«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

quinta-feira, 29 de março de 2012

FIDEL E O PAPA

Dom Luiz Demétrio Valentini
Bispo Diocesano de Jales - SP

Fidel Castro e o Papa Bento XVI em visita a Cuba
Bento 16 acaba de visitar o México e Cuba. Ele já tinha visitado o Brasil em 2007. E já tem outra viagem marcada para o nosso país, no ano que vem. 
Não era conveniente visitar pela segunda vez o Brasil, sem antes ir ao menos para algum outro país da América Latina. Assim, foi ao México, e aproveitou para visitar também Cuba.


O momento mais pitoresco da visita a Cuba foi, certamente, o encontro de Bento 16 com Fidel Castro. Pelos relatos, a conversa foi uma troca de amabilidades, como convinha para o momento. 
Na verdade, os recados já tinham sido dados, de maneira sutil, na homilia da missa que precedeu o encontro de ambos
O Papa aproveitou as leituras do dia, para ir direto ao assunto. 
Da história dos três jovens na fornalha, no exílio da Babilônia, sob o comando do soberano Nabucodonosor, Bento 16 tirou a lição da prioridade que a fé possui, para formar as consciências e ditar o procedimento das pessoas
os três jovens preferiam morrer queimados pelo fogo que trair a sua consciência e a sua fé”.  


Em poucas palavras, está posto o direito de todos se guiarem sua consciência pelos ditames de sua fé.  


Em seguida, Bento 16 aborda o assunto que lhe é muito caro, ao qual volta com insistência: a estreita ligação entre a verdade e a liberdade, entre a fé e a razão: 
Com efeito, a verdade é um anseio do ser humano, e procurá-la supõe sempre um exercício de liberdade autêntica.” 


O Papa não perde tempo. Aborda em seguida a questão das ideologias, que cegam a inteligência humana, impedindo-a de encarar a verdade de maneira livre e ao mesmo tempo comprometida.
Primeiro estigmatiza o ceticismo e o relativismo, afirmando:
Muitos, todavia, preferem os atalhos e procuram evitar essa tarefa. Alguns, como Pôncio Pilatos, ironizam sobre a possibilidade de conhecer a verdade, proclamando a incapacidade do homem de alcançá-la ou negando que exista uma verdade para todos... como no caso do ceticismo e do relativismo”. 
Missa presidida pelo Papa Bento XVI em Santiago de Cuba - 26 de março de 2012
Em seguida, o Papa questiona o fechamento ideológico, constando que... 
Há outros que interpretam mal esta busca da verdade, levando-os à irracionalidade e ao fanatismo, pelo que se fecham na SUA verdade» e tentam impô-la aos outros. 


Aí o Papa volta ao assunto que lhe é muito caro: O relacionamento entre fé e razão: 
Fé e razão são necessárias e complementares na busca da verdade. Deus criou o homem com uma vocação inata para a verdade e, por isso, dotou-o de razão. Certamente não é a irracionalidade que promove a fé cristã, mas a ânsia da verdade. Todo o ser humano deve perscrutar a verdade e optar por ela quando a encontra, mesmo correndo o risco de enfrentar sacrifícios.” 


Em decorrência destes pressupostos, Bento 16 aborda a questão da ética, que se constitui em plataforma comum em torno de valores fundamentais, em cuja defesa todos podemos nos encontrar. 
A verdade sobre o homem é um pressuposto imprescindível para alcançar a liberdade, porque nela descobrimos os fundamentos duma ética com que todos se podem confrontar... É este patrimônio ético que pode aproximar todas as culturas, povos e religiões, as autoridades e os cidadãos, os cidadãos entre si, os crentes em Cristo com aqueles que não crêem n’Ele”. 


No contexto dos valores éticos, Bento 16 fundamenta o direito que o cristianismo tem, não de impor, mas de propor o chamado de Cristo “para conhecer a verdade que nos torna livres”. 
Poucas vezes um sermão foi tão bem endereçado. Não só para Fidel.  Mas para todos que desejam praticar a liberdade de pensamento, e ao mesmo tempo, assumir o compromisso com a verdade.  Assim poderemos superar o fanatismo que cega, e o descompromisso que aliena.
E quem quiser se aventurar pelo caminho da fé, sempre acompanhado pela razão, poderá encontrar Jesus Cristo, que é a verdade em pessoa e nos impele a partilhar este tesouro com os outros.


Fonte: Diocese de Jales - 29/03/2012 - Internet: http://www.diocesedejales.org.br/portal/content.php?catid=25&notid=1750

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