«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Pedir esmolas à China

VINICIUS TORRES FREIRE

Sem saber o que fazer da armadilha de custos altos, governo brasileiro "pede" que China nos venda menos

O GOVERNO "está preocupado" com a torrente de importações da China, que aniquila algumas indústrias brasileiras. O governo do Brasil então pede que o governo da China restrinja "voluntariamente" suas exportações de roupas, tecidos, calçados e eletroeletrônicos.


Não se entende bem o que sejam "eletroeletrônicos" (inclui componentes?). Mas o grosso das importações brasileiras da China não é tecido e sapato. É de componentes eletrônicos, insumos industriais variados (de metais a químicos), máquinas e motores e suas peças.


Isto posto, as importações chinesas de têxteis e calçados de fato estão ajudando a arrasar tais setores. Mas ajudam, apenas.


Primeiro, os próprios chineses começam a "terceirizar" para vizinhos pobres a produção desses itens. Depois da China, virão os salários e os preços baixos de Bangladesh, Indonésia, Vietnã etc. O problema não é bem a China, mas a redivisão internacional do trabalho acelerada.


Segundo, muito produto de China e vizinhança, quando não é apenas contrabando, é dumping (subfaturado) ou exportado com o apoio de alguma maracutaia comercial, como "triangular" a venda (maquiar produtos em países que não estão sujeitos a restrições impostas pelo Brasil). O governo quer que o governo chinês baixe a repressão sobre seus mercadores malandros? Uhm.


Terceiro, nem mesmo o ditatorial governo chinês tem controle sobre as milhares de fábricas e entrepostos de exportação. Se tivesse, neste mundo em crise, vão arrumar problemas sociais por causa do Brasil?


Quarto, algumas indústrias brasileiras estão moribundas pelos motivos sabidos, "estruturais".


Os salários brasileiros são altos (em relação ao complexo asiático). São altos e crescentes em reais. São altos e crescentes ainda mais em dólares. O câmbio chinês é manipulado (nós não temos cacife para manipular o nosso a contento). Nossa infraestrutura é cara e ruim. Há impostos. Juros demais. Engenheiros e técnicos de menos. Etc.


Esses problemas, e tantos outros, afetam a indústria brasileira quase toda. Muitos setores afetados são menos visíveis porque estão no meio da cadeia de produções de bens finais (produzem insumos).


Alguns outros setores não reclamam porque podem ir à breca e perder mercado caso não tenham acesso a máquinas, componentes, peças e outros insumos chineses baratos.


Por falar nisso, um dos motivos de nos anos recentes termos inflação baixa em bens duráveis (eletrônicos, por exemplo) é a importação de máquinas e componentes chineses. Não se trata de comemoração, mas apenas de um fato.


Se isso é bom ou não, se é preciso ter "política industrial" ou não, se é preciso preservar tais ou quais indústrias, trata-se de outra história. Mas o que o governo está fazendo é apenas mais desconversa.


A questão é: tal como funciona hoje, o grosso da indústria de têxteis e calçados terá como concorrer com as sucessivas ondas de concorrência de países asiáticos pobres? A que custo? No que diz respeito a indústrias menos avariadas, o que pode ser feito além de subsídio e proteção tarifária? Enfim, a questão principal é: quando vamos começar a lidar com problemas macroeconômicos, regulatórios e de infraestrutura que arruínam o preço dos produtos nacionais?


Fonte: Folha de S. Paulo - Mercado - Quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012 - Internet: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mercado/25997-pedir-esmolas-a-china.shtml

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