«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Teólogos alemães propõem uma nova compreensão sobre a sexualidade

Joshua J. McElwee
National Catholic Reporter
14-01-2014
Catedral de Regensbug - Alemanha

Dois grupos de notáveis teólogos alemães mostraram, sem rodeios, como a doutrina da Igreja está alinhada com as preocupações ou estilos de vida da maioria dos católicos europeus ao responderem a um questionário do Vaticano sobre as atitudes dos fiéis relativos a questões como uso de métodos contraceptivos e casamento homoafetivo.

Os ensinos sobre o sexo por parte da Igreja, dizem os representantes da Associação dos Teólogos Morais Alemães e da Conferência dos Teólogos Pastorais de Língua Alemã, vêm de uma “realidade idealizada” e precisam de uma “avaliação nova e em seus fundamentos”.

“Torna-se dolorosamente óbvio que o ensino moral cristão, que limita a sexualidade ao contexto do casamento, não possa olhar de perto o suficiente as muitas formas de sexualidade fora do casamento”, dizem os 17 signatários da resposta ao questionário proposto em preparação para o Sínodo sobre a Família, onde se encontram alguns dos mais respeitados acadêmicos católicos da Alemanha.

Os teólogos propõem também que a Igreja adote um paradigma inteiramente novo para seus ensinos sobre o sexo, com base não em avaliações morais dos atos sexuais individuais, mas sim na fragilidade do casamento e na vulnerabilidade que as pessoas vivenciam em sua sexualidade.

Os teólogos estão respondendo a um pedido do Vaticano, feito em outubro passado, para que os bispos de todo o mundo se preparem visando um encontro global, a ocorrer este ano, dos prelados católicos. O Vaticano distribuiu um questionário com tópicos sobre a família para ser divulgado “tão amplamente quanto possível nos decanatos e paróquias, de forma que as contribuições de fontes locais possam ser recebidas”.

O Papa Francisco anunciou o encontro dos bispos, conhecido como Sínodo, para o dia 05-10-2014. O encontro irá estar centrado sobre os “desafios pastorais para a família no contexto da evangelização”.

O questionário, enviado do escritório do Vaticano para o Sínodo dos Bispos, pede às conferências dos bispos para questionarem suas populações sobre assuntos que têm dividido, de modo notável, a Igreja, tais como o ensino católico que proíbe o uso de métodos contraceptivos artificiais e a possibilidade de um católico divorciado se casar novamente ou de receber a Comunhão.

A análise do questionário feita pelos teólogos alemães vem em meio a uma disputa permanente entre os líder da Conferência Episcopal da Alemanha, Dom Robert Zollitsch, e o prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, o recém-nomeado cardeal Gerhard Müller, sobre a forma como a Igreja deveria tratar a questão dos católicos divorciados.

No ano passado, os alemães anunciaram um plano para permitir católicos divorciados a fazerem uma “decisão responsável em consciência” para participar nos sacramentos depois de consultar um padre. Dom Müller repreendeu o plano no mês de outubro num artigo de 4600 palavras publicado no jornal quase oficial do Vaticano, o “L’Osservatore Romano”, dizendo que a “economia sacramental inteira” não poderia ser posta de lado por um “apelo à misericórdia” sobre o assunto.

Na segunda-feira, os teólogos enviaram ao site National Catholic Reporter uma tradução em inglês do documento preparado por eles, originalmente publicado em alemão no final do ano passado.

Inicialmente, os teólogos respondem a quase todas as perguntas do questionário, apontando como ou por qual motivo o ensino da Igreja não é seguido às vezes.

Por exemplo, em resposta a uma pergunta relativa aos ensinos da Igreja quanto ao valor da família, respondem que a doutrina da Igreja é “praticamente não aceita” e que “frequentemente carece na relação com a experiência”.

Continuando neste assunto, os teólogos também afirmam que as pessoas “não se satisfazem quando a Igreja propõe apenas o celibato e o matrimônio como formas legítimas de viver”.

“À luz do Evangelho, a questão que se deve examinar é se as outras formas de viver poderão ser destituídas do veredicto do pecado”, afirmam.

Já em resposta às perguntas sobre se os católicos que se divorciam compreendem o processo da Igreja de anulações, eles escrevem que, para a maioria das pessoas divorciadas, o processo é “irrelevante”.

“Para a maior parte das pessoas em questão, a declaração de anulação do casamento é irrelevante porque elas não percebem a nulidade de seu casamento, em lugar disso percebem o seu fracasso, e porque anseiam uma vida apesar deste fracasso”, eles afirmam.

“Portanto, a prática canônica da Igreja, quanto ao matrimônio, não substitui as próprias respostas a situações nas quais uma perspectiva de esperança se abre na forma de um novo parceiro ou parceira após o fracasso de um casamento vivido seriamente”.

Ao responder a perguntas sobre a proibição da Igreja de métodos contraceptivos artificiais, os teólogos afirmam que “mesmo os católicos mais comprometidos não percebem o uso que fazem destes métodos como conflitantes com seu envolvimento na Igreja, o que poderia levar a mudanças em suas práticas sacramentais”.
Na proposta em que apresentam um novo paradigma de avaliação dos atos sexuais, os teólogos dizem que a Igreja precisa apreciar a nudez e a vulnerabilidade que o indivíduo vivencia sem sua vida sexual.

Escrevem que tal paradigma teria três dimensões pelo menos:

– Uma dimensão do cuidado para “proteger o que é frágil”. Os teólogos afirmam que o casamento “poderia então ser compreendido como uma instituição que projete esta fragilidade, não como uma instituição de obrigação”.

– Uma dimensão emancipatória que “abra perspectivas novas quando a vulnerabilidade se tornou violação” (...) “Como uma ética emancipatória, a ética cristã sexual precisa ficar do lado daquele que perde no relacionamento, precisa estar ao lado daquele que é deixado e que sente a dor no ponto mais profundo de seu coração”.

– E uma dimensão reflexiva que “aceite a vulnerabilidade e contrarie a banalização e rotinização da sexualidade” (…) Como uma ética reflexiva da vulnerabilidade, a ética sexual cristã sabe do valor ontológico da vulnerabilidade”, afirmam. “A alegria da intimidade pode ser vivenciada apenas quando ela é passível de ser vulnerável sem estar sendo violada”.

Entre os teólogos que assinam o manifesto estão Antonio Autiero, professor emérito na Universidade de Munster; Karl-Wilhelm Merks, professor emérito na Universidade de Tilburgo; e Eberhard Schockenhoff, professor na Universidade de Friburgo, na Alemanha.

Tradução de Isaque Gomes Correa.

Fonte: Instituto Humanitas Unisinos - Notícias - Quarta-feira, 15 de janeiro de 2014 - Internet: clique aqui.

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