«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Escolha de cardeais: sem automatismo e prioridade ao Sul do mundo

Gianni Valente
Vatican Insider
12-01-2014
Papa Francisco anuncia durante o Angelus deste domingo, dia 12 de janeiro,
o nome dos novos cardeais por ele escolhidos

As opções feitas pelo Papa Francisco na sua primeira performance como “criador” de cardeais são cheias de sugestões, não somente pelos nomes selecionados. Também aqui se revela o modus operandi do atual sucessor de Pedro que manifesta a sua percepção da natureza da Igreja.

Respeito às regras

No seu primeiro consistório como bispo de Roma, Papa Francisco optou por se ater às regras em vigor para a criação de novos cardeais: supera somente em um o limite dos 120 cardeais com menos de 80 anos e, portanto, com direito de voto num eventual Conclave. A regra foi, por exemplo, várias vezes não cumprida por João Paulo II que, no Consistório de 2001 elevou o número de cardeais com menos de 80 anos ao recorde de 135 cardeais.

As três nomeações curiais vão para os chefes de três dicastérios. A eles se acrescenta Lorenzo Baldisseri, chefe de um organismo – a secretaria geral do Sínodo – que não pertence ao organograma curial.
Solidéus de cardeais sobre um genuflexório
O Sul bate o Norte por 9 a 3

Dos novos cardeais com direito a voto, a maioria absoluta (9 de 16) provêm da América Latina, Ásia e África.

Se nas próximas criações cardinalícias Papa Bergoglio prosseguir nesta linha prospectiva, pode-se imaginar um progressivo emagrecimento percentual dos cardeais italianos e dos curiais. Presidentes de futuros dicastérios vaticanos que no passado tiveram um cardeal deverão se contentar com a ideia de serem colaboradores do Papa sem entrarem no Colégio Cardinalício.  

Mais pastores, menos bispos-teólogos

Há um outro reequilíbrio na nomeação dos primeiros cardeais por Bergoglio que não é somente geográfico. Muitos dos novos purpurados eleitores, antes de ser ordenados bispos, foram párocos por longos períodos das suas vidas: é o caso, por exemplo, de Philippe Ouèdraogo, novo cardeal de Burkina Faso, e do arcebispo de Seul, Andrew Yeom Soo-jung, descendente de um dos mártires coreanos.

O salesiano chileno Ricardo Ezzati Andrello e o cisterciense brasileiro Orani João Tempesta trabalharam por muito tempo nas realidades pastorais e educativas ligadas às suas respectivas congregações. O canadense Gérald Cyprien Lacroix, membro do Instituto Secular Pio X (do qual foi diretor geral) e sucessor do cardeal Ouellet na arquidiocese de Quebec, viveu uma experiência missionária, por nove anos, na Colômbia. Também o inglês Vincent Nichols, antes de ser bispo, foi pároco e trabalhou em instituições dedicadas à formação pastoral. O único teólogo "profissional" é – por força das coisas – o alemão Müller.
Papa Francisco

As escolhas são eloquentemente pessoais

Em muitos dos consistórios do passado também recente, não era difícil adivinhar as pressões exercidas por setores eclesiais ou homnes fortes da Cúria que determinavam as listas dos novos cardeais. Desta vez, isto não aconteceu. Respeitando firmemente as regras canônicas, Papa Francisco fez, sem timidez, pessoalmente as escolhas.

Com algumas escolhas quis enviar algumas mensagens fortes e fáceis de serem decifradas, em plena consonância com as palavras e a compreensão de Igreja que ele tem expressado no seu magistério cotidiano.

Assim, a escolha de Chibly Langlois, 55 anos, que será o primeiro cardeal do Haiti, a ilha-santuário de todas as contradições e sofrimentos latino-americanos. E o segundo cardeal “votante” das Filipinas no atual Colégio – Orlando Beltran Qevedo – vindo de Mindanao, a ilha mais pobre e martirizada do arquipélago filipino. A púrpura conferida ao arcebispo de Perugia Gualtiero Bassetti – recentemente nomeado para a Congregação dos Bispos – representa também a enésima mensagem enviada pelo Papa Francisco ao episcopado italiano.

Nenhuma diocese do mundo é “cardinalícia” por natureza

Papa Bergoglio sabe distinguir entre costume eclesiástico e Tradição. Ele sabe que nenhuma diocese no mundo é “cardinalícia” por estatuto divino ou por definição do direito canônico. Algumas opções feitas neste consistório – como a inclusão na lista do arcebispo de Perugia (onde o último cardeal nomeado remonta aos tempos do Estado Pontifício) e a simultânea ausência de sedes diocesanas como Turim e Veneza [Salvador, Bahia - aqui no Brasil] – sem se submeter às regras não escritas de “que sempre foi assim” (Evangelii gaudium, no. 33).

Rompendo com este automatismo Begoglio de um lado, desarma, em parte, o frênesi de pessoas e grupos eclesiásticos que organizam e pressionam para "garantir" alguém "fidelíssimo" nas arquidioceses consideradas até agora "seguras" e desta maneira garantir o seu acesso no Colégio Cardinalício. Além disso, se freia a perversão clerical que subdivide as dioceses em classes de prestígio. Aquela concepção mundana em que são classificadas as dioceses de “status baixo”, donde ser bispo equivaleria a uma “diminutio” ou, às vezes, a uma punição.

Ao contrário, do ponto de vista sacramental, o bispo de qualquer ilha perdida do Pacífico tem a mesma plenitude do sacerdócio como o cardeal arcebispo de Milão ou de Paris. Todos os três são iguais e são chamados a servir o povo de Deus com a mesma solicitude. A Igreja de Cristo funciona assim, e o Papa Francisco busca mostrá-lo em cada gesto e em cada decisão que toma.

Tradução pelo IHU-On-Line.

Fonte: Instituto Humanitas Unisinos - Notícias - Segunda-feira, 13 de janeiro de 2014 - Internet: clique aqui.
___________________________________________________________
EIS OS CARDEAIS NOMEADOS POR FRANCISCO


Andrea Tornielli
Vatican Insider
12-01-2014
Dom Chibly Langlois - 1º cardeal do Haiti


Quatro curiais e doze residenciais com menos de 80 anos. O arcebispo de Perugia é o único cardeal residencial italiano inserido na lista. Outro europeu é o britânico Vincent Nichols. Cinco novos cardeais são latino-americanos, e entre ele o primeiro cardeal para um bispo do Haiti, dois para os africanos, dois para os asiáticos. Um novo cardeal canadense. É esta a “geografia” da primeira criação cardinalícia do Papa Francisco, anunciada neste domingo, que será celebrada no próximo dia 22 de fevereiro.

Da Cúria Romana - Vaticano
Toranaram-se cardeais: 
  • o Secretário de Estado Pietro Parolin
  • o Prefeito da Congregação para doutrina da fé Gerhard Müller
  • o Prefeito da Congregação do clero Beniamino Stella
  • o Secretário geral do Sínodo dos bispos Lorenzo Baldisseri (que como secretário do conclave no dia 13 de março de 2013 recebera das mãos de Bergoglio o solidéu cardinalício que o arcebispo de Buenos Aires não mais usaria).
Da Europa
Dois são de dioceses da Europa: 
D. Orani João Tempesta - cardeal do Rio de Janeiro

  • o arcebispo de Westminster, Vincent Nichols
  • Mas a surpresa mais significativa é a nomeação do arcebispo de Perugia, Gualtiero Bassetti, que Francisco já valorizara ao nomeá-lo, no final de novembro de 2013, membro da Congregação dos Bispos.
Da América Latina
Na América Latina são cinco cardeais e também aqui uma surpresa. Os novos cardeais são:
  • Mario Poli, sucessor de Bergoglio na arquidiocese de Buenos Aires, 
  • o arcebispo de Santiago do Chile, Riccardo Ezzati
  • o arcebispo do Rio de Janeiro Orani  João Tempesta
  • o arcebispo de Manágua, Leopoldo José Brenes Solórzano
  • E juntamente com eles, Francisco quis criar também o primeiro cardeal do Haiti, o presidente da Conferência Episcopal, Chibly Langlois (ver foto acima) - ele é o único cardeal nomeado hoje que não é arcebispo.
Da África
Dois chapéus cardinalícios vão para a África. Farão parte do colégio cardinalício: 
  • o arcebispo de Ouagadougu, Burkina Faso, Philippe Ouèdraogo; e 
  • o arcebispo de Abidjan, Costa do Marfim, Jean Pierre Kutwa.
Da América do Norte
Uma púrpura vai para o Canadá: é Gèrald Cyprien Lacroix, arcebispo de Quebec. 

Da Ásia
Enfim, na lista dos quinze novos cardeais abaixo dos 80 anos, foram incluídos: 
  • o arcebispo de Seul, Coréia, Andrew Yeom Soo-jung; e 
  • o filipino de Mindanao, Orlando Beltran Quevedo, diocese di Zamboanga.
Papa Francisco superou de um o teto dos 120 eleitores com menos de 80 anos, que têm o direito de entrar num eventual conclave, fixado por Paulo VI. E decidiu continuar a tradição de criar purpurados acima de 80 anos, dando o solidéu a três arcebispos eméritos. Entre estes: 
  • o ex-secretário de João XXIII, o arcebispo Loris Francesco Capovilla, 98 anos, para quem a púrpura fora preconizada muitas vezes. 
  • Juntamente com ele, receberão o chapéu cardinalício Fernando Sebastian Aguilar, arcebispo emérito de Pamplona; e 
  • Kelvin Edward Feliz, arcebispo emérito de Castries, nas Antilhas.
O primeiro consistório do Papa Francisco caracteriza-se por uma ampla representatividade das Igrejas do mundo. A não inclusão dos bispos de outras dioceses italianas consideradas tradicionalmente cardinalícias como Veneza e Turim, provavelmente significa – além do “emagrecimento” da presença italiana no colégio cardinalício – também o fim dos automatismos neste sentido. 

Na Cúria, o chapéu cardinalício não foi dado ao Bibliotecário da Santa Romana Igreja, o francês Jean-Louis Bruguès, frade dominicano, nem a qualquer dos presidentes dos Conselhos Pontifícios. Provavelmente, também esta é uma indicação para a Cúria do futuro.

Tradução de IHU On-Line.


Fonte: Instituto Humanitas Unisinos - Notícias - Segunda-feira, 13 de janeiro de 2014 - Internet: clique aqui.
___________________________________________________________
CARDINALATO: 
SERVIÇO QUE EXIGE AMPLIAR O OLHAR E 
EXPANDIR O CORAÇÃO 


Carta do Papa Francisco aos novos cardeais que serão criados durante o Consistório de 22 de fevereiro

Querido irmão,

No dia em que se torna pública a sua nomeação para integrar o Colégio Cardinalício, quero lhe enviar uma cordial saudação e a garantia da minha proximidade e das minhas orações. Desejo que, como agregado à Igreja de Roma, revestido das virtudes e dos sentimentos do Senhor Jesus (cf. Rm 13,14), você possa me ajudar com fraterna eficácia no meu serviço à Igreja universal.

O cardinalato não significa uma promoção, nem uma honra, nem uma decoração; é simplesmente um serviço que exige ampliar o olhar e expandir o coração. E, embora pareça um paradoxo, poder olhar mais longe e amar mais universalmente com mais intensidade só é possível quando se segue o mesmo caminho do Senhor: o caminho da humildade e do abaixamento, tomando-se a forma de servo (cf. Flp 2,5-8). Por isso lhe peço, por favor, que receba esta designação com o coração simples e humilde. E, ao mesmo tempo em que deve recebê-la com alegria e regozijo, também a receba de modo que este sentimento se distancie de qualquer expressão de mundanidade, de qualquer celebração estranha ao espírito evangélico de austeridade, sobriedade e pobreza.

Despeço-me, assim, até o dia 20 de fevereiro, quando daremos início aos dois dias de reflexão sobre a família. Fico à sua disposição e, por favor, peço que ore e convide a orar por mim.

Jesus o abençoe e a Virgem Santa o proteja.


Fonte: ZENIT.ORG - 13 de Janeiro de 2014 - Serviço Diário via e-mail.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.