«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

quarta-feira, 19 de outubro de 2022

Da Verdade

 Reflexões de um cardeal brasileiro

 Leonardo Steiner

Cardeal-arcebispo de Manaus (AM) 

Dom Leonardo Ulrich Steiner - cardeal e arcebispo de Manaus (AM)

Na fé não existem inimigos. Encontram-se os diferentes que formam a fraternidade, a comunidade

 «Quem mente a si mesmo e escuta as próprias mentiras, chega ao ponto de já não poder distinguir a verdade dentro de si mesmo nem ao seu redor, e assim começa a deixar de ter estima de si mesmo e dos outros. Depois, dado que já não tem estima de ninguém, cessa também de amar, e então na falta de amor, para se sentir ocupado e distrair, abandona-se às paixões e aos prazeres triviais e, por culpa dos seus vícios, torna-se como uma besta; e tudo isso deriva do mentir contínuo aos outros e a si mesmo» (Fiódor Dostoevskij, Os irmãos Karamazov).

O viver humano que conduz à integridade e à convivência social saudável, fraterna, nasce do amor e da verdade. O amor como fonte das relações, a razão das relações, a força das relações.

O amor que ilumina a verdade, não se expressa pela violência, pela agressão, pela desinformação, pelas notícias falsas.

A verdade dá sentido ao viver humano, sentido de existir. A verdade que está acima da “minha verdade”, da “minha ideologia”

Deixar-se guiar pela verdade em meio às acusações, ilações, inverdades, notícias falsas virou uma arte. Uma arte que eleva o ser humano, pois exercício de permanecer fiel ao que é digno de justiça e de fraternidade. É justamente nesse entremeio que se manifesta o que existe de digno, de nobre, de urbano, de fraternidade, de sensatez em cada pessoa. A mentira é degradação e desperta o que existe pior no ser humano

Em meio às inverdades, no tempo de eleição, têm-se usado a religião para agredir, caluniar, angariar voto.

A religião usada para desinformar, acusar. É lamentável e condenável o uso da religião para fins eleitorais. Usar a religião como meio de ameaça a fim de angariar voto tem cheiro de imoralidade

As notícias falsas e o uso da religião têm deteriorado as relações na sociedade, nas comunidades, nas famílias. A inverdade separa, fragiliza as relações, pois cresce o distanciamento que se torna quase insuperável. 

Temos obrigação como cidadãos, independente da vocação e do ministério, participar das discussões, das proposições, ao avaliar o voto.

É lamentável que nas nossas comunidades católicas tenhamos lideranças, diáconos permanentes que tem postado notícias falsas levando a inverdades.

Usar a religião, a posição de liderança, de ministério para enviar notícias falsas vai contra os ensinamentos de Jesus, diminui a autoridade e o ministério, o serviço. 

Jesus, o Evangelho, não ensina a divisão, a violência, o uso de palavras e de notícias que não estejam baseada na verdade dos fatos. Participantes de procissões, tem demonstrado que o caminha juntos na fé, cuida das diferenças nas opções de voto, sem agressão, sem mentira. A religião, quando expressão da fé, a realidade mais profunda do Mistério, é capaz de manter a lucidez, iluminar as opções. É que a religião como expressão do Mistério, não é ideologia, não é sectarismo, fundamentalismo religioso. Ela, quando expressão da fé, deixar ser na diversidade, na diferença, sem violência e agressão.

Na fé não existem inimigos. Encontram-se os diferentes que formam a fraternidade, a comunidade.

Fonte: Arquidiocese de Manaus – Artigo: D. Leonardo, Notícias – Segunda-feira, 17 de outubro de 2022  – Internet: clique aqui (Acesso em: 19/10/2022).

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