«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2019

Para a Igreja, é hora de abrir o armário!

Um novo livro sobre a homossexualidade
no Vaticano sai nesta semana.
O que podemos esperar?

Michael J. O’Loughlin
Revista “America”
14-02-2019


Um livro prometendo expor o que o autor alega ser hipocrisia
de líderes da Igreja Católica, sobre questões relacionadas à homossexualidade, será publicado nesta semana
FRÉDÉRIC MARTEL
Escritor, pesquisador e jornalista francês - autor do livro

De acordo com um comunicado de imprensa de sua editora, Bloomsbury, In The Closet of The Vatican (No armário do Vaticano, em tradução livre) do jornalista francês Frédéric Martel, “expõe a podridão no coração do Vaticano e da Igreja Católica Romana atualmente”. Martel, que também é sociólogo, teria passado quatro anos conduzindo mais de 1.500 entrevistas, incluindo conversas com 41 cardeais, dezenas de padres e outras autoridades do Vaticano. Isto, de acordo com o jornal The Tablet, que também alega que o livro relata que 80% dos padres trabalhando no Vaticano são gays, não sendo necessariamente sexualmente ativos.

A tese central do livro de 576 páginas, de acordo com o comunicado de imprensa, é que quanto mais homofóbico é o prelado, maiores as chances dele mesmo ser gay.
Edição francesa, original do livro:
Tradução livre do título:
"SODOMA: investigação no
coração do Vaticano"
Será publicado no dia 21/02/2019

Uma parte da edição francesa do livro foi publicada pela revista Le Point no dia 13 de fevereiro. De acordo com o artigo, Martel explora os ataques contra o Papa Francisco, a quem Le Point chama de “herói” do livro, mas gasta muito mais tempo examinando os papados e assessores de João Paulo II e Bento XVI.

Nas últimas décadas, algumas autoridades do alto escalão católico têm estado à frente da batalha contra casamentos do mesmo sexo e de direitos LGBT. Mas o Papa Francisco tenta dar um tom mais acolhedor à discussão, nos últimos anos, mantendo a doutrina da Igreja quanto a sexualidade e casamento, mas incitando menos críticas ao se aproximar da comunidade LGBT.

O reverendo James Alison, padre e teólogo britânico, dedicado aos assuntos de sexualidade e sacerdócio, disse à America que quando se trata de padres homossexuais “o que realmente importa é a honestidade.

Pe. Alison, que foi entrevistado diversas vezes para o livro de Martel, disse que um sistema que impede os padres de serem honestos sobre sua própria sexualidade, cria condições suscetíveis ao escândalo. Oficialmente, homens gays são barrados do sacerdócio, instrução confirmada, em 2016, pelo Papa Francisco. Mas críticos dizem que o banimento não funciona de fato, ao invés disso, mantém gays que ainda desejam servir ao sacerdócio, presos no armário.

Que haja um grande número de padres homossexuais [a serviço do Vaticano] não deveria ser a questão”, ele disse. “O fato é que eles estão no armário de uma forma ou outra e, portanto, estão suscetíveis a serem chantageados. Este é o problema”.
JAMES ALISON
Padre e teólogo britânico

Alison disse que esse tipo de sigilo pode levar alguns bispos e padres a viverem vidas duplas, um fenômeno que Francisco condena repetidamente, e isso contribui para os abusos financeiros e sexuais que abalaram a Igreja nas últimas décadas.
Edição inglesa do livro será publicada no dia 21
de fevereiro próximo.
Tradução livre do título:
"No armário do Vaticano: poder,
homossexualidade, hipocrisia"

In the Closet of the Vatican deve ser lançado em 8 idiomas e em 20 países, em 21 de fevereiro, mesmo dia que se inicia a cúpula de bispos de todo o mundo com o Papa Francisco, em Roma, onde eles discutirão maneiras de lutar contra o abuso sexual infantil.

Essa data de lançamento deixa algumas pessoas preocupadas.

James Martin S.J., editor da America, cuja dissertação “The Challenges and Gifts of the Homossexual Priest” (Os desafios e dádivas de padres homossexuais, em tradução livre) foi publicada em 2000, diz estar desapontado.

“Infelizmente, o momento da publicação do livro torna inevitável que a discussão sobre ele confunda a questão dos padres gays com os abusos sexuais”, disse o padre Martin, acrescentando que os primeiros relatos descrevem o livro como tendo “uma camada quase impenetrável de fofoca”.

Sean Larsen, teólogo e editor-chefe da revista acadêmica on-line Syndicate, disse que, nas primeiras recepções do livro, ele vê um teste de Rorschach sobre questões da homossexualidade.

“Eu realmente temo o equívoco entre pedofilia e abuso sexual com a homossexualidade, mas esse equívoco somente se dá se você vê a homossexualidade como um problema ou um escândalo”, disse Larsen.
Edição em língua portuguesa,
pela editora Sextante de Portugal.
Será publicado, também, no próximo
dia 21 de fevereiro de 2019

Especialistas dos Estados Unidos já disseram que não há relação entre a orientação sexual e abuso de menores. Enquanto alguns bispos sugeriram que a Igreja olhe mais atentamente para ligações entre o grande número de padres gays e o abuso, muitos líderes de alto escalão da Igreja, incluindo o Papa Francisco, disseram que a cultura clericalista é a culpada.

Por sua parte, padre Alison disse que o sigilo exigido de muitos padres gays pode fazer deles “incapazes de olhar o que está acontecendo ao redor”, mesmo que nunca tenham tido um comportamento abusivo.

“É aí que o livro é realmente útil. Ele mostra quão mentiroso o mundo do ‘não pergunte, não fale’ é, e como isso faz com que todos os envolvidos sejam incapazes de lidar com a verdade”, ele disse. Referindo-se a padres cujos comportamentos vão contra o que é esperado deles, padre Alison disse “Eles apenas precisam se sentir chantageados”.

Sobre como “resolver” o desafio cultural, Alison disse que, na teoria, a solução é simples:


“Acontecerá quando jovens, ao entrarem no sacerdócio, sejam capazes de ser honestos sobre quem eles são, e bispos sejam capazes de ser honestos sobre quem eles estão ordenando”, ele disse. “No momento, nada disso é possível”.

Traduzido do inglês por Natália Froner dos Santos. Acesse a versão original do artigo, clicando aqui.

Fonte: Instituto Humanitas Unisinos – Notícias – Segunda-feira, 18 de fevereiro de 2019 – Internet: clique aqui.

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