«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

terça-feira, 9 de agosto de 2016

O pós-impeachment

Eliane Cantanhêde
Jornalista

À medida que Michel Temer vira presidente de fato, os problemas
também se efetivam e surgem desconfianças
RICARDO LEWANDOWSKI - Preside sessão do Senado Federal que decide sobre impedimento
da Presidente afastada Dilma Rousseff - ao seu lado está o presidente do Senado, Renan Calheiros

Dá-se de barato que, passado o impeachment definitivo de Dilma Rousseff, tudo será diferente no governo Michel Temer. A base aliada amanhecerá mais dócil, os projetos prioritários serão aprovados do dia para a noite, os empresários cairão de amores pelo novo Planalto, os investidores vão voltar correndo, os empregos vão jorrar. Será que é isso mesmo?

Tudo indica que o impeachment passará hoje, já sob a presidência do ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal [STF], e chegará virtualmente decidido à fase final em plenário. E é verdade que o fim da interinidade vai conferir maior segurança para Temer, o governo e o próprio País, o que é muito importante, sobretudo, do ponto de vista das relações internacionais. Mas, do ponto de vista interno, o fato é que o Congresso continua exatamente o mesmo, com a dificuldade adicional de uma Câmara ultrafragmentada e o Centrão tentando manter vivo o morto Eduardo Cunha. [O problema é que continuamos com os mesmos deputados federais e senadores! A maioria sem qualidades para estar onde está!]

Quanto mais o impeachment final se aproxima, mais crescem as dúvidas sobre a capacidade do novo governo de começar a tapar o buraco fiscal, dizendo “não” a pedidos variados de Estados, municípios e categorias profissionais, todos devidamente representados por suas bancadas no Congresso e com enorme capacidade de pressão.

Temer está para trocar a interinidade pela condição de presidente efetivo, mas os problemas continuam e ele tem pela frente negociações duríssimas para aprovar o acordo com os Estados, o teto de gastos, a reforma da Previdência e mudanças nas regras trabalhistas, além de encaminhar, por favor!, o início de uma reforma política. [Será que vai, mesmo?! Tenho muitas dúvidas!]

O líder do governo no Senado, Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), porém, diz que o governo vai muito bem, que as críticas às vezes são injustas e que até na parlamentarista França, que ele conhece bem e é um exemplo de democracia, tudo é feito na base da negociação: “O François Hollande, que tem maioria no parlamento, também teve de negociar a reforma trabalhista. Ele ganhou, mas a reforma não é exatamente a que ele queria”. 
JOSÉ SERRA e MICHEL TEMER
apareceram nas delações que diretores da construtora Odebrecht estão fazendo no processo
da Lava Jato e muitos outros nomes surgirão!

Mais constrangedor e preocupante do que isso, aliás, é que o impeachment caminha numa rodovia e a Lava Jato em outra, paralela, a mil por hora. Estão começando agora, por exemplo, as delações da Odebrecht, que derramou muitos milhões de reais e dólares em praticamente todas as campanhas majoritárias e em muitas proporcionais. Levante a mão o presidente de grande partido (como Temer) e o candidato a presidente e governador que nunca pediu doações da Odebrecht!

Com as novas delações, chegam ao noticiário conversas de Temer com as grandes doadoras, a arrecadação do PMDB, do PSDB, do PSD... e as contribuições para as campanhas de ministros de Temer, como o chanceler José Serra, candidato a presidente em 2002 e 2010. Junto a tudo isso, um velho fantasma do Congresso passa a assombrar também o governo: o caixa 2 de campanha. E, por falar em fantasma, nunca se sabe se, quando e como Eduardo Cunha pode virar delator.

Logo, a votação do impeachment definitivo de Dilma não é o fim nem o começo de nada. É apenas mais uma etapa num processo ainda tortuoso, cheio de curvas perigosas e grande possibilidade de surpresas arrepiantes. Temer vai mudar de um palácio para outro, mas a vida no Alvorada também não é feita de flores.

Bom samba

As duas primeiras medalhas do Brasil na Olimpíada foram de atletas militares: Rafaela Silva, ouro no judô, é sargento da Marinha e Felipe Wu, prata no tiro de pistola, do Exército. Além disso, dos 467 integrantes da delegação brasileira, 145 (quase 1/3) são militares, 52 deles do Exército.

Como as Forças Armadas vão herdar o Complexo Desportivo de Deodoro, pode-se prever que a combinação de bons preparadores, recrutamento de talentos e boas pistas, quadras, piscinas e stands poderá dar um bom samba para a próxima Olimpíada. Vamos torcer.

Fonte: O Estado de S. Paulo – Política / Colunista – Terça-feira, 9 de agosto de 2016 – Pág. A6 – Internet: clique aqui.

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