«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

quarta-feira, 7 de setembro de 2022

Dez razões para não votar em Bolsonaro

 450 padres se manifestam contra reeleição de Jair Bolsonaro

 Marcelo Menna Barreto 

Os padres católicos destacam que Bolsonaro fomenta ódio na população e usa o nome de Deus em vão

Eles alertam contra a reeleição do atual presidente da República, que começou a ser distribuída nesse fim de semana por sacerdotes de diversas Dioceses, Institutos de Vida Consagrada, ordens e congregações religiosas de todo o Brasil. 

O grupo foi formado em 2018 quando, afirmam, começaram a ver a democracia ser ameaçada no país. 

No documento, os religiosos elencam dez itens para registrar porque, se opõem “claramente” à reeleição do presidente Jair Bolsonaro no próximo mês de outubro. 

Eis a carta.

Carta Aberta

 Brasil, ao 07 de setembro de 2022. 

Encontramo-nos, novamente, no período eleitoral. Em 2018 a população, enganada por fake news, desmotivada por crises econômicas, escândalos de corrupção e insuflada por discursos de ódio acabou por eleger para a presidência da República Jair Messias Bolsonaro. Uma catástrofe anunciada! Hoje, distante quatro anos daquele momento, nós Padres, conscientes do nosso dever de pastores do povo de Deus, queremos alertar para o perigo de repetirmos o mesmo erro, que pode pôr o Brasil em uma crise humana muito profunda. Por isso, elencamos dez elementos pelos quais, claramente, opomos nossas consciências à reeleição do atual Presidente da República. 

1 – Uso do nome de Deus: o atual presidente sempre manipulou o sentimento religioso da população brasileira, tentando convencê-la de que é um homem cristão, religioso e, por isso, digno e bom. Trata-se apenas de uma estratégia de controle das consciências, visto que todo o seu discurso e suas ações são uma total oposição ao Evangelho de Jesus; 

2 – Discurso de ódio: o atual presidente insufla ódio na população por aqueles que considera inimigos seus ou do país (ainda que inimigos imaginários como os “comunistas”), tendo sempre um discurso ligado à violência, ao apelo às armas, a imposição da maioria e submissão das minorias, e um tom de agressividade e de desprezo pelos pobres, pelas mulheres, comunidades tradicionais indígenas e quilombolas, população de rua, comunidade LGBTQIA+, migrantes, etc.; 

3 – Fake news: toda a eleição de 2018 foi movida por notícias falsas e alarmistas, colocando em pânico a população mais simples e vulnerável. Notícias falsas circularam por grupos de WhatsApp e pelas demais redes sociais, desinformando e manipulando a população. Durante todo o seu governo as notícias falsas e caluniosas permaneceram e o Presidente mente de forma compulsiva na TV e em seus diversos pronunciamentos; 

4 – Má gestão da pandemia de COVID-19: o governo atual, capitaneado pelo Presidente Bolsonaro, geriu de forma desastrosa e desumana a pandemia de COVID-19. O Presidente fez propaganda de medicamentos comprovadamente ineficazes, atrasou propositalmente a compra de vacinas, criou dificuldades para o estabelecimento de políticas de distanciamento social, demitiu ministros da saúde que contradiziam suas ideias infantis e, incrivelmente, ainda imitou pessoas morrendo sufocadas; 

5 – Volta da pobreza: o país foi imerso na pobreza e 33 milhões de pessoas passam fome no Brasil de hoje. Nós, que havíamos saído do mapa da fome em 2014, tornamos a ver a instabilidade alimentar em nosso meio. A inflação impede pessoas de comprarem alimentos básicos para a subsistência.

Nosso povo passa fome enquanto super ricos cercam o atual Presidente por medo de perderem privilégios.

Com tudo isso, o presidente ainda nega que existam pessoas com fome no Brasil; 

6 – Aumento do desmatamento: O desmatamento ilegal, as políticas que favorecem o agronegócio irresponsável, favorecimento do garimpo ilegal, silêncio e despreocupação com as ameaças sofridas por ambientalistas e defensores da Amazônia, o uso de agrotóxicos proibidos em outras partes do mundo, o pisoteio das comunidades indígenas, o desaparelhamento dos órgãos de controle ambiental e indigenista e a sistemática destruição da Amazônia são escândalos em nível mundial. O atual governo coloca em risco toda a confiabilidade do país e o equilíbrio ambiental através de suas políticas ecocidas; 

7 – Sinais claros de corrupção: eleito com discurso anticorrupção, o atual Presidente vive soterrado e soterrando os escândalos de corrupção que o envolvem e envolvem sua família. Escândalos de corrupção na compra de vacinas, escândalos no MEC, interferência na Polícia Federal, desmonte das políticas de transparência fundamentais no combate à corrupção, compra do parlamento através do “orçamento secreto”, movimentações financeiras milionárias não esclarecidas (compra de 51 imóveis com dinheiro vivo), sigilo de 100 anos sobre ações pessoais sendo que somos uma República; 

8 – Ataques ao Supremo Tribunal Federal (STF): o Presidente da República tem sistematicamente atacado o STF, que diz intervir indevidamente no governo. Frases ameaçadoras contra ministros do STF são públicas e estão nas redes sociais. A ameaça a um poder da República é um ataque à Constituição Federal e um perigo ao Estado Democrático de Direito. Além disso sustenta um discurso antidemocrático militarista;  

9 – Questionamento sobre o processo eleitoral: mesmo tendo sido eleito pelo atual sistema de urnas eletrônicas, o Presidente da República questiona sistematicamente o sistema eleitoral brasileiro, afirmando que houve e que podem acontecer fraudes. Chegou mesmo a afirmar que existiam provas dessas fraudes, provas essas, que nunca pôde demonstrar. O TSE já demonstrou que tudo não passa de retórica de mentira. Porém, com esse discurso cria desconfiança e instabilidade no sistema eleitoral do Brasil; 

10 – Claros sinais de autoritarismo e fascismo: por fim, o lema do presidente Bolsonaro sempre foi: “Deus acima de tudo, Brasil acima de todos”, que se assemelha a propaganda nazista “Alemanha acima de tudo”, lema que deturpa patriotismo em perigoso nacionalismo. Em um Estado laico a única realidade que está acima de tudo é a Constituição, que existe para garantir a liberdade e o bem-estar de todos os cidadãos, não importando suas etnias, religiões ou classes sociais. O Estado laico não é Estado ateu. Estado laico é a única garantia de que todos os cidadãos poderão viver e celebrar suas diversas crenças de forma livre; 

Feitas essas considerações, como padres preocupados com o bem da nossa população, recordamos que Jesus veio para que tenhamos vida e vida em abundância (Jo 10,10). Um discípulo de Jesus consciente não pode reeleger um homem que com palavras e obras demonstra ser o oposto de tudo aquilo que Jesus é e anuncia. Deus nos ilumine para sermos fiéis ao Senhor da vida! 

Comprometem-se com essa carta mais de 450 padres católicos de diversas Dioceses, Ordens, Congregações e Institutos de Vida Consagrada de todo o Brasil e fora dele, denominados Padres da Caminhada e Padres contra o fascismo, e que refletem e se unem desde 2018 em vista da democracia ameaçada no Brasil. 

Fonte: Jornal Extra Classe – Política – Terça-feira, 6 de setembro de 2022 – Internet: clique aqui (Acesso em: 07/09/2022 – às 21h).

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