«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

terça-feira, 2 de agosto de 2016

Qual é a nova divisão do mundo hoje?

A nova linha divisória da política

The Economist

Disputa agora ocorre entre os que defendem fronteiras abertas e
os que pretendem fechá-las
DONALD TRUMP & VLADIMIR PUTIN
O candidato republicano à presidência dos Estados Unidos tem muito em comum com o Presidente russo!

Adeus esquerda e direita. A briga que importa agora é entre os que defendem fronteiras abertas e os que querem fechá-las. Em se tratando de teatro político, as convenções dos partidos americanos são insuperáveis. Este ano, porém, foi diferente. As convenções realçaram uma nova linha de clivagem política: não mais entre direita e esquerda, mas entre “abertos” e “fechados”.

Com seu estilo rispidamente telegráfico, o candidato republicano Donald Trump sintetizou um dos lados dessa divisão: “Americanismo, e não globalismo, será o nosso credo”, declarou. Seus vitupérios contra o livre-comércio encontravam eco entre os democratas que defendiam a candidatura de Bernie Sanders.

Os EUA não estão sozinhos nessa. Por toda a Europa, os políticos cuja popularidade está em alta pintam o mundo como um lugar hostil e dizem que as nações que sabem onde têm o nariz devem erguer muros para se proteger. Argumentos desse tipo ajudaram a levar os ultranacionalistas ao poder na Hungria e na Polônia, onde o governo age com um misto de xenofobia e desdém por preceitos constitucionais digno de um Trump.

Os partidos europeus de viés populista e autoritário têm hoje o dobro da preferência que tinham entre os eleitores em 2000 e estão no governo, ou fazem parte de coalizões governamentais, em nove países do continente.

O adeus que os britânicos resolveram dar à União Europeia (UE) é o maior troféu conquistado até agora pelos antiglobalistas: para convencer os eleitores a pedir a desfiliação do mais bem-sucedido clube de livre-comércio do mundo, apelou-se cinicamente a seus instintos insulares, rachando os principais partidos do país ao meio.
O Muro da Cisjordânia ("Muro da Vergonha") é uma barreira física que está sendo construída pelo Estado de Israel, passando em torno e por dentro dos Territórios Palestinos Ocupados (Cisjordânia e Jerusalém Oriental).
A barreira tem uma extensão aproximada de 760 km e 8 metros de altura em 10% de sua extensão

Padrões

Comecemos relembrando o que está em jogo. O sistema multilateral de instituições, regras e alianças, liderado pelos EUA, há sete décadas, oferece sustentação à prosperidade mundial. Foi esse sistema que viabilizou a reconstrução da Europa no pós-guerra, derrotou o mundo fechado do comunismo soviético e, integrando a China à economia global, produziu a maior redução de pobreza da história da humanidade.

Um mundo de países murados será mais pobre e perigoso. Se a Europa se desintegrar, dando lugar a uma colcha de retalhos pirracentos, e os EUA se voltarem para seu próprio umbigo isolacionista, potências menos benignas ocuparão o vácuo. Ao declarar que talvez não se disponha a defender os aliados bálticos dos EUA, caso eles se vejam ameaçados pela Rússia, Trump foi de uma irresponsabilidade estarrecedora.
Muro que separa o sul dos Estados Unidos (Texas) e o México para impedir a entrada de imigrantes clandestinos

Os americanos assumiram o compromisso de tratar eventuais ataques a qualquer membro da Otan como uma agressão a todos os integrantes da aliança. Se Trump se der ao desplante de, sem mais nem menos, descumprir um tratado internacional, por que algum aliado voltaria a confiar nos EUA?

Sem nem sequer ter sido eleito, o candidato republicano conseguiu deixar os arruaceiros do mundo assanhados. Não admira que Vladimir Putin o apoie. De qualquer forma, é revoltante que Trump tenha incitado os russos a continuar hackeando os e-mails dos democratas.
Cerca que separa as fronteiras da Arábia Saudita e Iêmen. Ao todo, a Arábia Saudita encomendou a
construção de fronteiras protegidas por muros na fronteira com o Iraque, em uma extensão de 900 km

Abertura

Os agorafóbicos já estão causando grandes problemas. O Reino Unido parece caminhar para uma recessão, graças à perspectiva do Brexit. A União Europeia está balançando: se, no ano que vem, os eleitores franceses colocarem a nacionalista Marine Le Pen na presidência do país, e em seguida imitarem os britânicos e buscarem a porta de saída, a UE corre o risco de entrar em colapso. Trump minou a confiança das instituições globais como faz com o dinheiro dos que arriscam a sorte em seus cassinos.

Para enfrentar os adoradores de muros será preciso reforçar a retórica, adotar políticas mais ousadas e empregar estratégias mais inteligentes. Primeiro, a retórica. Os defensores de uma ordem mundial aberta precisam perder o medo de lutar por aquilo em que acreditam. Têm de lembrar aos eleitores por que a Otan é importante para os EUA e por que a UE é importante para a Europa. 
Cerca que separa a Coreia do Norte da Coreia do Sul sempre em disputas e conflitos
Soluções

São excessivamente numerosos os que, mesmo acreditando na globalização, começam a recuar, balbuciando tolices sobre um tal de “nacionalismo responsável”. Atualmente, só alguns políticos - Justin Trudeau, no Canadá; Emmanuel Macron, na França - têm coragem de defender francamente a abertura. É preciso que outros se mirem em seus exemplos.

Por outro lado, é importante reconhecer que, em alguns pontos, a globalização precisa de reparos. O comércio internacional cria muitos perdedores e os fluxos muito intensos de imigração podem destruir o tecido social de certas comunidades. Mas erguer barreiras não é a melhor maneira de lidar com esses problemas.

Trata-se, isso sim, de elaborar políticas arrojadas, que preservem os benefícios da abertura, ao mesmo tempo em que aliviam seus efeitos colaterais. Deixemos que os bens e os investimentos fluam livremente, mas fortaleçamos as redes de segurança social que oferecem apoio e novas oportunidades para aqueles cujos empregos são destruídos.

Para lidar melhor com os fluxos de imigração, é fundamental investir em infraestrutura, garantir que os imigrantes tenham trabalho e aceitar regras que limitem a entrada de pessoas quando o movimento imigratório se torna excessivo (do mesmo modo que as regras do comércio internacional permitem aos países limitar altas extraordinárias nas importações). O que não se pode fazer é igualar a tarefa de administrar a globalização com seu abandono. 
Senador Tim Kaine e Hillary Clinton
candidatos a vice e presidente dos Estados Unidos

Quanto à estratégia, para os que querem manter as pontes levadiças abaixadas, dos quais há representantes em ambos os lados da tradicional divisão entre esquerda e direita, a questão é como vencer. As abordagens mais eficazes variam de país para país. Na Holanda e na Suécia, os partidos moderados se uniram para manter os nacionalistas fora do governo. Aliança semelhante derrotou Jean-Marie Le Pen, da Frente Nacional, no segundo turno da eleição presidencial francesa de 2002, e talvez tenha de ser reeditada no ano que vem para impedir que sua filha chegue ao Eliseu. No Reino Unido, talvez venha a ser necessária a formação de um novo partido de centro.

Nos EUA, onde as consequências de uma vitória dos fanáticos por muros seriam ainda mais graves, a resposta tem de vir do interior das estruturas partidárias existentes. Para os republicanos que falam a sério quando dizem que é preciso resistir aos antiglobalistas, o jeito é tapar o nariz e apoiar Hillary.

E a própria candidata, agora que obteve a indicação democrata, precisa defender a abertura de fronteiras com todas as letras, em vez de fazer declarações evasivas e ambíguas. A escolha de Tim Kaine, um globalista que fala espanhol fluentemente, como companheiro de chapa, é um bom sinal. Mas as pesquisas indicam uma disputa apertada e isso é inquietante. O futuro da ordem mundial liberal depende da vitória de Hillary.

Traduzido do inglês por Alexandre Hubner.

Fonte: O Estado de S. Paulo – Internacional – Domingo, 31 de julho de 2016 – Pág. A15 – Internet: clique aqui.

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