«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

segunda-feira, 7 de junho de 2021

Sobre a vacina da Covid-19

 O Chile preocupa. Por que casos e mortes estão crescendo?

 Fernando Reinach

Biólogo, PHD em Biologia Celular e molecular pela Cornell University e autor de “A chegada do novo coronavírus no Brasil”; “Folha de lótus, escorregador de mosquito”; e “A longa marcha dos grilos canibais” 

É importante entender o que está acontecendo por lá para evitar que o mesmo aconteça no Brasil

Campanha de vacinação no Chile. A foto mostra o presidente chileno, Piñera, tomando a vacina

Para entender o fim da pandemia, cientistas estão observando como o Sars-CoV-2 se comporta nos países que estão adiantados no processo de vacinação. Dados iniciais indicam que casos, internações e mortes estão sendo reduzidos rapidamente. Mas no Chile o resultado é outro. É importante entender o que está acontecendo por lá para evitar que o mesmo aconteça no Brasil. 

Na figura 1, do gráfico abaixo, você pode observar o ritmo de vacinação em seis países. No eixo vertical, vemos a porcentagem da população que já recebeu duas doses da vacina e pode ser considerada imunizada. No eixo horizontal, as datas em que cada nível de imunização foi atingido. Israel é o país que vacinou a maior fração de sua população (~60%). Em seguida existem três países onde aproximadamente 40% da população já foi vacinada: Chile, Estados Unidos e Inglaterra. Entre os três, foi o Chile que vacinou mais rapidamente. Mais abaixo, como comparação, estão a Alemanha com 20% e o Brasil, onde pouco mais de 10% da população foi vacinada com duas doses. Quando quadruplicarmos o número de vacinados, chegaremos ao nível de Chile, Estados Unidos e Inglaterra. 

Na figura 2, você pode observar o número de novos casos detectados em cada um desses países durante o mesmo período. No eixo vertical, podemos ver o número de novos casos por dia por milhão de habitantes, expressos como uma média móvel (isso permite comparar países com números diferentes de habitantes). É possível observar que o número de casos por milhão de habitantes é quase nulo em Israel (que vacinou 60% da população). Na Inglaterra e Estados Unidos, onde 40% da população foi vacinada com duas doses, o número de novos casos é de 50 por dia por milhão de habitantes. E mesmo a Alemanha, com 20% da população vacinada, também está com 50 casos por dia por milhão de habitantes. 

O Brasil, com 10% de vacinados, ainda está longe de Alemanha, Inglaterra, Estados Unidos: estamos com 300 casos por dia por milhão de habitantes, seis vezes mais que esses países. Isso é esperado pois estamos no início do processo de vacinação e temos dificuldade em implementar medidas de distanciamento social. 

O problema é o Chile. Por lá, onde mais de 40% da população foi vacinada com duas doses ainda são registrados 400 casos por dia por milhão de habitantes. Esse número vem crescendo e é muito maior que o registrado no Brasil, que, com 10% da população vacinada, tem pouco menos de 300 novos casos por dia por milhão de habitantes. Por outro lado, o número de mortos por milhão de habitantes no Chile é de 6 por dia por milhão de habitantes (comparado com 9 no Brasil e zero na Inglaterra e Israel). A questão que preocupa muitos cientistas é por que o número de casos e mortes continua crescendo no Chile. 

Possíveis explicações incluem diferenças climáticas, novas cepas e o relaxamento prematuro do distanciamento social. Entretanto, uma importante diferença entre o Chile e os países em que o número de casos e mortes está caindo é o tipo de vacina utilizada. Nos Estados Unidos estão sendo usadas exclusivamente vacinas de mRNA (Pfizer e Moderna). Na Inglaterra vacinas da Pfizer e da AstraZeneca foram utilizadas em proporções semelhantes. Na Alemanha 80% das doses são Pfizer e Moderna e 20% são AstraZeneca. Em Israel 100% das doses são Pfizer. Essas vacinas têm alta eficácia e efetividade. Por outro lado, no Chile, 85% das doses ministradas são de Coronavac e 15% de Pfizer. 

Uma possível explicação para as diferenças encontradas no Chile é a menor eficácia e eficiência da Coronavac. Talvez Coronavac seja capaz de reduzir internações e mortes, mas não consiga impedir completamente a propagação do vírus. Quando os resultados da fase 3 da Coronavac e do estudo em Manaus forem publicados, e os de Serrana forem terminados e avaliados, é possível que essa hipótese seja comprovada ou descartada. O tempo dirá. 

No Brasil iniciamos a vacinação com a Coronavac e logo em seguida começamos a usar a vacina da AstraZeneca. Hoje estamos usando 50% de cada uma delas. Com a compra de 200 milhões de doses da Pfizer, é possível que quando chegarmos a 40% da população vacinada com duas doses, mais de 50% do total de doses ministradas seja da Pfizer e o restante seja dividido entre Coronavac e AstraZeneca. 

Portanto, é pouco provável que tenhamos 85% das doses vindas da Sinovac/Butantan como ocorre no Chile. Nosso futuro talvez esteja mais próximo do que ocorre hoje na Inglaterra do que ocorre no Chile. Isso é uma boa notícia. O triste é que já poderíamos estar com cerca de 40% da população vacinada. 

Mais informações: https://ourworldindata.org/covid-vaccinations 

Fonte: O Estado de S. Paulo – Saúde / Pandemia do Coronavírus – Sábado, 5 de junho de 2021 – Pág. A24 – Internet: clique aqui (acesso em: 05/06/2021).

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