Papa faz uma séria advertência
Quem segue o caminho do clericalismo
busca poder ou dinheiro
Domenico
Agasso Jr.
Vatican
Insider
30-10-2017
«Um
bom pastor tenta se aproximar dos fracos, dos marginalizados.
É
capaz de se comover e compadecer-se, além de ajudar.
Por
outro lado, quem segue o caminho do clericalismo não está próximo de pessoas
reais e quer profundamente, senão apenas, poder ou dinheiro.»
O
Papa Francisco afirmou em sua homilia na missa matutina do dia 30 de outubro de
2017, na capela da Casa Santa Marta.
O
pontífice, de acordo com a Rádio Vaticana, comentou o episódio evangélico da cura de uma mulher que narrou o Evangelho de
Lucas, proposto para ser a liturgia do dia. Francisco explicou que na
sinagoga, em um sábado, Jesus conheceu uma mulher que não conseguia ficar com
sua postura ereta. "Uma enfermidade da coluna vertebral - disse - que
durante anos a deixava assim". Ao mesmo tempo recordou que o evangelista usa cinco verbos para
descrever o que Jesus faz: "Ele a viu,
chamou-a, falou-lhe, pousou as mãos
sobre ela e a curou".
Cinco
verbos de PROXIMIDADE - destacou o Papa - porque "um bom pastor está sempre próximo". Na parábola do Bom
Pastor, ele está perto daquela ovelha perdida, deixando as demais para ir
encontrá-la. Não pode estar longe de seu povo. Em contrapartida o clero, os Doutores da Lei, os fariseus, os saduceus,
os ilustres, viviam separados do povo, censurando-os constantemente. Estes
não eram bons pastores - esclareceu -, pois estavam fechados em seus próprios grupos e não se interessavam pelo
povo. "Talvez fosse importante
para eles, quando terminavam o serviço religioso, ver quanto dinheiro havia nas
oferendas". Mas não estavam próximos das pessoas.
Por
outro lado, Jesus está perto, e sua
proximidade vem do que ele sente em seu coração: "Jesus se comoveu",
tal como se pôde ler em outra passagem do Evangelho.
"Por
isso Jesus sempre esteve lá com as pessoas excluídas por aquele grupinho
clerical: haviam pobres, doentes, pecadores, leprosos, e estavam todos lá,
porque Jesus tinha essa capacidade de se
comover diante da doença, pois era um bom pastor. Um bom pastor se [1ª] aproxima e [2ª]
tem capacidade de se comover.
E eu diria que a terceira característica de um bom pastor é [3ª] não se
envergonhar da carne, tocando a carne ferida, como Jesus fez com esta
mulher: 'tocou', 'pousou suas mãos', tocou os leprosos, tocou os
pecadores".
Um bom pastor - continuou o Papa - não diz: "Sim, está bem... Sim, sim,
estou perto de ti em Espírito". Isto é distância. Mas ele faz "o
que Deus Pai fez: aproximar-se, por compaixão, por misericórdia, da carne de
seu Filho".
O
grande pastor, o Pai, ensinou-nos como um
bom pastor faz: humilhou-se, esvaziou-se, viu-se vazio, subjugou-se, assumiu a
condição de servidão.
"Mas
o que acontece com esses outros - aqueles que seguem o CAMINHO DO CLERICALISMO -
a quem se aproximam?". Sempre se
aproximam do poder em vigor ou ao dinheiro. E são maus pastores. Eles só
pensam em como escalar no poder, serem amigos do poder e negociam tudo ou
pensam apenas em seus bolsos. Estes são
os hipócritas, capazes de qualquer coisa. A essas pessoas não lhes importa o
povo. E quando Jesus lhes dá aquele bonito adjetivo que utiliza
frequentemente para eles - "hipócritas" -, eles se ofendem: "Mas não, não, nós seguimos a
lei". [A lei sempre foi o escudo, a proteção
dos hipócritas!]
Quando
o povo de Deus enxerga que os maus pastores são espancados, ficam felizes -
recordou Francisco - e isso é um pecado, sim, embora eles tenham sofrido tanto
que tentam se "aproveitar" um pouco desta situação. Mas o bom pastor - acrescentou - é Jesus que vê, chama, fala, toca e cura.
É o Pai que se faz carne em Seu Filho, por compaixão.
"É
uma graça para o povo de Deus ter bons pastores, como Jesus, que não têm
vergonha de tocar a carne ferida, que sabem que - não só eles, mas também todos
nós - seremos julgados: estive com fome, estive na cadeia, estive doente... Os critérios do protocolo final são os
critérios da proximidade, os critérios desta proximidade total, para tocar,
para compartilhar a situação do povo de Deus. Não esqueçamos isto: o bom pastor está sempre perto das pessoas,
sempre, como Deus nosso Pai se fez próximo de nós, em Jesus Cristo que se
fez carne".
Traduzido do italiano por Henrique Denis Lucas. Acesse a versão
original deste artigo, clicando aqui.
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