26º Domingo do Tempo Comum – Ano A – Homilia

Evangelho: Mateus 21,28-32

Naquele tempo, Jesus disse aos sacerdotes e anciãos do povo:
28 «Que vos parece? Um homem tinha dois filhos. Dirigindo-se ao primeiro, ele disse: “Filho, vai trabalhar hoje na vinha!”.
29 O filho respondeu: “Não quero”. Mas depois mudou de opinião e foi.
30 O pai dirigiu-se ao outro filho e disse a mesma coisa. Este respondeu: “Sim, senhor, eu vou”. Mas não foi.
31 Qual dos dois fez a vontade do pai?». Os sumos sacerdotes e os anciãos do povo responderam: «O primeiro». Então Jesus lhes disse: «Em verdade vos digo, que os publicanos e as prostitutas vos precedem no Reino de Deus.
32 Porque João veio até vós, num caminho de justiça, e vós não acreditastes nele. Ao contrário, os publicanos e as prostitutas creram nele. Vós, porém, mesmo vendo isso, não vos arrependestes para crer nele.»

JOSÉ ANTONIO PAGOLA

O PERIGO DE UMA RELIGIÃO SEM COERÊNCIA

Jesus passa alguns dias em Jerusalém movendo-se à volta do templo. Não encontra pelas ruas o acolhimento amistoso das aldeias da Galileia. Os dirigentes religiosos que se cruzam no seu caminho procuram desautorizá-lo diante das pessoas simples da capital. Não descansarão até enviá-lo para a cruz.

Jesus não perde a paz. Com paciência incansável continua a chamá-los para a conversão. Conta-lhes um episódio simples que lhe ocorre ao vê-los: a conversa de um pai que pede aos seus dois filhos que vão trabalhar a vinha da família.

O primeiro rejeita o pai com uma negativa categórica: «Não quero». Não lhe dá explicação alguma. Simplesmente não lhe apetece. No entanto, mais tarde reflete, dá-se conta que está a rejeitar o seu pai e, arrependido, dirige-se para a vinha.

O segundo atende amavelmente a petição do seu pai: «Vou, senhor». Parece disposto a cumprir os seus desejos, mas rapidamente se esquece do que disse. Não volta a pensar no seu pai. Tudo fica em palavras. Não se dirige para a vinha.

Para o caso de não terem entendido a sua mensagem, Jesus dirigindo-se aos «sumo sacerdotes e aos anciãos da terra», aplica-lhes de forma direta e provocativa a parábola: «Em verdade vos digo, que os publicanos e as prostitutas
vos precedem no Reino de Deus». Quer que reconheçam a sua resistência para entrar no projeto do Pai.

Eles são os “profissionais” da religião: os que disseram um grande “sim” ao Deus do templo, os especialistas do culto, os guardiões da lei. Não sentem necessidade de converter-se. Por isso, quando veio o profeta João a preparar os caminhos a Deus, disseram-lhe “não”; quando chegou Jesus convidando-os a entrar no seu Reino, continuaram a dizer “não”.

Pelo contrário, os publicanos e as prostitutas são os “profissionais do pecado”: os que disseram um grande “não” ao Deus da religião; os que se colocaram fora da lei e do santo culto. No entanto, o seu coração manteve-se aberto à conversão. Quando veio João acreditaram nele; ao chegar Jesus acolheram-no.

A religião nem sempre conduz a fazer a vontade do Pai. Podemo-nos sentir seguros no cumprimento dos nossos deveres religiosos e habituar-nos a pensar que nós não necessitamos de converter-nos nem mudar. São os afastados da religião aqueles que acabarão por fazê-lo. Por isso é tão perigoso substituir a escuta do Evangelho pela piedade religiosa. Diz Jesus: “Nem todos os que me dizem ‘Senhor, Senhor’ entrarão no reino de Deus, mas os que façam a vontade do meu Pai do céu”.

Traduzido do espanhol por Telmo José Amaral de Figueiredo.

Fonte: Sopelako San Pedro Apostol Parrokia – Sopelana – Bizkaia (Espanha) – J. A. Pagola – Ciclo A – Internet: clique aqui.

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