As dez empresas que mais lucram com as guerras
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Dívida Soberana Global - ano 2010 e Gasto total em armamento - ano 2009 |
Marco Antonio Moreno
El Blog Salmón
11.09.2013
El Blog Salmón
11.09.2013
Desde 2002, as vendas aumentaram cerca de 60%, confirmando que elas estão longe de sofrer os impactos da crise financeira que tem sacudido o mundo
O Instituto de Investigação da Paz de Estocolmo (SIPRI) resume no seu anuário de 2013 as vendas mundiais de armas e serviços militares das cem maiores empresas de armamento e equipamento bélico para o ano de 2011. As vendas destas empresas atingiram 465 bilhões e 770 milhões de dólares em 2011, contra 411 bilhões em 2010, o que representa um aumento de 14%.
Desde 2002, as vendas dessas empresas aumentaram cerca de 60%, confirmando que elas estão longe de sofrer os impactos da crise financeira que tem sacudido o mundo.
Destas cem empresas que o anuário do SIPRI analisa, as dez primeiras tiveram vendas de 233 bilhões e 540 milhões de dólares, isto é, cerca de 50% do total alcançado pelas Top Cem. Nenhum setor econômico cresceu tanto como a indústria de armamento, o que dá conta de um entusiasmo sem lógica pelas guerras.
Já temos assinalado os perigos que envolvem o lucrativo negócio da guerra e o detalhado relatório do instituto sueco, confirmando as nossas suspeitas. Este instituto deveria pedir contas a essa Academia, também sueca, que outorga o Nobel da Paz, sobretudo por entregar o prêmio a alguém que valida o orwelliano mundo de que a guerra é a paz.
Um mundo demencial
Se há algo demencial e irracional no fato das fábricas de armamento terem mais lucros que qualquer outro setor industrial, também é de insanidade profunda que isso não seja informado publicamente. As fábricas de armamento, de origem privada, absorvem parte importante dos orçamentos públicos. Ou seja, é o contribuinte, uma vez mais, o principal financiador dos senhores da guerra.
Uma despesa que só com as cem primeiras chega a meio trilhão de dólares anuais. E agora que está na moda a tecnologia dos drones (aviões não tripulados) não é de estranhar que sete das dez primeiras empresas operem no espaço aéreo. Muito menos é de estranhar que destas cem empresas, 47 sejam dos Estados Unidos.
As empresas estadunidenses garantem cerca de 60% das vendas totais de armamento que essas top cem produzem. Daí a correlação entre a dívida pública e a despesa militar que estabelecemos para alguns anos, para compreender o problema da dívida pública dos Estados Unidos [veja quadro acima].
Estas são as dez primeiras empresas da lista no ranking 2011 (os dados entre parênteses correspondem ao ranking 2010):
(1) Lockheed Martin (EUA) Mísseis, eletrônica e espaço aéreo. Vendas de 36 bilhões e 270 milhões dólares em 2011. Lucros líquidos: 2 bilhões e 655 milhões de dólares. 123.000 empregados (132.000).
(2) Boeing (EUA) Aviões, eletrônica, mísseis, espaço aéreo. Vendas de 31 bilhões e 830 milhões de dólares. Lucros líquidos de 4 bilhões e 18 milhões de dólares. 171.700 empregados (160.500).
(3) BAE Systems (Reino Unido) Aviões, artilharia, mísseis, veículos militares, naves. Vendas de 29 bilhões e 150 milhões de dólares. Lucros líquidos de 2 bilhões e 349 milhões de dólares. 93.500 empregados (98.200).
(4) General Dynamics (EUA) Artilharia, eletrônica. Vendas de 23 bilhões e 760 milhões de dólares. Lucros líquidos de 2 bilhões e 526 milhões de dólares, 95.100 empregados (90.000).
(5) Raytheon (EUA) Mísseis, eletrônica. Vendas de 22 bilhões e 470 milhões de dólares. Lucros líquidos de 1 bilhão e 896 milhões de dólares. 71.00 empregados (72.400).
(6) Northrop Grumman (EUA) Aviões, eletrônica, mísseis, navios de guerra. Vendas de 21 bilhões e 390 milhões. Lucros líquidos de 2 bilhões e 118 milhões de dólares. 72.500 empregados (117.100).
(7) EADS (UE) Aviões, eletrônica, mísseis. Vendas de 16 bilhões e 390 milhões de dólares. Lucros líquidos de 1 bilhão e 442 milhões de dólares. 133.120 empregados (121.690).
(8) Finmeccanica (Itália) Aviões, veículos de artilharia, mísseis. Vendas de 14 bilhões e 560 milhões de dólares. Lucros líquidos de 902 milhões de dólares. 70.470 empregados (75.200).
(9) L-3 Communications (EUA) Eletrônica. Vendas de 12 bilhões e 520 milhões de dólares. Lucros líquidos de 956 milhões de dólares. 61.000 empregados (63.000).
(10) United Technologies (EUA) Aeronaves, eletrônica, motores. Vendas de 11 bilhões e 640 milhões de dólares. Lucros líquidos de 5 bilhões e 347 milhões de dólares. 199.900 empregados (208.220).
Esses números confirmam que a guerra é um dos melhores negócios para alguns países e que, inclusive, põe à prova as recessões e as crises financeiras. E, apesar de terem importantes lucros, também criam desemprego.
O grande problema é que precisam se alimentar diariamente com novas guerras, por isso há que as inventar. Que fariam essas empresas se houvesse paz? Por isso, todas as guerras baseiam-se no engano e na manipulação das massas, como as armas químicas de destruição em massa de Saddam Hussein, que há dez anos permitiram aos Estados Unidos invadir o Iraque, perante a complacência de todo o mundo. Repetirá outra vez?
Fonte: Brasil de Fato - Segunda-feira, 16 de setembro de 2013 - Internet: http://www.brasildefato.com.br/node/25920
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