escutar a voz da experiência que a Igreja também possui. Quando não se cuida do discernimento em tudo isto, os problemas crescem. Como dizia antes, acontece que no momento talvez não dão a cara, mas depois aparecem.

A questão da homossexualidade é uma questão muito séria que é necessário discernir adequadamente desde o começo com os candidatos, se for o caso. Precisamos ser exigentes. Em nossas sociedades, parece inclusive que a homossexualidade está na moda e essa mentalidade, de alguma maneira, também influencia na vida da Igreja.

Tive, aqui, um bispo um tanto escandalizado, que me contou que havia ficado sabendo que em sua diocese, uma diocese muito grande, havia vários sacerdotes homossexuais e que precisou enfrentar tudo isto, intervindo, antes de mais nada, na formação, para formar outro clero distinto. É uma realidade que não podemos negar. Na vida consagrada também não faltam casos. Um religioso me contava que, em visita canônica a uma das províncias de sua congregação, ficou surpreso. Ele via que havia bons garotos estudantes e que inclusive alguns religiosos já professos eram gays.

Ele mesmo duvidava da questão e me perguntou se nisso havia algo de ruim. “Em definitivo – dizia ele – não é tão grave; é somente expressão de um afeto”. Isto é um erro. Não é só expressão de um afeto. Na vida consagrada e na vida sacerdotal, tais tipos de afetos não cabem. Por isso, a Igreja recomenda que as pessoas com essa tendência arraigada não sejam aceitas ao ministério, nem à vida consagrada. O ministério ou a vida consagrada não é seu lugar. Aos padres, religiosos e religiosas homossexuais, é necessário exortá-los a viver integralmente o celibato e, sobretudo, que sejam primorosamente responsáveis, procurando jamais escandalizar suas comunidades, nem o santo povo fiel de Deus, vivendo uma vida dupla. É melhor que deixem o ministério ou sua vida consagrada, antes que viver uma vida dupla.

Traduzido do espanhol pelo Cepat.

Fonte: Instituto Humanitas Unisinos – Notícias – Sábado, 1 de dezembro de 2018 – Internet: clique aqui.

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