«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

terça-feira, 5 de junho de 2012

"A FAMÍLIA, O TRABALHO E A FESTA"


Bruno Forte
VII Encontro Mundial das Famílias

Publicamos a seguir o núcleo da mensagem do VII Encontro Mundial das Famílias, que monsenhor Bruno Forte, arcebispo da diocese de Chieti-Vasto (Abruzzo, Itália), publicou ontem no Jornal italiano Il Sole 24 Ore. O prelado participou do encontro em Milão com uma grande delegação.

Bento XVI concluiu hoje, em Milão, o VII Encontro Mundial das Famílias com o tema “A família, o trabalho, a festa” (30 maio - 3 junho de 2012). É um evento com uma mensagem forte e atual. Para entendê-lo, parto de algumas frases da carta que o Santo Padre enviou para  a convocação: “Nos nossos dias a organização do trabalho, pensada e atuada em função da concorrência de mercado e do máximo lucro, e a concepção da festa como ocasião de evasão e de consumo, contribuem para disgregar a família e a comunidade e para difundir um estilo de vida individualistaPor isso, é necessário promover uma reflexão e um compromisso que visem conciliar as exigências e os tempos de trabalho com aqueles da família e recuperar o sentido verdadeiro da festa, especialmente do domingo, dia do Senhor e dia do homem, dia da família, da comunidade e da solidariedade”. 


Estas palavras subintendem uma alta visão do valor e do papel da família: os esposos unidos no sacramento do matrimônio são imagem da Trindade divina, do Deus que é amor e, por isso mesmo, relação e unidade do Pai, que eternamente ama, do Filho, que é eternamente amado, e do Espírito, vínculo do amor eterno. Nesta unidade profundíssima cada um é si mesmo, enquanto acolhe totalmente o outro. À luz deste modelo, a vocação matrimonial é vista como unidade plena e fiel dos dois, comunhão responsável e fecunda de pessoas livres, abertas à graça e ao dom da vida aos outros.
Seio do futuro, a família é escola de vida e de fé, na qual crianças, adolescentes e jovens podem aprender a amar a Deus e ao próximo, e os idosos, raízes preciosas, podem à sua vez sentir-se amados. A família é, assim, sujeito ativo no caminho da comunidade cristã e da sociedade civil, não somente destinatária de iniciativas, mas protagonista do bem comum em cada um dos seus componentes.


Para que isso aconteça, o pacto conjugal, que é a base da família, deve ser vivido de acordo com algumas regras fundamentais: 

  • o respeito da pessoa do outro; 
  • o esforço para entender melhor as suas razões; 
  • o saber tomar a iniciativa de pedir e oferecer perdão; 
  • a transparência recíproca; 
  • o respeito pelos filhos como pessoas livres e a capacidade de oferecer a eles razões de vida e de esperança; 
  • o deixar-se questionar pelas suas esperanças, sabendo escutá-los e dialogando com eles; 
  • a oração, com a qual pedir a Deus a cada dia um amor maior, buscando ser um para o outro, e juntos, para os filhos, dom e testemunho Dele.
Papa Bento XVI no VII Encontro Mundial das Famílias - Milão, Itália
Um estilo de vida semelhante não é nem fácil, nem óbvio, e muitas vezes as condições concretas da existência tendem a enfraquecê-lo: 

  • pensemos na possível fragilidade psicológica e afetiva  nas relações entre os dois e em família; 
  • no empobrecimento; 
  • na qualidade dos relacionamentos que pode conviver com "ménages" (triângulos amorosos) aparentemente estáveis e normais; 
  • no normal estresse originado pelos hábitos e pelos ritmos impostos pela organização social, pelos tempos de trabalho, pelas exigências de mobilidade; 
  • pela cultura de massa veiculada pelos meios de comunicação que influenciam e corroem as relações familiares, invadindo a vida da família com mensagens que banalizam a relação conjugal. 
Sem uma contínua, recíproca acolhida dos dois, abrindo-se um ao outro, não poderá haver fidelidade duradoura nem alegria plena: “A flor do primeiro amor murcha, se não supera a prova da fidelidade” (Søren Kierkegaard). Torna-se então mais do que nunca vital conjugar o compromisso cotidiano em família com as condições que o sustentem no âmbito do trabalho e na experiência da festa.


Cada TRABALHO - manual, profissional e doméstico – tem plena dignidade: por isso é justo e correto respeitar cada uma dessas formas, também nas escolhas de vida que os esposos são chamados a fazer pelo bem da família e especialmente dos filhos. Contribui para o bem da família tanto quem trabalha em casa, quanto quem trabalha fora!  Claro, o trabalho apresenta muitas vezes aspectos de cansaço, que – segundo a fé cristã – o Filho de Deus quis fazer próprio para redimi-los e sustentá-los de dentro, como lembra uma página belíssima do Concílio Vaticano II: ele trabalhou com mãos de homem, pensou com mente de homem, agiu com vontade de homem, amou com coração de homem (Gaudium et Spes, 22).


Inspirando-se no Evangelho, é possível, então, formar-se como homens e mulheres capazes de fazer do próprio trabalho um caminho de crescimento para si e para os outros, apesar de todos os desafios contrários. Isso requer viver o trabalho, por um lado cheio de responsabilidade pela construção da casa comum (trabalhar bem, com consciência e dedicação, qualquer que seja a tarefa que se tenha); por outro lado, em espírito de solidariedade para os mais fracos, tutelar e promover a dignidade de cada um. Nesta luz, compreende-se plenamente como a falta de trabalho seja uma ferida grave na pessoa, na família e no bem comum, e porque a segurança e a qualidade das relações humanas no trabalho sejam exigência moral que deve ser respeitada e promovida pelo indivíduo, começando pelas instituições e pelas empresas.


A propósito da FESTA, por fim, deve-se evidenciar o quanto ela ajude ao crescimento da comunhão familiar: nascendo do reconhecimento dos dons recebidos, que abraçam os bens da vida terrena, as maravilhas do amor recíproco, a festa educa o coração à gratidão e à gratuidade. Onde não há festa, não há gratidão, e onde não há gratidão, o dom se perde! É necessário aprender, então, a respeitar e celebrar a festa, principalmente como tempo de perdão recebido e doado, pela vida renovada pela maravilha agradecida, até se tornar capazes de viver os dias feriais com o coração de festa.


Isso é possível, se começa-se da atenção às festas que marcam o “léxico familiar" (aniversários, onomásticos, ...), até celebrar fielmente como família o encontro com Deus no domingo, dia do Senhor, encontro de graça capaz de produzir frutos profundos e surpreendentes. Quem vive a festa, é estimulado a exercitar a gratuidade, experimentando como seja verdadeiro que existe mais alegria em dar do que receber! A festa nos ensina como amar seja viver o dom de si tanto nas escolhas de fundo da existência, quanto nos gestos humildes da vida cotidiana, aprendendo a dizer palavras de amor e a ter gestos correspondentes, que jorrem de um coração grato e alegre.


A negação da festa, especialmente do domingo, é por isso  um atentado ao bem precioso da harmonia e da fidelidade conjugal e familiar: e é significativo que esta mensagem resoe por Milão, capital vital e laboral da economia e da produção do País. Apostar na família fundada sobre o matrimônio e aberta ao dom dos filhos e esforçar-se para promover as condições de trabalho e de respeito para a festa, que ajudem na sua serenidade e crescimento, é contribuir para o bem de todos, livrando-se de lógicas muitas vezes redutivas e confusas com relação ao seu valor de célula decisiva da sociedade e do seu amanhã. É a mensagem que de Milão parte hoje para a Itália e para o mundo inteiro!


[Tradução de Thácio Siqueira]


Fonte: ZENIT.ORG - Segunda-feira, 4 de junho de 2012 - Internet: http://www.zenit.org/article-30497?l=portuguese
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Divórcio é um dos "grandes sofrimentos da Igreja hoje", diz Papa

José Maria Mayrink

Bento XVI foi questionado durante VII Encontro Mundial das Famílias sobre eucaristia e absolvição após separação


Papa Bento XVI recebe casais durante o VII Encontro Mundial das Famílias
Um casal de psicoterapeutas brasileiros dirigiu a Bento XVI a pergunta mais delicada para a Igreja no sábado à noite, quando representantes de alguns dos 153 países que participaram do VII Encontro Mundial das Familias, em Milão, se reuniram com o papa na Festa dos Testemunhos, um dos pontos altos da programação de três dias.


Os brasileiros, identificados apenas pelo sobrenome Araújo, que trabalham na assistência a divorciados, pediram a orientação de Bento XVI para enfrentar o desafio de atrair para a vida cristã os casais que, vivendo em segunda união, não podem receber a eucaristia (comunhão) nem a absolvição pela penitência (confissão). Como não admite o divórcio, a Igreja exige que os recasados se separem para participar dos sacramentos.


"Este problema é um dos grandes sofrimentos da Igreja de hoje e não temos receitas simples", respondeu Bento XVI, acrescentando que "é muito importante a prevenção, isto é, aprofundar-se, desde o início do namoro, numa decisão profunda e madura". O papa disse ainda que as paróquias e outras comunidades católicas "devem fazer o possível para que (as pessoas divorciadas) se sintam amadas, aceitas, e que não estão fora, apesar de não poderem receber a absolvição nem a eucaristia".


Bento XVI insistiu na orientação atual da Igreja, ao afirmar em seguida que, embora "quem participa da Eucaristia entra em comunhão com o Corpo de Cristo, também sem a recepção do sacramento se pode estar espiritualmente unidos a Cristo". Pela interpretação das palavras do papa, a Igreja não está disposta a fazer nenhuma concessão para que os recasados participem plenamente da comunidade.


Um casal de noivos de Madagascar levantou a questão da indissolubilidade do matrimônio, ao manifestar sua preocupação em assumir um compromisso "para sempre" no altar. Bento XVI disse que "o amor garante, por si próprio, o 'sempre' no casamento", mas advertiu que, mesmo sendo belo, "o sentimento do amor deve ser purificado e seguir o caminho do discernimento".


Neste domingo, o papa voltou a se referir à acolhida aos divorciados e recasados, durante a homilia na missa de encerramento do VII Encontro Mundial das Famílias. Segundo a Rádio Vaticano, mais de um milhão de pessoas participou da cerimônia. Bento XVI anunciou que o próximo encontro será na cidade de Filadélfia, nos Estados Unidos, em 2015.


Fonte: ESTADÃO.COM.BR - Internacional - 03 de junho de 2012 - 18h05 - Internet: http://www.estadao.com.br/noticias/internacional,divorcio-e-um-dos-grandes-sofrimentos-da-igreja-hoje-diz-papa,881830,0.htm

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