«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

sábado, 4 de janeiro de 2014

DOMINGO DA EPIFANIA DO SENHOR - ANO A - HOMILIA

Evangelho: Mateus 2,1-12

2,1 Tendo, pois, Jesus nascido em Belém de Judá, no tempo do rei Herodes, eis que magos vieram do oriente a Jerusalém. 
2 Perguntaram eles: "Onde está o rei dos judeus que acaba de nascer? Vimos a sua estrela no oriente e viemos adorá-lo". 
3 A esta notícia, o rei Herodes ficou perturbado e toda Jerusalém com ele. 
4 Convocou os príncipes dos sacerdotes e os escribas do povo e indagou deles onde havia de nascer o Cristo. 
5 Disseram-lhe: "Em Belém, na Judeia, porque assim foi escrito pelo profeta: 
6 ´E tu, Belém, terra de Judá, não és de modo algum a menor entre as cidades de Judá, porque de ti sairá o chefe que governará Israel, meu povo´". 
7 Herodes, então, chamou secretamente os magos e perguntou-lhes sobre a época exata em que o astro lhes tinha aparecido. 
8 E, enviando-os a Belém, disse: "Ide e informai-vos bem a respeito do menino. Quando o tiverdes encontrado, comunicai-me, para que eu também vá adorá-lo". 
9 Tendo eles ouvido as palavras do rei, partiram. E eis que e estrela, que tinham visto no oriente, os foi precedendo até chegar sobre o lugar onde estava o menino e ali parou. 
10 A aparição daquela estrela os encheu de profunda alegria. 
11 Entrando na casa, acharam o menino com Maria, sua mãe. Prostrando-se diante dele, o adoraram. Depois, abrindo seus tesouros, ofereceram-lhe como presentes: ouro, incenso e mirra. 
12 Avisados em sonhos de não tornarem a Herodes, voltaram para sua terra por outro caminho.

JOSÉ ANTONIO PAGOLA
"Adoração dos Magos" - pintura de Bassano Jacopo e Francesco

A QUEM ADORAMOS

Os magos vêm do "Oriente", um lugar que evoca nos judeus a pátria da astrologia e de outras ciências estranhas. São pagãos. Não conhecem as Escrituras Sagradas de Israel, porém a linguagem das estrelas. Buscam a verdade e se põem em marcha para descobri-la. Deixam-se guiar pelo mistério, sentem necessidade de "adorar".

A presença deles provoca um sobressalto em toda Jerusalém. Os magos viram brilhar uma estrela nova que lhes fez pensar que havia nascido "o rei dos judeus" e vêm para "adorá-lo". Este rei não é Augusto. Tampouco, Herodes. 

Onde está? Esta é a pergunta deles e Herodes se "perturba". A notícia não lhe produz nenhuma alegria. Ele é quem foi designado por Roma como "rei dos judeus". Ele tem de acabar com o recém nascido: onde está esse rival estranho? Os "sumos sacerdotes e letrados" conhecem as Escrituras e sabem que deve nascer em Belém, porém não se interessam pelo menino nem se colocam em marcha para adorá-lo.

Isto é o que encontrará Jesus ao longo de sua vida: hostilidade e rejeição nos representantes do poder político; indiferença e resistência nos dirigentes religiosos. Somente aqueles que buscam o reino de Deus e a sua justiça o acolherão.

Os magos prosseguem sua grande busca. Às vezes, a estrela que os guia desaparece, deixando-os na incerteza. Outras vezes, brilho novamente enchendo-os de "imensa alegria". Finalmente, encontram-se com o Menino, e "caindo de joelhos o adoram". Depois, colocam ao seu serviço as riquezas que têm e os tesouros mais valiosos que possuem. Este Menino pode contar com eles, pois o reconhecem como seu Rei e Senhor.

Em sua aparente ingenuidade, este relato nos põe perguntas decisivas: 
  • Diante de quem nos ajoelhamos?
  • Como se chama o "deus" que adoramos no fundo de nosso ser?
  • Falamos que somos cristãos, porém vivemos adorando o Menino de Belém?
  • Colocamos aos seus pés nossas riquezas e nosso bem-estar?
  • Estamos dispostos a escutar seu chamado para entrar no reino de Deus e sua justiça?
Em nossa vida, sempre há alguma estrela que nos guia para Belém.
ADORAR

Fala-se muito hoje de crise de fé religiosa, porém somente se diz algo sobre a crise do sentimento religioso. No entanto, como salienta algum teólogo, o drama do homem contemporâneo não é, talvez, sua incapacidade de crer, mas sua dificuldade para sentir Deus como Deus. Inclusive, os mesmos que se dizem crentes parecem estar perdendo a capacidade para viver certas atitudes religiosas diante de Deus.

Um exemplo claro é a dificuldade de adorá-lo. Em épocas não muito distantes, parecia fácil sentir reverência e adoração perante a imensidade e o mistério insondável de Deus. Hoje, é mais difícil adorar a quem reduzimos, às vezes, a companheiro ou "colega".

Para adorar a Deus é necessário nos sentirmos criaturas, infinitamente pequenos diante dEle, porém infinitamente amados. Admirar sua grandeza insondável e experimentar sua presença próxima e amorosa que envolve todo o nosso ser.

A adoração é admiração. É amor e entrega. É render nosso ser a Deus e ficarmos em silêncio agradecido e alegre perante Ele, admirando o seu mistério a partir de nossa pequenez e insignificância. 

Nossa dificuldade para adorar provém de raízes diversas. Quem vive atordoado interiormente por todo tipo de ruídos e agitação, por mil impressões passageiras sem deter-se jamais diante do essencial, dificilmente encontrará "o rosto adorável" de Deus.

Para adorar a Deus é necessário deter-se perante o mistério do mundo e saber olhá-lo com amor. Quem olha a vida amorosamente até as profundezas, começará a discernir os traços de Deus ao invés de suspeitar.

Por outro lado, somente Deus é adorável. Nem as coisas mais valiosas nem as pessoas mais amadas são dignas de ser adoradas como Ele. Por isso, deve-se ser livre interiormente para poder adorar a Deus de verdade.

Esta adoração a Deus não afasta-nos do compromisso. Quem adora a Deus luta contra tudo o que destrói este homem que é sua "imagem sagrada". Quem adora o Criador respeita e defende tudo aquilo que vive. Estão intimamente unidas adoração e solidariedade, adoração e ecologia. Entende-se as palavras do grande cientista e adorador que foi Teilhard de Chardin: "Quanto mais o homem se tornar homem, mais experimentará a necessidade de adorar".

O relato dos Magos nos oferece um modelo de autêntica adoração. Estes sábios sabem olhar o cosmos em profundidade, captar seus sinais, aproximar-se do Mistério e oferecer sua humilde homenagem a esse Deus encarnado em nossa vida.

Tradução do espanhol por Telmo José Amaral de Figueiredo.

Fonte: Sopelako San Pedro Apostol Parrokia - Sopelana -  Bizkaia (Espanha) - 06 de janeiro de 2008 e 1990 - Internet: clique aqui.

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