«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

quinta-feira, 18 de maio de 2017

CHEGA DE TEMER & DO PMDB!

Devemos obedecer a um governo ilegítimo?

Vladimir Safatle
Filósofo e Professor da USP

O poder deve ser devolvido ao povo para que escolha
um outro caminho democrático
MICHEL TEMER (PMDB-SP)

Devemos obedecer a um governo ilegítimo? Devemos aceitar ordens de quem, de forma explícita, se mostra capaz de servir-se do governo para impedir o funcionamento da Justiça ou para fazer passar leis que contrariam abertamente a vontade da maioria? Estas perguntas devem ser lembradas neste momento. Pois a adesão pontual do povo a seu governo não se dá devido à exigência da lei, mas devido a capacidade dos membros do governo respeitarem a vontade geral.

Esta capacidade está definitivamente quebrada. Não. Na verdade, ela nunca existiu. Se quisermos ser mais precisos, devemos dizer que apenas se quebrou a última de todas as aparências. O desgoverno Temer não consegue sequer sustentar uma aparência de legitimidade. Cada dia a mais deste "governo" é uma afronta ao povo brasileiro. O que nos resta é a desobediência sistemática a todas as ações governamentais até que o "governo" caia.

Temer entrará para a história brasileira:
1º) não apenas como o primeiro vice-presidente a ter conspirado abertamente contra sua própria presidenta até sua queda final.
2º) Ele será lembrado como o primeiro presidente a ser pego operando diretamente casos de tráfico de influência (o caso de seu antigo Ministro da Cultura sendo obrigado a liberar uma licença para viabilizar o apartamento de Geddel Vieira) e
3º) de pagamento para silenciar presos.

Exatamente no mesmo momento em que este senhor exigia do povo brasileiro "sacrifícios" ligados à destruição de condições mínimas de trabalho e garantia previdenciária ele pedia ao dono da Friboi que continuasse a dar mesada para presos ficarem calados. O mesmo que entregará o país com 14 milhões de desempregados e mais 3,6 milhões de pobres garantiu lucros recordes para os bancos brasileiros no último trimestre.

Agora, alguns acham que o Brasil deve seguir então "os procedimentos legais" e empossar o investigado Rodrigo Maia para que convoque uma eleição indireta para presidente. De todos os disparates nesta República oligárquica, este seria o maior de todos. Em um momento como o atual, o país não deve recorrer a leis claramente inaceitáveis, ainda mais se levarmos em conta a situação em que vivemos.

Afinal, como admitir que um presidente seja escolhido por um Congresso Nacional de indiciados e réus, fruto de um sistema incestuoso de relações entre casta política e empresariado que agora vem à tona? Uma das bases da democracia é não submeter a soberania popular a decisões equivocadas feitas no passado, nem a instituições aberrantes. O povo não é prisioneiro dos erros do passado, mas sua vontade é sempre atual e soberana. Ele pode desfazer as leis que ele mesmo fez e destituir instituições que se mostram corrompidas.

Por esta razão, o único passo na direção correta seria a convocação extraordinária de eleições gerais, com a possibilidade de apresentação de candidaturas independentes, para que aqueles que não se sentem mais representados por partidos possam também ter presença política. Que o Brasil entenda de um vez por todas: em situações de crise, não há outra coisa a fazer do que caminhar em direção ao grau zero da representação, convocar diretamente o povo e deixá-lo encontrar suas próprias soluções. Toda democracia é um kratos do demos, ou seja, o exercício de uma força (kratos) própria ao povo em assembleia. Esta é a única força que pode abrir novos horizontes neste momento.

[Opinião pessoal: Ainda mais urgente, seria a convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte Específica para a Reforma Política. Os deputados constituintes eleitos não poderiam ser candidatos a nenhum cargo público pelo período de oito anos após a aprovação das novas regras para reger o sistema político e eleitoral do Brasil. O mandato desses deputados constituintes valeria apenas para a elaboração dessas novas leis! Do contrário, penso que continuaremos a trocar seis por meia dúzia! Isto é, a enxugar gelo, pois o sistema político brasileiro está totalmente podre e corrompido! Não há mais confiança, credibilidade desse sistema perante a opinião pública! Mas, CUIDADO! É nestas horas que aparecem oportunistas pousando de santos, messias, salvadores da pátria capazes de resolver tudo! O nosso povo deverá ser muito cuidadoso e crítico para não se deixar enrolar pelos “falsos profetas” que já estão surgindo!!!]

Fonte: Folha de S. Paulo – Opinião/Colunistas – Quinta-feira, 18 de maio de 2017 – 11h18 – Internet: clique aqui.

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