«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

terça-feira, 4 de outubro de 2022

Aprendamos com a ciência...

 Evolução não é progresso, e progresso não é melhora

 Suzana Herculano-Houzel

Bióloga e neurocientista da Universidade Vanderbilt, nos Estados Unidos da América

SUZANA HERCULANO-HOUZEL
 

A humanidade moderna deixa isso bem claro

Esta é uma semana feliz para quem estuda evolução e aprecia o poder dos estudos comparados, que analisam várias formas de vida lado a lado para entender o que é regra fundamental, o que é variação possível, o que funciona ou não funciona: o geneticista sueco Svante Pääbo, diretor do departamento de genética do Instituto Max-Planck para Antropologia Evolutiva em Leipzig, Alemanha, teve reconhecido com o Prêmio Nobel seu trabalho comparando genomas de humanos modernos e neandertais

Pääbo teimou em sequenciar o DNA de ossos fossilizados de várias formas humanas, e o resto da história é consequência da sua determinação. Minha descoberta favorita dentre suas várias contribuições para nossa compreensão das origens humanas é a demonstração de combinação genética entre humanos modernos e neandertais, evidência de que, por definição, éramos apenas variações da mesma espécie

SVANTE PÄÄBO, 67 anos, ganhador do Prêmio Nobel de Fisiologia ou Medicina de 2022: desvendou os genomas de hominídeos extintos. Foto: Lisi Niesner/Reuters.

Pääbo continua usando a terminologia convencional que nos faz compartilhar apenas o mesmo gênero, Homo, mas isso é detalhe; há batalhas desnecessárias quando há um objetivo maior. Com mais tecnologia acumulada na forma de cultura, a variedade sapiens da espécie humana invadiu a Europa e dizimou a variedade neandertal residente; cerca de 60 mil anos mais tarde, a variedade europeia de sapiens invadiu as Américas e dizimou as variedades indígenas residentes. Ambas as invasões em massa deixaram evidências no genoma das populações restantes. 

Se uma era mais evoluída do que a outra? Claro que não. Neandertais e sapiens, europeus e povos indígenas americanos coexistiram no planeta enquanto a geografia os manteve separados, cada um vivendo perfeitamente bem em seu canto. Por uma soma de contingências, o progresso tecnológico de cada um seguiu caminhos diferentes; mas quando as barreiras caem, quem tem mais tecnologia —mais recursos para resolver problemas aqui e criar novos ali, e falar mais alto, e arrebanhar mais seguidores e ainda mais recursos— por definição sai ganhando em caso de confronto, como continua acontecendo o tempo todo no mundo moderno. 

O que também não quer dizer que vence o melhor. “Melhor” depende de referência: melhor para quem? A maioria que colocou o vitorioso no pódio? Isso é lógica circular, tal como “sobrevivência dos mais aptos”, quando “apto” é por definição quem sobreviveu. Melhor por qual critério? Concordância com os valores da vez? Ora, isso muda o tempo todo, e ainda bem. 

Eu adoraria que vingassem os comportamentos inteligentes:

* aqueles que mantêm portas abertas e possibilidades futuras.

* Aqueles que mantêm a Amazônia viva e cheia de diversidade que a gente mal imagina.

* Aqueles que mantêm todos, e não apenas os ricos, saudáveis, instruídos e capazes de fazer seu próprio futuro.

* Aqueles que mantêm indivíduos pensantes, usuários plenos das capacidades de seu córtex pré-frontal de vislumbrar um futuro que se deseja e agir em prol dele, e não meros guardiões do que um dia funcionou, não porque era melhor ou mais “progredido”, mas apenas porque era tudo o que se sabia então. 

Fonte: Folha de S. Paulo – Colunas e Blogs – Terça-feira, 4 de outubro de 2022 – Pág. B10 – Internet: clique aqui (Acesso em: 04/10/2022 – às 15h20).

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