Introspecção - um poema
Nos tempos atuais, é bom encontrarmos pessoas inspiradas
que nos fazem refletir, mais profundamente, na vida que temos e nas opções que fazemos!
Desfrute o "sabor" deste lindo poema
Loreni Fernandes Gutierrez
Protagonista de um mundo urbanizado e imprevisível
debruço sobre minha introspecção em dias de incertezas
e do medo de ter que deixar de sonhar e de acreditar que o bem existe.
Duvidar dos olhos que me veem, mãos que me tocam e lábios que me riem.
Medo de acordar e não encontrar à minha espera a manhã idealizada
transformada em alguma coisa infértil e desamorada.
Vejo que os abraços se escasseiam, na solidão crescente de nossa
existência - desafetos camuflados em pequenas desculpas.
Quase não temos tempo para abraçar os pais e mais demoradamente
os filhos, como se os resgatássemos em nossos seios.
Quando só, os abraços que em mim se acumulam
dou-os carinhosamente em minha “poodle toy”, chamada “Mag”,
que me abana a pequena cauda num chamego frequente,
sempre colada em mim feito uma sombra e me buscando
a todo instante com seus olhos espertos, como se fosse gente.
A cada dia menos crianças subindo em árvores,
pulando amarelinhas, jogando peladas.
Cada vez mais cercas nos muros e casas fechadas.
Ao invés dos galos, nas manhãs, buzinas e freadas.
Cada vez menos contos sobre fadas e violinistas verdes
que acordam, com suas músicas, as árvores encantadas.
Não vemos mais estrelas e nem luas românticas e solitárias
ofuscadas pelos holofotes das cidades que se agigantam,
atrapalhando a passagem dos mensageiros dos ventos.
Quase não há mais abelhas, nem favos de mel, nem borboletas
adejando sobre os poucos jardins que ainda existem.
Ainda bem que árvores frondosas e persistentes sombreiam,
enfileiradas, partes das ruas acinzentadas e quentes!
E nelas se urbanizam as pombas, andorinhas e pardais
e pássaros sazonais - porque lhes tiraram as matas.
Nos tempos atuais, em que a cada dia mais nos etiquetamos
e vemos com naturalidade se instalar a corrupção e a indiferença.
Num tempo onde os lobos se tornaram mais célebres que os cordeiros
e que a cada dia ouvimos menos a palavra honra.
Tenho medo de que esqueçamos quem somos, perdendo-nos pelos
caminhos sinuosos - desse novo esquema pegajoso e corrosivo da desonra.
Loreni Fernandes Gutierrez (foto no alto), é formada em Letras pela UNESP de São José do Rio Preto (SP) e Agente Fiscal de Rendas aposentada pela Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo.
Loreni, seu poema esta fabuloso. Parabéns pela sua sensibilidade.
ResponderExcluirQue poema lindo, ele está esplendoroso.
ResponderExcluirParabéns a essa escritora maravilhosa Loreni Fernandes Gutierrez