«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

sábado, 9 de fevereiro de 2013

5º Domingo do Tempo Comum - Ano C - Homilia

Evangelho: Lucas 5,1-11


Naquele tempo, 
1 Jesus estava na margem do lago de Genesaré, e a multidão apertava-se ao seu redor para ouvir a palavra de Deus. 
2 Jesus viu duas barcas paradas na margem do lago. Os pescadores haviam desembarcado e lavavam as redes.
3 Subindo numa das barcas, que era de Simão, pediu que se afastasse um pouco da margem. Depois sentou-se e, da barca, ensinava as multidões. 
4 Quando acabou de falar, disse a Simão: “Avança para águas mais profundas, e lançai vossas redes para a pesca”. 
5 Simão respondeu: “Mestre, nós trabalhamos a noite inteira e nada pescamos. Mas, em atenção à tua palavra, vou lançar as redes”. 
6 Assim fizeram, e apanharam tamanha quantidade de peixes que as redes se rompiam. 
7 Então fizeram sinal aos companheiros da outra barca, para que viessem ajudá-los. Eles vieram, e encheram as duas barcas, a ponto de quase afundarem. 
8 Ao ver aquilo, Simão Pedro atirou-se aos pés de Jesus, dizendo: “Senhor, afasta-te de mim, porque sou um pecador!”
9 É que o espanto se apoderara de Simão e de todos os seus companheiros, por causa da pesca que acabavam de fazer. 
10 Tiago e João, filhos de Zebedeu, que eram sócios de Simão, também ficaram espantados. Jesus, porém, disse a Simão: “Não tenhas medo! De hoje em diante tu serás pescador de homens”. 
11 Então levaram as barcas para a margem, deixaram tudo e seguiram a Jesus.

JOSÉ ANTONIO PAGOLA
A FORÇA DO EVANGELHO

O episódio de uma pesca surpreendente e inesperada no lago da Galileia, foi redigida pelo evangelista Lucas para infundir alento à Igreja enquanto ela experimenta que todos os seus esforços para comunicar sua mensagem fracassam. O que nos é dito é muito claro: temos que depositar a nossa esperança na força e na atração do Evangelho.

O relato começa com uma cena insólita. Jesus está de pé às margens do lago, e "a multidão apertava-se ao seu redor para ouvir a Palavra de Deus". As pessoas não vêm movidas pela curiosidade. Não se aproximam para ver prodígios. Somente querem escutar de Jesus a Palavra de Deus.

Não é dia de sábado. Não estão congregadas na sinagoga de Cafarnaum, que estava próxima, para ouvir as leituras que se leem ao povo ao longo do ano. Não subiram a Jerusalém para escutar os sacerdotes do Templo. Aquilo que tanto as atrai é o Evangelho do Profeta Jesus, rejeitado pelos moradores de Nazaré.

A cena da pesca é, também, insólita. Enquanto é noite, no tempo favorável para pescar, Pedro e seus companheiros trabalham por sua conta e não obtêm nenhum resultado. Enquanto que, já de dia, enchem as redes somente confiando na Palavra de Jesus que orienta o seu trabalho, se produz uma pesca abundante, contrariando todas as suas expectativas.

Na base dos dados que demonstram, de modo sempre mais evidente, a crise do cristianismo entre nós, há um fato inegável: a Igreja está perdendo, de forma ininterrupta, o poder de atração e a credibilidade que tinha até somente alguns anos atrás.

Nós, cristãos, estamos experimentando que a nossa capacidade para transmitir a fé às novas gerações é cada vez menor. Não tem faltado esforços e iniciativas. Porém, ao que parece, não se trata somente nem primordialmente de inventar novas estratégias.

Chegou o momento de recordar que, no Evangelho de Jesus, há uma força de atração que não existe em nós. Esta é a pergunta mais decisiva: continuamos "fazendo coisas" como uma Igreja que vai perdendo atrativo e credibilidade, ou colocamos todas as nossas energias em recuperar o Evangelho como a única força capaz de produzir fé nos homens e mulheres de hoje?

Não temos de colocar o Evangelho na frente de tudo? O mais importante, nestes momentos críticos, não são as doutrinas elaboradas ao longo dos séculos, mas a vida e a pessoa de Jesus. O decisivo não é que o povo venha a participar de nossas coisas, mas que possa entrar em contato com ele. A fé cristã somente se desperta, quando as pessoas descobrem o fogo de Jesus.


RECONHECER O PECADO

O relato da "pesca milagrosa" no lago da Galileia foi muito popular entre os primeiros cristãos. Vários evangelistas relatam o episódio, porém, somente Lucas culmina a narração com uma cena comovedora que tem por protagonista Simão Pedro, discípulo crente e pecador, ao mesmo tempo.

Pedro é um homem de fé, seduzido por Jesus. Suas palavras têm, para ele, mais força que sua própria experiência. Pedro sabe que ninguém se põe a pescar ao meio-dia no lago, sobretudo, se não capturou nada durante a noite. Porém, se Jesus o disse, Pedro confia totalmente nele: "em atenção à tua palavra, vou lançar as redes".

Pedro é, ao mesmo tempo, um homem de coração sincero. Surpreendido pela enorme pesca obtida, "atirou-se aos pés de Jesus" e com uma espontaneidade admirável lhe disse: "Senhor, afasta-te de mim, porque sou um pecador!". Pedro reconhece, diante de todos, seu pecado e sua absoluta indignidade para conviver próximo a Jesus.

Jesus não se assusta em ter, junto a si, um discípulo pecador. Pelo contrário, sentindo-se pecador, Pedro poderá compreender melhor a sua mensagem de perdão para todos e sua acolhida a pecadores e indesejáveis. "Não tenhas medo! De hoje em diante tu serás pescador de homens". Jesus lhe retira o medo de ser um discípulo pecador e o associa à sua missão de reunir e convocar homens e mulheres de todas as condições para entrar no projeto salvador de Deus. 

Por que a Igreja resiste tanto em reconhecer seus pecados e confessar sua necessidade de conversão? A Igreja é de Jesus Cristo, porém ela não é Jesus Cristo. Ninguém deve estranhar que haja pecado nela! A Igreja é "santa" porque vive animada pelo Espírito Santo de Jesus, porém é "pecadora" porque, não poucas vezes, ela resiste a esse Espírito e se distancia do Evangelho. O pecado está nos crentes e nas instituições; na hierarquia e no povo de Deus; nos pastores e nas comunidades cristãs. Todos precisamos de conversão.

É muito grave nos acostumarmos a ocultar a verdade, pois isso nos impede de comprometermo-nos numa dinâmica de conversão e renovação. Por outro lado, não seria mais evangélica uma Igreja frágil e vulnerável que tem coragem de reconhecer seu pecado, do que uma instituição empenhada, inutilmente, em ocultar ao mundo suas misérias? Não seriam mais credíveis nossas comunidades, quando colaboram com Cristo na tarefa evangelizadora, reconhecendo humildemente seus pecados e comprometendo-se com uma vida cada vez mais evangélica? Não temos muito que aprender, também hoje, do grande apóstolo Pedro reconhecendo seu pecado aos pés de Jesus?

Tradução do espanhol por Telmo José Amaral de Figueiredo.

Fonte: MUSICALITURGICA.COM - Homilías de José A. Pagola - Terça-feira, 5 de fevereiro de 2013 - 09h56 - Internet: http://www.musicaliturgica.com/0000009a2106d5d04.php

2 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Padre, sua benção!
    Queria agradecer pela homilía de hoje sobre a Quaresma na Paróquia Santo Antônio do Caxingui, ajudou muito em minhas reflexões!
    Abraços.

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