É a indústria... [Alerta!!!]

ANTONIO DELFIM NETTO
Em relação à política industrial ("Brasil Maior"), acreditamos que é razoável exigir cuidado sobre como executá-la num ambiente globalizado em que os produtos devem ser "mundiais" e cada país tenta criar uma plataforma de exportação. O que não é razoável é condenar, "a priori", qualquer política industrial apoiada na "teoria do equilíbrio geral", da qual não se pode extrair conclusões normativas.


Há um estado de guerra econômica entre três parceiros importantes, os EUA, a eurolândia e a China. Cada um deles usa como arma políticas industriais explícitas ou veladas, apoiadas na manipulação de suas taxas de câmbio.


Os EUA e a eurolândia utilizam suas políticas monetárias, e a China surfa uma espécie de "dollar standard", arbitrando a fixação de sua taxa à americana. Isso acabará num massacre do setor industrial dos países emergentes pela consequente tendência à valorização das suas moedas.


Quem ainda tem dúvida sobre o estado de guerra não deve deixar de ler o capítulo referente à política industrial dos EUA, contido no "State of the Union Address" [foto acima], que, todos os anos, o presidente americano apresenta ao Congresso no fim de janeiro.


"Pense-nos diz ele nas preliminares - na América que está ao nosso alcance. Um país que lidera o mundo na educação do seu povo. Uma América que atrai uma nova geração de indústrias de alta tecnologia e empregos bem remunerados. Num futuro no qual nós estaremos no controle de nossa própria energia, de nossa segurança, de nossa prosperidade e (sic) relativamente independentes das instabilidades do mundo. Uma economia construída para ficar, onde o trabalho duro vale o sacrifício e a responsabilidade é recompensada."


E continua: "Essa nova América começa com o setor industrial... Apostamos nos trabalhadores americanos. Apostamos na sua engenhosidade. Nesta noite, nossa indústria automobilística está de volta. Podemos trazer de volta também os empregos que foram exportados (para a China)".


A seguir explica como vai fazê-lo: 
1º) modificar o sistema tributário que estimula a fuga industrial; 
2º) aumentar os impostos das multinacionais que produzem no exterior; 
3º) reduzir a tributação do setor de alta tecnologia; 
4º) investigar as práticas comerciais de países como a China e 
5º) reafirmar o projeto, que vai muito bem, de dobrar as exportações nos próximos cinco anos.


A mensagem é simples: 


"É tempo de pararmos de beneficiar quem produz no exterior e exporta emprego e de estimular os que criam emprego aqui na América". 


Não importa a avaliação dos economistas sobre esse programa. O que interessa é o que Obama vai fazer com ele...


Fonte: Folha de S. Paulo - Opinião - Quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012 - Pg. A2 - Internet: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/24604-e-a-industria.shtml

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