«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

sábado, 24 de março de 2012

5º Domingo da Quaresma - Ano "B" - Homilia

Evangelho: João 12,20-33

José Antonio Pagola

O atrativo de Jesus

Uns peregrinos gregos que vieram celebrar a Páscoa dos judeus aproximaram-se de Felipe com um pedido: “Queremos ver Jesus”. Não é curiosidade. É um desejo profundo de conhecer o mistério que se encerra naquele Homem de Deus. Também a eles lhes pode fazer bem.


Jesus é  visto preocupado. Dentro de alguns dias será crucificado. Quando lhe comunicam o desejo dos peregrinos gregos, pronuncia umas palavras desconcertantes: “Chega a hora em que será glorificado o Filho do Homem”. Quando for crucificado, todos poderão ver com clareza onde está a sua verdadeira grandeza e a sua glória.


Provavelmente ninguém entendeu nada. Mas Jesus, pensando na forma de morte que o espera, insiste: “Quando eu for elevado da terra, atrairei todos a mim”. Que se esconde no crucificado para que tenha esse poder de atração? Apenas uma coisa: o seu amor incrível a todos.


O amor é  invisível. Só o podemos ver nos gestos, nos sinais e na entrega de quem nos quer bem. Por isso, em Jesus crucificado, na sua vida entregue até à morte, podemos perceber o amor insondável de Deus. Na realidade, só começamos a ser cristãos quando nos sentimos atraídos por Jesus. Só começamos a entender algo da fé quando nos sentimos amados por Deus.


Para explicar a força que se encerra em sua morte na cruz, Jesus utiliza uma imagem simples que todos podemos entender: “Se o grão de trigo não cai na terra e morre, fica infecundo; mas se morre, dá muito fruto”. Se o grão morre, germina e faz brotar a vida; mas se ele se fecha no seu pequeno invólucro e guarda para si a sua energia vital, permanece estéril.


Essa bela imagem revela-nos uma lei que atravessa misteriosamente a vida inteira. Não é uma norma moral. Não é uma lei imposta pela religião. É a dinâmica que torna fecunda a vida de quem sofre movido pelo amor. É uma ideia repetida por Jesus em diversas ocasiões: quem se agarra egoisticamente à sua vida, perde-a; quem sabe entregá-la com generosidade gera mais vida.


Não é  difícil comprová-lo. Quem vive exclusivamente para o seu bem-estar, o seu dinheiro, o seu êxito, a sua segurança, acaba vivendo uma vida medíocre e estéril: a sua passagem por este mundo não torna a vida mais humana. Quem se arrisca a viver uma atitude aberta e generosa difunde a vida, irradia alegria, ajuda a viver. Não há uma forma mais apaixonante de viver que fazer a vida dos outros mais humana e leve. Como poderemos seguir Jesus se não nos sentimos atraídos pelo seu estilo de vida?


PERDER OU GANHAR


Na vida nem tudo é crescer, avançar ou ganhar. Há muitos momentos em que a pessoa pode conhecer a crise psicológica, a enfermidade física ou o obscurecer da luz. Então, algo se quebra em nós. Começamos a experimentar a vida como perda, limite ou diminuição. Não estamos, mais, tão seguros. Não há mais alegria em nosso coração. Não somos os mesmos.


Podemos, então, nos rebelar e viver esse momento como algo totalmente negativo que prejudica e mutila nosso ser. No entanto, podemos vivê-lo de outra maneira, como um desprendimento ou uma perda que nos levará a colocar nossa vida sobre bases mais firmes. Jesus falaria de uma poda necessária para dar mais fruto.


Se soubermos percorrer um itinerário humilde e confiante, "perder" pode nos conduzir a "ganhar". Temos de começar por aceitar nossa situação. Não é bom negar o que está nos acontecendo, nem dissimulá-lo diante de nós mesmos e dos demais. É melhor reconhecer nossa limitação e fragilidade. Esse ser frágil e inseguro, pouco acostumado a sofrer, também sou eu. 


A crise nos obriga a nos interrogarmos sobre nossas raízes: Qual é a verdade última que nos motiva e inspira? Em que se apoia, realmente, a nossa vida? Há uma verdade rotineira que nos mantém no dia a dia, porém há uma verdade mais profunda que, talvez, somente emerja em nós nos momentos de crise e fraqueza.


Aquele que crê vive este processo como uma experiência de salvação. Aí Deus está curando nosso ser. E o melhor sinal de sua presença salvadora é essa alegria interior humilde que, pouco a pouco, pode ir se despertando em nós. Uma alegria que nasce do centro da pessoa quando se abre à luz de Deus.


Talvez, essas experiências nos possam ajudar a entender essa linguagem difícil de Jesus que, contra toda lógica de apropriação e segurança, propõe a desapropriação e a perda como caminho para uma vida mais plena: "Aquele que se ama a si mesmo, se perde, e o que se aborrece neste mundo, se guarda para a vida eterna". Aquele que está disposto a perder tudo por amor, se salva.


Tradução de: Pe. Telmo José Amaral de Figueiredo.


Fonte: MUSICALITURGICA.COM - Homílias de José A. Pagola - 21 de março de 2012 - 10h03 - Internet: http://www.musicaliturgica.com/0000009a2106d5d04.php

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