«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Eis quem escolhe o próximo papa

Marco Politi
Il Fatto Quotidiano
19.02.2012
Curial, italiana, branca. A imagem de Igreja refletida pelos 22 novos cardeais, aos quais Bento XVI impôs nesse sábado, 18 de fevereiro, o barrete vermelho durante uma cerimônia solene em São Pedro, é totalmente ocidental, a ponto de ser embaraçosa.


Não é uma questão das pessoas individuais. Tirando os quatro cardeais com mais de 80 anos honoris causa – dentre os quais o insigne estudioso de antropologia religiosa, o belga Julien Ries –, o mapa dos outros 18 purpurados destinados a entrar no futuro conclave é totalmente desequilibrado em favor da Igreja de antigamente: eurocêntrica, com as suas ramificações nas Américas.


Dos 18 novos cardeais, oito são membros da Cúria, sete são italianos, 16 são euroamericanos. Só um é chinês, o bispo de Hong Kong, John Tong Hon, e o outro é indiano: o arcebispo-maior dos católicos siro-malabareses, George Alencherry. É difícil dizer se a configuração é fruto de uma escolha de Bento XVI ou de pressões do secretário de Estado, Bertone. No fim, pouco importa. O resultado é um colégio de eleitores do futuro pontífice em que os italianos têm 30 expoentes, um quarto do total – representam quase 300 milhões de católicos – e a Europa de novo tem solidamente a maioria: 67 dos 120. Quando, ao contrário, o fulcro do catolicismo já está na América do Sul e na África.


Sete anos depois do seu advento ao trono papal, Bento XVI constrói, portanto, um Colégio Cardinalício decisivamente em tendência contrária ao universalismo da Igreja Católica. Quando se tratar de escolher o sucessor, os homens da Cúria e os italianos serão a força determinante. Curiais e ex-curiais serão nada menos do que 44 no futuro conclave.


É o sinal de uma involução geral, que parece caracterizar o atual pontificado. O fato não só provocou espanto e desânimo entre aqueles que temem uma fossilização da instituição eclesial, mas também naquele catolicismo popular moderado que admira a espiritualidade Ratzinger.


Existe na Itália um blog influente de admiradores e defensores radicais de Bento XVI, que denuncia cotidianamente as chamadas agressões à Igreja e ao papa. Chama-se O blog dos amigos do papa Ratzinger. Eis como a sua animadora "Raffaella" comentou a lista dos neopurpurados: 
"Muitos italianos e sobretudo muitos curiais! Estou muito decepcionada por não ver púrpuras atribuídas à América Latina e sobretudo à África, o continente em que a fé é viva. Por que não conceder o cardinalato a arcebispos merecedores e pular algumas rodadas na Cúria? (...) Não gostaria que se passasse a mensagem de que, para se tornar cardeal, é preciso passar pela Cúria, porque seria um retrocesso".


Há um fio que liga os monsenhores, que para protestar contra a má gestão enviam documentos confidenciais ao exterior, e o fortíssimo desconforto que anima os católicos das paróquias. Há um fio que liga os gritos de alerta, encerrados em livros em que se fala de "mal de Igreja" ou do fato de que "falta o ar". É o mal-estar diante de uma direção de marcha que não funciona.


Os cardeais que foram a Roma de todo o mundo para uma reunião extraordinária sobre a "nova evangelização", que ocorreu na sexta-feira, sabem que a presença internacional da Santa Sé perdeu peso dramaticamente. A tal ponto que algumas embaixadas de países não católicos (sem nenhuma intenção polêmica) refletem sobre a utilidade de conservar uma residência junto ao Vaticano.


Os cardeais sabem que o diálogo ecumênico e inter-religioso está estagnado e que a atenção da mídia internacional pelo papa e pelo Vaticano se arruinou. Fala-se de "nova evangelização", mas não se enfrentam os problemas estruturais, como o crescimento sistemático das paróquias sem padres. Subterraneamente, também está se verificando uma sangria do compromisso das mulheres católicas nas ordens religiosas. Entre 2004 e 2009, houve uma queda de nada menos do que 40 mil unidades nas congregações religiosas femininas.


Tudo isso não é abordado. Antes da sua eleição, Joseph Ratzinger havia delineado uma Igreja não governada "de modo monárquico". A promessa foi traída.


O Colégio Cardinalício não foi reunido para participar realmente das decisões estratégicas do pontificado. O efeito é uma grande estagnação. Velada por debates muito gerais. Na reunião cardinalícia de sexta-feira, o neocardeal Timothy Dolan, de Nova York, recebeu aplausos exortando os cardeais a se mostrarem "seguros, sim, triunfalistas, nunca", e propondo "evangelizar com um sorriso". Vinte e sete cardeais discursaram. Falou-se um pouco de tudo: da China à pobreza da Índia, da América Latina à secularização na Europa.


Tradução de Moisés Sbardelotto.


Fonte: Instituto Humanitas Unisinos - Notícias - 20 de fevereiro de 2012 - Internet: http://www.ihu.unisinos.br/noticias/506717-eis-quem-escolhe-o-proximo-papa

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