«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

segunda-feira, 3 de outubro de 2022

É hora de repensar tudo!

 Avanço de Bolsonaro encerra história da direita moderada no Brasil

 Mathias Alencastro

Pesquisador do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento, ensina relações internacionais na UFABC 

Votação no dia de ontem, 2 de outubro de 2022 - Espírito Santo

País deve se preparar para uma política conflagrada, instável e imprevisível

Três consequências imediatas podem ser retiradas da resiliência, e talvez até do avanço, da direita bolsonarista no Congresso. No que pode ser um paradoxo, ela praticamente erradica o risco imediato de ruptura autoritária

As vitórias das principais lideranças ideológicas do movimento garantem um espaço político privilegiado para Bolsonaro e seus aliados. Nesse contexto, o incentivo para uma aventura fora do jogo institucional se extingue sozinho. 

Em seguida, o avanço bolsonarista encerra a história da direita moderada no Brasil. Predominava a impressão de que a direita, outrora unificada na grande tenda do PSDB, havia se dividido entre três direitas. A social, que aderiu à base petista via Alckmin, a liberal, que tentou se viabilizar eleitoralmente com João Doria e depois Simone Tebet, e por fim a bolsonarista

A ilusão de que o poder eleitoral das três direitas seria redistribuído nesta eleição foi estilhaçada logo nos primeiros minutos de contagem dos votos. A derrota abismal de Rodrigo Garcia em São Paulo confirma o desaparecimento sociológico de uma categoria política, o eleitor de direta moderada

Esse fenômeno tem sido observado em quase todas as democracias ocidentais, mas ele se manifesta no Brasil na sua forma mais extremada. À imagem de Trump, Bolsonaro estabeleceu uma hegemonia ideológica sob toda a direita, a despeito da fragilidade da sua base partidária. 

Por último, o resultado do primeiro turno cria uma situação de altíssima ingovernabilidade devido ao diálogo quase impossível entre um eventual governo Lula e uma parte significativa do Congresso. 

Esse impasse ameaça agendas cruciais para a recuperação do Brasil e para a própria condição humana, começando pela ciência e o meio ambiente. 

A partir de hoje, o Brasil deve se preparar para uma arena política conflagrada, instável e imprevisível, à imagem da francesa depois da reeleição de Emmanuel Macron ou da norte-americana após a eleição conturbada de Joe Biden. 

Apesar de Lula ter chegado perto da vitória no primeiro turno, o segundo turno deve ser apreendido como uma disputa aberta e competitiva entre Lula e Bolsonaro. O discurso de frente ampla ganha uma importância existencial, e todos os esforços devem ser feitos na direção da formação de uma coalizão democrática o mais ambiciosa possível. 

Pesa nas lideranças históricas de centro e centro-direita a responsabilidade de garantir a transferência de votos do que resta de eleitores avessos ao bolsonarismo para a candidatura de Lula.

O risco é real de uma vitória de Jair Bolsonaro no segundo turno e de uma captura definitiva das instituições por atores sem compromisso com a democracia.

Para todos os observadores da política nacional, a capacidade demonstrada pela direita bolsonarista de mobilizar o eleitorado por baixo do radar das sondagens, dos canais de televisão, da imprensa e da sociedade civil nos obriga a repensar em profundidade a forma como a democracia é praticada no Brasil

Fonte: Folha de S. Paulo – Eleições 2022/Colunas e Blogs – Domingo, 02 de outubro de 2022 – 22h25 (Horário de Brasília – DF) – Internet: clique aqui (Acesso em: 03/10/2022 – às 09h45).

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.