«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

sexta-feira, 30 de março de 2012

Domingo de Ramos e da Paixão – Ano “B”

Evangelho: Marcos 14,1–15,47

José Antonio Pagola

IDENTIFICADO COM AS VÍTIMAS

Nem o poder de Roma nem as autoridades do Templo puderam suportar a novidade de Jesus. Sua forma de entender e de viver Deus era perigosa. Não defendia o império de Tibério, chamava todos para buscar o Reino de Deus e sua justiça. Não considerava importante quebrar as leis do sábado nem as tradições religiosas; somente lhe preocupava aliviar as dores das pessoas enfermas e desnutridas da Galileia.


Mas isso não foi perdoado. Ele se identificava demais com as vítimas inocentes do império e com os esquecidos pela religião do templo. Executado sem piedade numa cruz, nele Deus revela-se a nós sempre identificado com todas as vítimas inocentes da história. Junto ao grito de todos eles, unem-se agora o grito de dor do próprio Deus.
Nesse rosto desfigurado do Crucificado revela-se a nós um Deus surpreendente, que quebra nossas imagens convencionais de Deus e põe em questão toda prática religiosa que tente dar culto a Deus, esquecendo o drama de um mundo no qual se continua crucificando aos mais frágeis e indefesos.


Se Deus foi morto identificado com as vítimas, sua crucifixão converte-se num desafio inquietante para os seguidores de Jesus. Não podemos separar Deus do sofrimento dos inocentes. Não podemos adorar o Crucificado e viver dando as costas ao sofrimento de tantos seres humanos destruídos pela fome, guerras e miséria.


Deus continua nos interpelando a partir de todos os crucificados do nosso tempo. Não podemos continuar vivendo como expectadores desse sofrimento tão grande, alimentando nossa ingênua ilusão de inocência. Temos que nos rebelar contra essa cultura do esquecimento que permite nos isolarmos dos crucificados, deslocando o sofrimento injusto que há no mundo para uma distância onde desapareça  o clamor, o gemido e o pranto.


Não podemos nos  fechar em nossa “sociedade do bem-estar”, ignorando essa outra sociedade do mal-estar na qual milhares de pessoas nascem somente para extinguir-se aos poucos, durante os anos de uma vida que somente foi morte. Não é humano nem cristão nos instalar na segurança, esquecendo-se dos que somente conhecem uma vida insegura e continuamente ameaçada.


Quando os cristãos dirigem seus olhos para o rosto do Crucificado, eles contemplam o amor insondável de Deus que se entregou até a morte pela nossa salvação. Se o olharmos mais detidamente, logo descobriremos nesse rosto aquele de muitos crucificados que, longe ou perto de nós, estão reclamando nosso amor de solidariedade e compaixão.


Fonte: MUSICALITURGICA.COM - Homilías de José A. Pagola - 27 de março de 2012 - 10h19 - Internet:http://www.musicaliturgica.com/0000009a2106d5d04.php

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.