«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

quinta-feira, 11 de maio de 2017

LULA e a arte de se esquivar

A culpa foi de Marisa

Eliane Cantanhêde

Lula jogou o apartamento no colo da mulher dele, que já morreu e
agora está no centro da Lava Jato
LULA NO INTERROGATÓRIO CONDUZIDO PELO JUIZ MORO
Quarta-feira, 10 de maio de 2017

Como estava escrito nas estrelas, o ex-presidente Lula disse que não pagou pelo triplex, não estava interessado nele, não poderia nem ir à praia (“só às segundas-feiras e nas Quartas-feiras de Cinzas”), “Dona Marisa” não gostava mesmo de praia e, afinal, o apartamento era pequeno e cheio de defeitos. Ah! E Lula não sabia de nada do que ocorria na Petrobrás nem no Partido dos Trabalhadores [PT].

Então, quem sabia alguma coisa? Lula jogou o apartamento no colo da mulher dele, que já morreu e agora está no centro da Lava Jato. Marisa Letícia é quem estava interessada no triplex (para investimento?) e Lula só soube depois que ela tinha ido lá com o filho, mesmo depois da desistência da compra. Essas mulheres...

Moro não se intimidou e fez perguntas curtas, diretas, respaldadas por agendas, datas, fatos. Lula, ao contrário, parecia inseguro, sem a fluência e as sacadas típicas dele. Recorreu o tempo todo a “não sei”, “não lembro”, não tinha obrigação de saber que Renato Duque “operava” para o PT na Petrobrás e que Pedro Barusco roubava tanto que pôde devolver 100 milhões de dólares à justiça.

O depoimento foi, tecnicamente, sobre o triplex, mas ele é só uma das materializações das relações promíscuas entre o ex-presidente e as empreiteiras. Por isso, Moro fez várias perguntas sobre Duque, Barusco e o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto.

Mais do que o triplex, o que complica Lula é o encontro com Duque num hangar em São Paulo. O que um ex-presidente queria com um ex-diretor da Petrobrás? E por que pediu a mediação de Vaccari, que nem era do governo nem da Petrobrás? Segundo Duque, Lula foi pedir para anular provas. Mas Lula disse que só queria saber se era verdade que Duque tinha contas milionárias no exterior. Ficou claro que, como não poderia negar o encontro, Lula adocicou a verdade. Adivinha com qual versão a Justiça trabalha?

Mulher de Lula emerge como “investidora”

Vera Magalhães

As inconsistências da defesa e o truque de terceirizar para alguém que morreu e, assim, não é mais parte do processo não parecem ser um caminho jurídico seguro 
TRIPLEX NO GUARUJÁ PRETENSAMENTE PERTENCENTE A LULA

Mais uma vez, Luiz Inácio Lula da Silva não sabia de nada. Antes foram Delúbio Soares, Silvio Pereira, José Dirceu e os “malfeitos” do mensalão. Depois, os “aloprados” do dossiê contra os tucanos em 2006. Agora, o triplex: sua mulher, Marisa Letícia, a despeito de “odiar” praia, visitou o apartamento no Guarujá mais de uma vez, desejava adquiri-lo para “investimento”, mas não conversava com o marido sobre isso, nem sobre a eventual troca de uma cota de unidade simples pelo triplex.

“Eu não sei” foi a frase mais dita por Lula em suas cinco horas de depoimento diante do juiz Sergio Moro:
* Semblante crispado,
* nervosismo patente em cacoetes como cofiar o bigode,
* abrir e fechar compulsivamente as pernas dos óculos de leitura,
* beber sucessivas garrafas de água,
* folhear (sem ler) o calhamaço de papel à sua frente e
* arrumar o nó na gravata, como se o tivesse apertando,
eram gestos a indicar um animal político fora de seu hábitat.

Mas embora não tenha conseguido transformar o interrogatório num comício, como fizera em seu primeiro depoimento como réu, em Brasília, Lula teve seus momentos. Ao dizer a Moro que, por ser quem é, só poderia frequentar a praia no Guarujá “às segundas ou na quarta-feira de Cinzas”, ao perguntar ao juiz se não sabia se ele já tinha enfrentado um vendedor de imóveis ou ao pintá-lo como um “jovem” sem paciência com um “velho”, estava lá a raposa dos palanques.

Mas isso pouco ou nada pode ajudar a situação jurídica de Lula. Nesse campo, o que se viu, depois de meses clamando por “provas”, foi o ex-presidente tergiversar:
1) Diante de documento de 2004 de opção de compra do apartamento, apreendido em seu apartamento em São Bernardo, chegou a insinuar que o papel pode ter sido “plantado”.
2) Flagrado em contradição sobre as circunstâncias das visitas ao triplex, de novo recorreu a dona Marisa para deixar sob sua responsabilidade toda a transação do imóvel.

As inconsistências da defesa e o truque de terceirizar para alguém que morreu e, assim, não é mais parte do processo não parecem ser um caminho jurídico seguro para alguém que tem um séquito de advogados à disposição e armou um circo político para posar de vítima de perseguição. Diante das câmeras, o Lula bravateiro deu lugar a outro, acuado e hesitante. Entende-se a celeuma em torno do ângulo de filmagem do depoimento.
SERGIO MORO

Entre a tecnicalidade e a informalidade

Davi Tangerino

Dada a palavra aos comentários finais do réu,
Lula assumiu a esperada posição de perseguido político;
Moro fez questão de consignar que o julgamento seria pautado pela lei

Uma análise preliminar do interrogatório do ex-presidente Lula já permite alguns comentários. Primeiramente, chama atenção os minutos dedicados por Moro em declarar-se neutro em relação a Lula, bem como nas palavras tranquilizadoras quanto à sua (não) prisão naquela audiência. Em segundo lugar, a defesa insistiu fortemente que perguntas estranhas à acusação (por exemplo, relativas ao sítio de Atibaia) fossem deixadas de fora do interrogatório, já que o acusado se defende apenas dos fatos descritos na denúncia.

Moro, após ouvir as objeções, manteve tais perguntas, ressalvando que ao réu era dado o exercício do direito ao silêncio. Coloca-se, aqui, um embate que transcende a tecnicalidade: a defesa considerava a pergunta indevida, fora de lugar; logo, não era o caso de formulá-la e não de invocar o direito ao silêncio.

O simbólico, aliás, merece o terceiro aspecto a ser comentado: Moro fez questão de sempre chamá-lo de “ex-presidente”. Um quarto elemento diz respeito às perguntas repetidas. Moro perguntou e reperguntou coisas muito semelhantes, algo que ele não deferiria nem à defesa, nem ao Ministério Público Federal [MPF]. Aliás, a preponderância do magistrado na formulação de perguntas escapa ao sistema acusatório, em que incumbe às “partes” mover a produção de provas.

Por fim, Lula portou-se com a informalidade costumeira, não tendo poupado nem comentários jocosos, nem broncas ao MPF. Dada a palavra aos comentários finais do réu, assumiu a esperada posição de perseguido político, em um esquema alimentado pela mídia. Moro fez questão de consignar que o julgamento seria pautado pela lei.

Assista os vídeos do interrogatório do ex-presidente na Lava Jato,
clicando aqui.

Fonte: ESTADÃO.COM.BR – Política – Quinta-feira, 11 de maio de 2017 – 01h06, 00h59 e 01h13 – Internet: clique aqui; e aqui.

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