«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

segunda-feira, 20 de maio de 2013

Transparência no IOR e na Cúria


Entrevista com Óscar Andrés Rodríguez Maradiaga

Gian Guido Vecchi
Corriere della Sera
13-05-2013

"O IOR? Veja, em princípio eu não poderia dizer nada. Mas eu não acho que o problema seja o fechamento, ao menos agora. Mas uma redefinição sim. A transparência sempre será um grande bem. As coisas misteriosas não vão bem...".
CARDEAL ÓSCAR ANDRÉS RODRÍGUEZ MARADIAGA
O cardeal Óscar Andrés Rodríguez Maradiaga, 70 anos, se apresenta como em um simples clérigo e cumprimenta cada um murmurando "Deus lhe abençoe". A Universidade de Parma recém lhe conferiu o grau de doutor honoris causa em International business and development pelo seu compromisso com a defesa dos deserdados e contra a pobreza, seja como arcebispo de Tegucigalpa, seja como presidente da Cáritas Internacional. Uma lição sobre ética e desenvolvimento.

"A crise global nasceu por ganância, falta de transparência e crimes financeiros". A amizade com Bergoglio é de longa data. Maradiaga está em Roma, e eles logo se verão. O papa quis que ele fosse o coordenador do grupo cardinalício que ele instituiu para "aconselhá-lo" e estudar a reforma da Cúria.

Eis a entrevista.

Também do IOR, eminência?

Cardeal Maradiaga: Antes do conclave, quando nós, cardeais, pedimos informações, eles nos disseram: "O IOR não é um banco, mas sim uma fundação". E então como é que, ao longo do tempo, ele se apresentou e agiu como um banco?

Por exemplo as contas privadas?

Cardeal Maradiaga: O essencial é que se redefina o seu papel, que se esclareça. Além do mais, todos os bancos apresentam as suas atividades. Não é nenhum mistério se as coisas não vão bem. Repito: a transparência é um grande bem. Há alguns que falam também de uma espécie de banco ético, no sentido em que ele é definido hoje. Veremos.

O que significa a "Igreja pobre e para os pobres" de Francisco?

Cardeal Maradiaga: Significa que os pobres não são uma estatística, mas sim pessoas reais, que têm um rosto concreto e vivem em uma situação desumana. Para nós, a opção preferencial pelos pobres significa que devemos trabalhar mais para que haja mudanças no mundo e a pobreza seja combatida como um problema humano, não somente econômico.

O papa disse que o Concílio [Vaticano II] ainda não foi aplicado totalmente. É isso?

Cardeal Maradiaga: Sim, eu estou convencido disso. Porque, veja, depois de alguns anos de entusiasmo, permaneceu-se em uma espécie de limbo, quase como se houvesse um pouco de indiferença. Mas, ao invés, o Espírito Santo nos chama sempre a renovar faciem terrae, a face da Terra. E tornar o mundo mais humano.

O "grupo" vai no sentido do Concílio, a colegialidade entre o bispo de Roma e os outros bispos?

Cardeal Maradiaga: É claro que, mesmo antes do conclave, havia entre os cardeais muitas vozes que pediam um esforço maior de colegialidade. É assim que recebemos esse encargo.

O Vaticano especificou: "grupo", não "conselho".

Cardeal Maradiaga: Tudo bem, eu não acho que seja um problema de termos. Há uma coisa que não existia antes e por isso eles ainda não têm uma definição mais clara. Nem nós sabemos!

Em outubro, vocês irão se reunir. Qual será o papel de vocês?

Cardeal Maradiaga: Os cardeais têm um papel na Igreja, ser como que conselheiros do Santo Padre. Pois bem, essa é uma outra forma de aconselhar. Acima de tudo, é um modo de oferecer uma informação diferente com relação à que chega ao Santo Padre através das nunciaturas, através da Secretaria de Estado... Desta vez, nas reuniões pré-conclave, pediu-se que o papa também tivesse outras informações.

Mas qual era o problema? Um espécie de funil?

Cardeal Maradiaga: Sim, havia como que um funil. Pensava-se que só chegava ao pontífice uma informação limitada...

O bispo Marcello Semeraro, secretário do grupo, notava o mesmo problema entre o papa e os chefes de dicastério na Cúria...

Cardeal Maradiaga: Sim, o essencial está nas informações. Essa nova modalidade será uma riqueza para a Igreja. Nós estamos entusiasmados com isso. Nestes dias, haverá uma assembleia dos bispos da América Latina e eles já decidiram que irão transmitir as suas informações ao cardeal Errázuriz Ossa como representante da área dentro do grupo.

Francisco continuamente adverte contra fechamentos e hipocrisia. Por quê?

Cardeal Maradiaga: Porque o Senhor Jesus disse: Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Isso significa que devemos ser transparentes na verdade de Cristo. É sempre melhor expressar a verdade.

Tradução do italiano por Moisés Sbardelotto.

Fonte: Instituto Humanitas Unisinos - Notícias - Quarta-feira, 15 de maio de 2013 - Internet: http://www.ihu.unisinos.br/noticias/520132-transparencia-no-ior-e-na-curia-entrevista-com-oscar-andres-rodriguez-maradiaga

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.