Bispos: não perder a esperança!

“Apesar de tudo, é preciso vencer a tentação
do desânimo”, afirma CNBB

IHU-Notícias

Bispos católicos emitem nota sobre o momento político e
social atual do país

«É grave tirar a esperança de um povo.
Urge ficar atentos, pois, situações como esta abrem espaço para salvadores da pátria, radicalismos e fundamentalismos que aumentam a crise e o sofrimento,
especialmente dos mais pobres, além de ameaçar a democracia no País.»

É o que afirma a nota da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), divulgada na quinta-feira, dia 26 de outubro, em Brasília, abordando a grave realidade político-social vivida pelo país, que afeta tanto a população quanto as instituições brasileiras.
PRESIDÊNCIA DA CNBB:
Ao centro, Dom Sergio da Rocha (Presidente - Cardeal-Arcebispo de Brasília - DF),
à esquerda, Dom Leonardo Ulrich Steiner (Secretário - bispo-auxiliar de Brasília - DF),
à direita, Dom Murilo Krieger (Vice-presidente - arcebispo de Salvador - BA)

«A apatia, o desencanto e o desinteresse pela política - constata a nota - que vemos crescer dia a dia no meio da população brasileira, inclusive nos movimentos sociais, têm sua raiz mais profunda em práticas políticas que comprometem a busca do bem comum, privilegiando interesses particulares».

Eis a nota.

Aprendei a fazer o bem, buscai o que é correto, defendei o direito do oprimido” (Is 1,17).

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil - CNBB, através de seu Conselho Permanente, reunido em Brasília de 24 a 26 de outubro de 2017, manifesta, mais uma vez, sua apreensão e indignação com a grave realidade político-social vivida pelo País, afetando tanto a população quanto as instituições brasileiras.

Repudiamos a falta de ética, que há décadas, se instalou e continua instalada em instituições públicas, empresas, grupos sociais e na atuação de inúmeros políticos que, traindo a missão para a qual foram eleitos, jogam a atividade política no descrédito. A barganha na liberação de emendas parlamentares pelo Governo é uma afronta aos brasileiros. A retirada de indispensáveis recursos da saúde, da educação, dos programas sociais consolidados, do Sistema Único de Assistência Social (SUAS), do Programa de Cisternas no Nordeste, aprofunda o drama da pobreza de milhões de pessoas. O divórcio entre o mundo político e a sociedade brasileira é grave.

A apatia, o desencanto e o desinteresse pela política, que vemos crescer dia a dia no meio da população brasileira, inclusive nos movimentos sociais, têm sua raiz mais profunda em práticas políticas que comprometem a busca do bem comum, privilegiando interesses particulares. Tais práticas ferem a política e a esperança dos cidadãos que parecem não mais acreditar na força transformadora e renovadora do voto. É grave tirar a esperança de um povo. Urge ficar atentos, pois, situações como esta abrem espaço para salvadores da pátria, radicalismos e fundamentalismos que aumentam a crise e o sofrimento, especialmente dos mais pobres, além de ameaçar a democracia no País.

Apesar de tudo, é preciso vencer a tentação do desânimo. Só uma reação do povo, consciente e organizado, no exercício de sua cidadania, é capaz de purificar a política, banindo de seu meio aqueles que seguem o caminho da corrupção e do desprezo pelo bem comum. Incentivamos a população a ser protagonista das mudanças de que o Brasil precisa, manifestando-se, de forma pacífica, sempre que seus direitos e conquistas forem ameaçados.

Chamados a “esperar contra toda esperança” (Rm 4,18) e certos de que Deus não nos abandona, contamos com a atuação dos políticos que honram seu mandato, buscando o bem comum.

Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil, anime e encoraje seus filhos e filhas no compromisso de construir um País justo, solidário e fraterno.

Brasília, 26 de outubro de 2017

Fonte: Instituto Humanitas Unisinos – Notícias – Sexta-feira, 27 de outubro de 2017 – Internet: clique aqui.

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