«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

domingo, 7 de agosto de 2016

Alegremo-nos, mas é bom saber que... depois vem a conta!

A conta dos sonhos da Olimpíada
ficará no Brasil

Elio Gaspari

Chutando para cima, poderá ficar em R$ 500 milhões
CERIMÔNIA DE ABERTURA DOS JOGOS OLÍMPICOS RIO 2016
Maracanã, sexta-feira, 5 de agosto de 2016

Daqui até o fim dos jogos, centenas de jovens subirão nos pódios, baixarão a cabeça e receberão as medalhas de ouro da Olimpíada do Rio. Serão momentos de sonho, felicidade e alegria. Da alegria dos jovens que sorriam para o mundo durante o desfile dos atletas na festa da abertura. Nada reduzirá a beleza dessas cenas. Para os brasileiros, ficarão os momentos de sonho e a conta. Alguém ainda fará o cálculo da fatura dos custos diretos e indiretos transferidos à Viúva. Chutando para cima, poderá chegar a R$ 500 milhões.

O Maracanã, joia da privataria do governo do Rio e da Odebrecht, tornou-se um magnífico elefante branco, incomparável em noites de festa. A manutenção das instalações olímpicas custará R$ 59 milhões anuais num Estado cuja rede de saúde pública entrou em colapso. A máquina de marquetagem que prometeu Olimpíada sem dinheiro público voava nas asas dos jatinhos de Eike Batista, o homem mais rico do Brasil, candidato ao pódio mundial. Era o tempo em que os governantes torravam o dinheiro achando que o pré-sal cobriria qualquer projeto.

Nos dias em que os problemas da Vila Olímpica dominaram o noticiário, foi frequente o argumento de que os críticos da festa carregavam o eterno "complexo de vira-lata".

Criação de Nelson Rodrigues, ele refletia "a inferioridade em que o brasileiro se coloca, voluntariamente, em face do resto do mundo". Bola dentro, mas às vezes a questão é mais complicada. Há cães de raça, mas há também adoráveis vira-latas.

A sorte, essa trapaceira, fez com que o repórter José Maria Tomazela mostrasse uma nova dimensão da problemática canina. Ele expôs a ação de uma quadrilha de Sorocaba (SP) que mutilava e pintava filhotes de vira-latas, transformando-os em chihuahuas e pinschers. Vendiam chihuahuas por R$ 300.

Viu-se assim outro ângulo da questão: há gente que vende chihuahuas e entrega vira-latas maquiados a pessoas que resolveram acreditar neles.

Fonte: Folha de S. Paulo – Poder – Domingo, 7 de agosto de 2016 – Pág. A8 –  Internet: clique aqui.

Há com o que se orgulhar, no entanto...

O Rio, visto com isenção, está muito melhor
com a Olimpíada

Janio de Freitas

O trabalho realizado para a Olimpíada é nada menos do que
um feito de grandeza incomum no país
LINHA 4 DO METRÔ DO RIO DE JANEIRO
Obras na estação Nossa Senhora da Paz - uma das muitas obras para a Olimpíada

"Só sai notícia ruim" –a observação, não queixa, vale como uma síntese do prefeito Eduardo Paes para os últimos meses que antecederam a Olimpíada. O Rio será sempre uma cidade malhada pelo que em outras grandes cidades é escondido, é disfarçado, como a violência. E, em outras mais, é visto com tolerância ou indiferença. O Rio não é uma cidade vaidosa, não altera por mágoa a sua hospitalidade sincera, nem retribui do mesmo jeito. Como dizem, continua na dela. Mas às vezes essas coisas, de parte a parte, resultam em injustiças propriamente, não raro por interesses políticos ou comerciais.

Informo, por isso, que o trabalho realizado para a Olimpíada é nada menos do que um feito de grandeza incomum no país, em qualquer tempo. A exibição jornalística dos conjuntos de estádios, pistas, moradias e de urbanização não deu ideia sequer aproximada do que são. Nem nas suas proporções, nem na qualidade de áreas esportivas, muitas delas sem nada a perder para as mais elogiadas do exterior.

Dois aspectos se combinaram para outra raridade nacional e histórica:
1º) No decorrer das obras, e até agora, não houve escândalo de preço, de reajuste, de suborno, de "por fora" (tratativas e custos que couberam ao Estado têm, estas sim, citação na Lava Jato).
2º) Além disso, grande parte das obras foi concluída antes do prazo fixado. E as demais, com exceções mínimas, no tempo hábil. Caso, por exemplo, de todo um bairro, a Vila Olímpica, que motivou justo escarcéu por comprovada falha de equipamento e acabamento. Estava entregue pela prefeitura, porém, desde junho, cabendo ao Comitê Organizador (CO) a verificação geral que faltou. O CO calou-se, Eduardo Paes ainda paga.
FABI
jogadora da seleção brasileira de vôlei de quadra:
Londres e Atenas haviam problemas ainda mais sérios do que aqueles do Rio de Janeiro

Claro que há falhas, de diferentes tipos. Não inevitáveis, mas, as surgidas até aqui, compreensíveis. Fabi, com o currículo repleto por todas as modalidades de disputas internacionais de vôlei, alarmou-se com o tratamento de caso único dado ao apartamento despreparado das australianas: "Na Olimpíada de Londres, os atletas não cabiam nas camas". A Olimpíada de Atenas precisou do socorro de última hora dos Estados Unidos, em equipamentos, móveis e, ora essa, muitos dólares.

As águas da Guanabara e da Lagoa Rodrigo de Freitas correram, aqui e no exterior, para as primeiras páginas e a TV. Tiveram a ajuda decisiva de imagens tomadas nas bordas em que a ondulação mais concentra sujeira. Experimentada em treinos estrangeiros, a lagoa está aprovada. As regatas de vela não serão só na baía, onde as raias são muito mais limpas do que o divulgado, e têm provas em mar aberto, visíveis nas águas translúcidas entre Copacabana e Ipanema-Leblon.

A Olimpíada não é só o maior acontecimento esportivo do mundo. É também o que exige a mais numerosa e mais complexa infraestrutura. E o Brasil em crise está bem no que entrega à Olimpíada.

O legado? Só o tempo dirá. Não somos um povo esportivo. Poucas escolas têm (mau) esporte. As condições sociais e urbanas restringem as oportunidades de esportes, mesmo como diversão. Os clubes e os possíveis patrocinadores não são estimulantes da formação esportiva. Do governo federal não há o que esperar. O aproveitamento razoável das novas instalações dependerá, portanto, dos governantes estadual e municipal, embora não seja difícil.

Mas não se trata só de Olimpíada. Houve uma confluência pouco comum de oportunidades e propósitos. E de administração capaz de integrá-los. Correram simultâneas as obras esportivas e, entre muitas outras, inovações importantes para a mobilidade da população, linhas muito úteis de metrô e BRT, a renovação de vários bairros que tiveram vida ilustre até começos do século passado, e a modernização urbanística e panorâmica do centro da cidade.

"Só sai notícia ruim"? Mas o Rio, visto com certa isenção, está muito melhor. A criminalidade se oferece para quem queira malhar com motivo, como se não fosse assunto de todo o país.

Fonte: Folha de S. Paulo – Poder / Colunistas – Domingo, 7 de agosto de 2016 – Pág. A12 –  Internet: clique aqui.

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