«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

sábado, 14 de setembro de 2013

24º Domingo do Tempo Comum - Ano C - HOMILIA

Evangelho: Lucas 15,1-32

15,1 Aproximavam-se de Jesus os publicanos e os pecadores para ouvi-lo. 
2 Os fariseus e os escribas murmuravam: “Este homem recebe e come com pessoas de má vida!” 
3 Então lhes propôs a seguinte parábola: 
4 “Quem de vós que, tendo cem ovelhas e perdendo uma delas, não deixa as noventa e nove no deserto e vai em busca da que se perdeu, até encontrá-la? 
5 E depois de encontrá-la, a põe nos ombros, cheio de júbilo, 
6 e, voltando para casa, reúne os amigos e vizinhos, dizendo-lhes: ‘Regozijai-vos comigo, achei a minha ovelha que se havia perdido’. 
7 Digo-vos que assim haverá maior júbilo no céu por um só pecador que fizer penitência do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento. 
8 Ou qual é a mulher que, tendo dez dracmas e perdendo uma delas, não acende a lâmpada, varre a casa e a busca diligentemente, até encontrá-la? 
9 E tendo-a encontrado, reúne as amigas e vizinhas, dizendo: Regozijai-vos comigo, achei a dracma que tinha perdido. 
10 Digo-vos que haverá júbilo entre os anjos de Deus por um só pecador que se arrependa”. 
11 Disse também: “Um homem tinha dois filhos. 
12 O mais moço disse a seu pai: ‘Meu pai, dá-me a parte da herança que me toca’. O pai então repartiu entre eles os haveres. 
13 Poucos dias depois, ajuntando tudo o que lhe pertencia, partiu o filho mais moço para um país muito distante, e lá dissipou a sua fortuna, vivendo dissolutamente. 
14 Depois de ter esbanjado tudo, sobreveio àquela região uma grande fome e ele começou a passar penúria. 
15 Foi pôr-se ao serviço de um dos habitantes daquela região, que o mandou para os seus campos guardar os porcos. 
16 Desejava ele fartar-se das vagens que os porcos comiam, mas ninguém lhas dava. 
17 Entrou então em si e refletiu: ‘Quantos empregados há na casa de meu pai que têm pão em abundância e eu, aqui, estou a morrer de fome!’ 
18 Levantar-me-ei e irei a meu pai, e dir-lhe-ei: ‘Meu pai, pequei contra o céu e contra ti; 
19 já não sou digno de ser chamado teu filho. Trata-me como a um dos teus empregados’. 
20 Levantou-se, pois, e foi ter com seu pai. Estava ainda longe, quando seu pai o viu e, movido de compaixão, correu-lhe ao encontro, lançou-se-lhe ao pescoço e o beijou. 
21 O filho lhe disse, então: ‘Meu pai, pequei contra o céu e contra ti; já não sou digno de ser chamado teu filho’. 
22 Mas o pai falou aos servos: ‘Trazei-me depressa a melhor veste e vesti-lha, e ponde-lhe um anel no dedo e calçado nos pés. 
23 Trazei também um novilho gordo e matai-o; comamos e façamos uma festa. 
24 Este meu filho estava morto, e reviveu; tinha se perdido, e foi achado’. E começaram a festa. 
25 O filho mais velho estava no campo. Ao voltar e aproximar-se da casa, ouviu a música e as danças. 
26 Chamou um servo e perguntou-lhe o que havia. 
27 Ele lhe explicou: ‘Voltou teu irmão. E teu pai mandou matar um novilho gordo, porque o reencontrou são e salvo’. 
28 Encolerizou-se ele e não queria entrar, mas seu pai saiu e insistiu com ele. 
29 Ele, então, respondeu ao pai: ‘Há tantos anos que te sirvo, sem jamais transgredir ordem alguma tua, e nunca me deste um cabrito para festejar com os meus amigos. 
30 E agora, que voltou este teu filho, que gastou os teus bens com as meretrizes, logo lhe mandaste matar um novilho gordo!’ 
31 Explicou-lhe o pai: ‘Filho, tu estás sempre comigo, e tudo o que é meu é teu. 
32 Convinha, porém, fazermos festa, pois este teu irmão estava morto, e reviveu; tinha se perdido, e foi achado’”.

JOSÉ ANTONIO PAGOLA
 
"O Retorno do Filho Pródigo" - quadro de Rembrandt Harmensz van Rijn
Século XVII - Museu Hermitage - São Petersburgo - Rússia

 O GESTO MAIS ESCANDALOSO

O gesto mais provocativo e escandaloso de Jesus foi, sem dúvida, sua forma de acolher com simpatia especial a pecadoras e pecadores, excluídos pelos dirigentes religiosos e marcados socialmente pela sua conduta à margem da Lei. O que mais irritava era o seu costume de comer, amigavelmente, com eles.

Com frequência, esquecemos que Jesus criou uma situação surpreendente na sociedade de seu tempo. Os pecadores não fogem dele. Ao contrário, se sentem atraídos pela sua pessoa e sua mensagem. Lucas nos diz que "os pecadores e publicanos costumavam aproximar-se de Jesus para escutá-lo". Ao que parece, encontram nele uma acolhida e compreensão que não encontravam em nenhum outro lugar.

Entretanto, os setores farisaicos e os doutores da Lei, os homens de maior prestígio moral e religioso perante o povo, somente sabem criticar, escandalizados, o comportamento de Jesus: "Ele acolhe pecadores e come com eles". Como pode um homem de Deus comer na mesma mesa com aquela gente pecadora e indesejável? 

Jesus nunca fez caso de suas críticas. Sabia que Deus não é o Juiz severo e rigoroso do qual falavam com tanta segurança aqueles mestres que ocupavam os primeiros assentos nas sinagogas. Ele conhece bem o coração do Pai. Deus entende os pecadores; oferece seu perdão a todos; não exclui ninguém; perdoa tudo. Ninguém deve obscurecer ou desfigurar seu perdão insondável e gratuito.

Por isso, Jesus lhes oferece sua compreensão e sua amizade. Aquelas prostitutas e coletores de impostos devem sentir-se acolhidos por Deus. Vêm em primeiro. Eles não têm nada a temer. Podem sentar-se à sua mesa, podem beber vinho e cantar cânticos junto com Jesus.

Sua acolhida lhes cura por dentro. Liberta-os da vergonha e humilhação. Devolve-lhes a alegria de viver. Jesus acolhe-os tal como são, sem exigir-lhes, previamente, nada. Transmite-lhes sua paz e sua confiança em Deus, sem estar seguro de que responderão, mudando a sua conduta. Faz isso confiando, totalmente, na misericórdia de Deus que já os está esperando de braços abertos, como um pai bom que corre ao encontro de seu filho perdido.

A primeira tarefa de uma Igreja fiel a Jesus, não é condenar os pecadores, mas compreendê-los e acolhê-los amigavelmente. Há alguns meses em Roma, pude comprovar que, sempre que o Papa Francisco insistia em que Deus perdoa sempre, perdoa tudo, perdoa a todos... as pessoas aplaudiam com entusiasmo. Seguramente, é o que muita gente de fé pequena e vacilante necessita escutar, hoje, com clareza da Igreja.

O DEUS DOS PERDIDOS

Jesus buscava, sem dúvida, a "conversão" de todo o povo de Israel. Ninguém duvidava disso. Então, por que perdia tempo acolhendo prostitutas e coletores de impostos, gente, no final das contas, indesejável e pecadora? Por que se despreocupava daqueles que viviam no seio da Aliança e se dedicava tanto a um pequeno grupo de perdidos e perdidas?

Jesus respondeu com várias parábolas. Queria colocar no coração de todos algo que trazia bem dentro de si mesmo. Os "perdidos" pertencem a Deus. Ele os busca apaixonadamente e, quando os recupera, sua alegria é incontida. Todos teríamos que alegrar-nos com ele.

Numa das parábolas, fala de um "pastor insensato" que perdeu uma ovelha. Mesmo que esteja perdida, aquela ovelha é sua. Por isso, não reluta em sair para buscá-la, abandonando "no campo" o restante do rebanho. Quando a encontra, sua alegria é indescritível. "Carrega-a sobre os ombros", num gesto de ternura e carinho, e a leva para casa. Ao chegar, convida os seus amigos para compartilhar sua alegria. Todos o compreendem: "Encontrei a ovelha que havia se perdido".

As pessoas não podiam crer. Não é uma loucura arriscar, assim, a sorte de todo o rebanho? Por acaso, uma ovelha vale mais que as noventa e nove? Este pastor insensato pode ser uma metáfora de Deus? Será, mesmo, verdade que Deus não rejeita os "perdidos", mas os busca apaixonadamente? É verdade que o Pai não dá a ninguém como perdido?

A parábola explica, muito bem, por que Jesus busca encontrar-se com pecadores e prostitutas. Sua atuação com as "ovelhas perdidas" de Israel faz pensar. Onde se movimentam, hoje, os pastores chamados a atuar como Jesus? Dentro do redil ou junto às ovelhas afastadas? Quantos se dedicam a escutar os "perdidos", oferecer-lhes a amizade de Deus e acompanhá-los em seu possível retorno ao Pai?

Nós somos mais "sensatos" que Jesus. Para nós, o mais importante é cuidar e defender os cristãos. Depois, gritar de longe a todas essas pessoas perdidas, que vivem à margem da moral que pregamos. Mas então, como poderão acreditar que Deus não os está condenando, olhando de longe, mas de perto?

Tradução do espanhol por Telmo José Amaral de Figueiredo.

Fonte: MUSICALITURGICA.COM - Homilías de José A. Pagola - Segunda-feira, 9 de setembro de 2013 - 13h20 - Internet: http://www.musicaliturgica.com/0000009a2106d5d04.php

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