«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Os maiores desafios da Rio+20

Achim Steiner & Pavan Sukhdev *

Se não recalibrarmos nossa visão econômica, levaremos o planeta a ultrapassar o limiar crítico

Achim Steiner
Muitos especulam a respeito do número de líderes mundiais que estarão presentes à cúpula Rio+20 e do tipo de acordos que serão concluídos: a criação de uma "economia verde" e o estabelecimento de um "arcabouço internacional para o desenvolvimento sustentado".


O termo "economia verde" foi cunhado há alguns anos, a fim de oferecer uma nova perspectiva por meio da qual fosse possível examinar a relação entre economia e sustentabilidade. Mas ganhou recentemente um novo impulso com as mudanças climáticas que se tornaram realidade, os preços das commodities em alta, e recursos básicos como ar puro, terra para cultivo e água potável se tornando mais escassos. Um conjunto cada vez mais abrangente de dados científicos confirma o que pudemos vislumbrar na Rio 92 há 20 anos.


Os que investiram em uma estratégia econômica e em processos de produção com base em modelos do século 19 e até mesmo 20 estarão compreensivelmente temerosos com a perspectiva de uma mudança de paradigma. Mas alguns segmentos da sociedade civil também estarão preocupados com a possibilidade de que uma transição para uma economia verde afete de maneira negativa os países pobres e os exponha a riscos e a um grau de vulnerabilidade maiores.


Estratégias 
Outros questionam a eficácia de estratégias com base no mercado com vistas à sustentabilidade, pois os mercados nunca trazem resultados sociais e ambientais ideais. Concordamos totalmente. As crises sistêmicas nos alimentos, combustíveis e finanças que explodiram em 2008 - e prosseguem em muitos países - têm suas origens num paradigma econômico que não levou em conta o valor da natureza e suas inúmeras contribuições para a sustentação da vida. Como mostra o relatório "Rumo a uma economia verde: caminhos para o desenvolvimento sustentável e a erradicação da pobreza", a economia de mercado atual resultou na alocação equivocada do capital numa escala sem precedentes.


Na realidade, os graves erros dos mercados - em termos de emissões de carbono, biodiversidade e serviços ao ecossistema - estão acelerando os riscos para o meio ambiente e a escassez ecológica, e solapando o bem-estar dos homens e a igualdade social. É por isso que sua vinculação com a governança e as instituições na Rio+20 é tão importante quanto a transição para uma economia verde.


Pavan Sukhdev
Uma preocupação dos críticos é que uma transição para a economia verde acabe essencialmente monetizando com a natureza, expondo as florestas, a água potável e a pesca à busca do lucro empreendida por banqueiros e operadores de bolsa, cujos erros contribuíram para desencadear a tempestade financeira e econômica dos últimos quatro anos. Mas será que se trata de uma questão de atribuir um valor à natureza? Ocorre que a natureza já está sendo objeto de compras e vendas, já é explorada e comercializada a preços mínimos que não traduzem seu valor real, principalmente quando se trata da subsistência dos pobres. Em grande parte, isso reflete a existência de mercados não regulados ou inexistentes, que não traduzem os valores que a natureza nos proporciona diariamente.


Futuro
Concretamente, o que está em jogo no Rio é o futuro do planeta. Sem uma solução concreta e duradoura que permita recalibrar nossa atual visão econômica a um nível sistêmico, a escala e o ritmo da mudança dentro em breve poderão levar o planeta a ultrapassar o limiar crítico tornando o desenvolvimento sustentável um sonho impossível onde quer que seja.


Algumas questões são de tamanha gravidade que transcendem os limites de um país. Por que, por exemplo, o mundo segue um paradigma de crescimento econômico com base na corrosão da própria base dos sistemas que servem à sustentação da vida da terra? Poderá a riqueza ser redefinida e reformulada para incluir o acesso aos bens e serviços básicos, como os que a natureza nos oferece gratuitamente, como ar limpo, clima estável e água potável? Não estará na hora de atribuir ao desenvolvimento humano, à sustentabilidade do meio ambiente e à igualdade social um valor igual ao do crescimento do PIB? Nós sabemos que as novas tecnologias e a inovação preparam mudanças na produção de energia, estão surgindo novos mercados de alimentos e água potável, e serviços ecológicos básicos começam a escassear e a ser dotados de um valor monetário.


A Rio+20 é o momento no qual serão compartilhados o conhecimento e a experiência com vistas à transição bem-sucedida para uma economia mais verde e uma maior economia de recursos. O desafio consistirá em reconciliar a realidade econômica emergente com os valores sociais e a ética necessários para gerar uma economia verde equilibrada e abrangente.


TRADUÇÃO DE ANNA CAPOVILLA.


* Achim Steiner, subsecretário-geral da ONU e diretor executivo do Programa para o Meio Ambiente, e Pavan Sukhdev, professor da Universidade de Yale (EUA).


Fonte: ESTADÃO.COM.BR - Internacional - 13 de junho de 2012 - 03h06 - Internet: http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,os-maiores-desafios-da-rio20-,885596,0.htm

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