«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

sábado, 5 de junho de 2021

10º Domingo do Tempo Comum – Ano B – HOMILIA

Evangelho: Marcos 3,20-35 

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos

Naquele tempo: 20 Jesus voltou para casa com os seus discípulos. E de novo se reuniu tanta gente que eles nem sequer podiam comer. 21 Quando souberam disso, os parentes de Jesus saíram para agarrá-lo, porque diziam que estava fora de si. 22 Os mestres da Lei, que tinham vindo de Jerusalém, diziam que ele estava possuído por Belzebu, e que pelo príncipe dos demônios ele expulsava os demônios. 23 Então Jesus os chamou e falou-lhes em parábolas: «Como é que Satanás pode expulsar a Satanás? 24 Se um reino se divide contra si mesmo, ele não poderá manter-se. 25 Se uma família se divide contra si mesma, ela não poderá manter-se. 26 Assim, se Satanás se levanta contra si mesmo e se divide, não poderá sobreviver, mas será destruído. 27 Ninguém pode entrar na casa de um homem forte para roubar seus bens, sem antes o amarrar. Só depois poderá saquear sua casa. 28 Em verdade vos digo: tudo será perdoado aos homens, tanto os pecados, como qualquer blasfêmia que tiverem dito. 29 Mas quem blasfemar contra o Espírito Santo, nunca será perdoado, mas será culpado de um pecado eterno.» 30 Jesus falou isso, porque diziam: «Ele está possuído por um espírito mau». 31 Nisso chegaram sua mãe e seus irmãos. Eles ficaram do lado de fora e mandaram chamá-lo. 32 Havia uma multidão sentada ao redor dele. Então lhe disseram: «Tua mãe e teus irmãos estão lá fora à tua procura». 33 Ele respondeu: «Quem é minha mãe, e quem são meus irmãos?» 34 E olhando para os que estavam sentados ao seu redor, disse: «Aqui estão minha mãe e meus irmãos. 35 Quem faz a vontade de Deus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe».

Palavra da Salvação. 

Alberto Maggi*

Frade da Ordem dos Servos de Maria (Servitas) e renomado biblista italiano 

A verdadeira família de Jesus 

Jesus cometeu uma autêntica loucura. Diante da recusa de Israel, que até decidiu assassiná-lo, Jesus rompe e institui doze discípulos, doze como as tribos que compunham Israel. Jesus compõe o novo Israel. Diante dessa ruptura sensacional entre Jesus e a instituição religiosa, eis a reação da família e da instituição. Marcos, o evangelista, escreve no capítulo 3, versículos 20-35, que «quando souberam disso», isto é, tendo ouvido sobre essa ruptura de Jesus com a instituição, «os parentes de Jesus saíram para agarrá-lo», literalmente o capturarem, é o mesmo verbo utilizado no episódio da captura de João Batista e de Jesus, «porque diziam que estava fora de si», ou seja, está louco porque só poderia ter sido loucura. Para justificar essa acusação de loucura, o evangelista insere também a acusação dos escribas que vieram de nada menos que Jerusalém, sede da instituição religiosa. Os escribas são os mais altos funcionários do Sinédrio, os quais determinam que Jesus está possuído por Belzebu. Quem é Belzebu? Havia uma divindade filisteia chamada Belzebu que era o deus das moscas e os fariseus, para impedir a adoração dessa divindade, a haviam transformado em Ba‛al zĕbūl, isto é, o deus do estrume, o qual não só não protege das moscas, mas as atrai. A acusação dos escribas é sutil:

"Cuidado com Jesus!" Eles não podem negar que Jesus cura as pessoas, mas as cura para infectá-las ainda mais.

Então Jesus os convoca e demonstra a incoerência de suas palavras dizendo como Satanás pode se expulsar? Se Satanás se expulsa, ele está acabado. E então, aqui está a sentença muito dura na verdade, então o que Jesus diz é certo, todos os pecados serão perdoados aos filhos dos homens e até mesmo as blasfêmias que eles dirão. Os pecados que são fruto da ignorância e da fragilidade serão perdoados, mas, declara Jesus, quem blasfemar contra o Espírito Santo não terá perdão para sempre: será réu de culpa eterna. 

E então Jesus continua: «Porque diziam: “Ele está possuído por um espírito mau”», essa é a razão. O que é esse pecado contra o Espírito Santo?

É o que já havia declarado o profeta Isaías, são aqueles que chamam o mal de bem e o bem de mal.

Ou seja, esses escribas entendem, eles sabem, são pessoas cultas, pessoas que conhecem a Bíblia.

Eles sabem que se Jesus age assim, ele o faz com a força que vem de Deus, mas eles não podem admitir, porque se eles admitirem, todo o seu prestígio e domínio sobre as pessoas entrarão em colapso.

Então, eles difamam Jesus, depois dizem que o que é bom, ou seja, a atividade que Jesus está fazendo, é um mal! Tudo isso, para eles manterem o prestígio. Mas por que eles nunca serão perdoados? Por que eles jamais pedirão perdão. Quando Jesus perdoou o paralítico que os mesmos escribas condenaram, eles acusaram Jesus: blasfêmia, isto é, ele é culpado de morte. 

«Nisso chegaram sua mãe e seus irmãos», escreve o evangelista, portanto, todo o clã familiar. Prossegue o evangelista: «Eles ficaram do lado de fora», ficar fora significa que não entenderam o ensinamento de Jesus e, acreditando que têm poder sobre ele, «mandaram chamá-lo». Mas, sublinha o evangelista, existe um impedimento. Em volta de Jesus estava a multidão sentada, e o termo que Marcos usa indica uma multidão mista de gente impura, de gente pagã. «Então lhe disseram: “Tua mãe e teus irmãos estão lá fora à tua procura”», o verbo «procurar» no Evangelho de Marcos sempre tem uma conotação negativa em relação a Jesus. 

E aqui está a terrível resposta, terrível da parte de Jesus: «Quem é minha mãe, e quem são meus irmãos Aqueles lá fora? Aqueles que têm vergonha de mim, o louco da casa? Prossegue: «E olhando para os que estavam sentados ao seu redor», pois não vê nem a mãe nem os irmãos que ficaram de fora, Jesus afirma: «Aqui estão minha mãe e meus irmãos». 

E depois o convite, o convite dirigido ao seu clã familiar, em particular à sua mãe e aos irmãos: «Quem faz a vontade de Deus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe». Em Nazaré, o clã familiar de Jesus é vítima dos ensinamentos dos escribas, eles realmente pensam não só que Jesus esteja louco, mas que esteja possuído. Jesus quer fazer compreender que os verdadeiros possuídos são os representantes da instituição religiosa que, para não perderem seu prestígio, dizem que a ação de Jesus é negativa e faz mal. 

* Traduzido do italiano e editado por Pe. Telmo José Amaral de Figueiredo. 

Reflexão Pessoal

Pe. Telmo José Amaral de Figueiredo 

Eis o grande pecado, eis a grande blasfêmia que vem dos tempos de Jesus até os dias atuais: a blasfêmia contra o Espírito Santo! 

Os inimigos do Reino de Deus, aqueles que não desejam que o projeto de amor, igualdade, justiça e misericórdia de Deus seja bem sucedido, nesta Terra, sempre lançam mão da mais sórdida e hipócrita estratégia, ou seja, confundir a mente e os corações das pessoas indicando o BEM, o CERTO, o JUSTO como sendo o MAL, o ERRO/DESVIO e o INJUSTO. 

Nos primórdios do cristianismo, as vítimas desse falso julgamento foram os ermitões, os Padres do Deserto, pessoas que se retiravam para lugares inóspitos, sem conforto algum, vivendo uma vida austera, distante dos centros urbanos mais agitados a fim de fazerem uma experiência mais pessoal, mais autêntica do Deus que sempre caminhou com seu povo pelo deserto. Era uma época em que a sedução de ser “religião oficial” do Império Romano subia à cabeça de muitos na Igreja. 

Isso se deu, também, nos tempos medievais, quando pessoas que incomodavam, pessoas que desejam ser discípulos e discípulas autênticos de Jesus, servindo aos pobres, vivendo na pobreza e evangelizando os mais humildes eram acusados de serem “hereges”, de irem contra a sã doutrina, os bons costumes e a tradição verdadeira da Igreja. Quanto essas pessoas santas não foram perseguidas, quanto tempo levou para que fossem reconhecidas e valorizadas pela própria Igreja! Igreja, essa, que vivia no fausto, no luxo, na mundanidade. 

Na época moderna, aqueles que desejavam uma Igreja em diálogo com um mundo que resistia estar sob o domínio, o poder e o controle da Igreja, eram chamados de “modernistas”, anticlericais, rebeldes. Para aqueles que desejavam uma evangelização, uma catequese que respeitasse as pessoas, a sua inteligência, a sua fome e sede de saber era-lhes oferecido um “catecismo” pronto, acabado, inquestionável. Obedecer a uma doutrina era mais importante que conhecer e viver o Evangelho! 

Nos tempos mais recentes, agentes comunitários, agentes pastorais, teólogos e pessoas de boa vontade em geral que buscaram por um cristianismo mais fiel às origens, às “catacumbas”, comprometido com os operários explorados e empobrecidos, com os pobres do campo e das periferias urbanas, com um estilo mais participativo, bíblico, eucarístico e pneumatológico de vida eclesial, foram acusados de “comunistas”, “vermelhistas”, “subversivos” e coisas do gênero. 

Como se observa, a tática de acusar os comprometidos com o Evangelho de Jesus Cristo de “endemoniados”, “possuídos por Belzebu” e “loucos” segue firme e forte! Somente mudam as circunstâncias, o nome dos “demônios”, mas os acusadores são sempre os mesmos: de um lado, uma parte da elite religiosa que, sempre, teme perder poder, prestígio e influência; e de outro, os ricos e poderosos que não desejam, jamais, uma Igreja que viva e pregue a justiça, a igualdade, a autêntica caridade e misericórdia! Pois, no fundo, poucos tem a coragem de pertencer, de verdade, à família de Jesus! 

Fonte: Centro Studi Biblici “G. Vannucci” – Video omelie e trascrizioni X Tempo Ordinario – 10 GIUGNO 2018 – Internet: clique aqui (acesso em: 02/06/2021).

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