«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Domingo da Natividade de São João Batista

Texto do Evangelho: Lucas 1,57-66.80

57 Completou-se o tempo da gravidez de Isabel, e ela deu à luz um filho. 
58 Os vizinhos e parentes ouviram dizer como o Senhor tinha sido misericordioso para com Isabel, e alegraram-se com ela. 
59 No oitavo dia, foram circuncidar o menino, e queriam dar-lhe o nome de seu pai, Zacarias. 
60 A mãe, porém, disse: “Não! Ele vai chamar-se João”.
61 Os outros disseram: “Não existe nenhum parente teu com esse nome!” 
62 Então fizeram sinais ao pai, perguntando como ele queria que o menino se chamasse. 
63 Zacarias pediu uma tabuinha, e escreveu: “João é o seu nome”. E todos ficaram admirados. 
64 No mesmo instante, a boca de Zacarias se abriu, sua língua se soltou, e ele começou a louvar a Deus. 
65 Todos os vizinhos ficaram com medo, e a notícia espalhou-se por toda a região montanhosa da Judeia. 
66 E todos os que ouviam a notícia ficavam pensando: “O que virá a ser este menino?” De fato, a mão do Senhor estava com ele. 
80 E o menino crescia e se fortalecia em espírito. Ele vivia nos lugares desertos, até o dia em que se apresentou publicamente a Israel. 

Natividade de São João Batista
Pintor veneto do séc. XVII, tela de 128 x 206 cm
José Antonio Pagola

REDESCOBRIR A FESTA


A festa de São João é o pórtico das festas que serão celebradas daqui para fente pelo nosso povo.
Mas, o que é "fazer festa"? O que diferencia o feriado de um dia normal? "Por que alguns dias são maiores do que os outros se, ao longo do ano, a luz vem do sol?", pergunta-se o livro do Eclesiástico.
Há muitos que pensam que o homem moderno está perdendo a capacidade de "celebrar festas". Alguns chegam a falar de uma "civilização sem festas".
Quando "a atividade nua e crua", o trabalho e a eficiência marcam o sistema de uma sociedade e de toda a nossa vida, a festa fica vazia de seu conteúdo mais profundo.


A festa torna-se, então, um dia "não laborativo", dia de férias. Um tempo em que, paradoxalmente, deve-se "trabalhar" e esforçar-se para conseguir uma felicidade que, costumeiramente, não é normal em nossas vidas.
Então, a festa dá lugar ao espetáculo, ao turismo, à fuga das viagens ou à embriaguez dos "salões de festa."
Mas a festa é muito mais do que uma "interrupção do trabalho" ou distensão física. O homem é muito mais que um "animal de trabalho" ou uma máquina que precisa de recuperação.

Precisamos mais do que umas férias que nos distraiam e nos façam esquecer as preocupações que, normalmente, possuem nossos dias de trabalho. Algo que não pode alcançar a "indústria do lazer" por mais fórmulas que invente para preencher ou, como diz expressivamente, para "matar o tempo".
Nascimento de São João Batista (1554 aprox.)
Pintura de Tintoretto (pintor italiano: 1518 - 1594)
Museu de S. Petersburgo - Tela de 181 x 266 cm
O importante é "viver em festa" por dentro. Saber celebrar a vida. Abrir-nos ao dom do Criador. Despertar o melhor que há em nós, e que fica obscurecido pelo esquecimento, superficialidade, atividade, e o ritmo frenético da vida cotidiana.
Viver com o coração aberto a esse Pai que dá significado e valor definitivos ao nosso viver diário. Sentir-nos irmãos dos homens e da criação inteira. Deixar falar o nosso Deus e degustar a sua presença carinhosa em nossas vidas.
Desse modo, a festa adquire um significado real, é tingida com uma alegria que não tem nada a ver com o gozo do trabalho eficaz e bem feito, nos regenera e redime-nos do tédio e do desgaste diário.

Quem não descobriu isso, continuará, infelizmente, confundindo as férias com a festa, simplesmente porque é incapaz de "viver e festa."

A QUEM SEGUIMOS?


Os Evangelhos apresentam um forte contraste entre a conduta de João e Jesus. A preocupação primordial de João é o pecado que está corrompendo todo o povo, por isso ele sai da terra prometida e vai para o deserto a fim de pregar, a partir lá, a conversão a Deus. Para Jesus, no entanto, a preocupação primeira é o sofrimento daqueles que são vítimas dessas injustiças e pecados, razão pela qual ele deixa o deserto e vai visitando as aldeias da Galileia proclamando a Boa Nova de um Deus que quer uma vida mais humana.

A tarefa de João é clara: denunciar os pecados, chamar os pecadores ao arrependimento e oferecer um batismo de conversão e perdão, por isso eles o chamam de "Batista", o batizador. O trabalho de Jesus é diferente: ele cura os doentes, acolhe os pecadores e oferece saúde e perdão gratuitos de Deus sem necessidade de se batizar no rio Jordão, por isso o chamam de curador e amigo dos pecadores.

A linguagem do Batista é dura e assustadora, fala da "ira" de Deus que vem como um lenhador empunhando um machado para cortar pela raiz as árvore estéreis; as pessoas têm de viver se preparando para a chegada do julgamento iminente desse Deus. Jesus, porém, conta parábolas que nunca teriam ocorrido ao Batista, aquele que chega é um Pai bom, próximo, compassivo e misericordioso. Sua palavra desperta confiança e alegria. As pessoas devem acolhê-lo agora, criando uma sociedade mais justa, fraterna e solidária.

Batista não faz gestos de bondade . Não se compadece diante do sofrimento: não se aproxima para curar os doentes. Não vê a marginalização dos mais infelizes: não toca nos leprosos nem liberta os endemoniados. Não se fixa no fraco: não consegue abraçar as crianças da rua. Não come com pecadores: vive trancado em sua vida solitária do deserto. Jesus, porém, se dedica a curar, libertar do mal, acolher, abençoar, perdoar. A sua atuação é introduzir as pessoas na vida de saúde, perdão, paz, amizade, fraternidade.

De quem nós somos? Somos do Batista ou de Jesus? Somos "batistas" ou "cristãos"? Ficamos parados no precursor ou acolhemos a Jesus Cristo?


Tradução de: Pe. Telmo José Amaral de Figueiredo.

Fonte: MUSICALITURGICA.COM - Homilìas de José A. Pagola - 20 de junho de 2012 - Internet: http://www.musicaliturgica.com/0000009a2106d5d04.php

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