Quem financia os direitistas ultraliberais?
Como os libertários
americanos estão reinventando
a política
latino-americana
Lee Fang*
Saiba quem dá
dinheiro para quem e para fazer o quê
pela América Latina
afora.
A meta é extinguir a
esquerda e abrir caminho para que
somente ricos e grandes
capitalistas triunfem nas
terras americanas
PARA ALEJANDRO CHAFUEN, a reunião desta primavera no Brick
Hotel, em Buenos Aires, foi tanto uma volta para casa quanto uma volta
olímpica. Chafuen, um esguio argentino-americano, passou a vida
adulta se dedicando a combater os movimentos sociais e governos de esquerda das
Américas do Sul e Central, substituindo-os por uma versão pró-empresariado
do libertarianismo.
Ele lutou sozinho durante
décadas, mas isso está mudando. Chafuen estava rodeado de amigos no Latin
America Liberty Forum 2017. Essa reunião internacional de ativistas
libertários foi patrocinada pela Atlas Economic
Research Foundation, uma organização sem fins lucrativos conhecida
como Atlas Network (Rede Atlas), que Chafuen dirige desde 1991. No
Brick Hotel, ele festejou as vitórias recentes; seus anos de trabalho estavam
começando a render frutos – graças às circunstâncias políticas e econômicas e à
rede de ativistas que Chafuen se esforçou tanto para criar.
Nos últimos 10 anos, os
governos de esquerda usaram “dinheiro para comprar votos, para redistribuir”,
diz Chaufen, confortavelmente sentado no saguão do hotel. Mas a recente
queda do preço das commodities, aliada a escândalos de corrupção,
proporcionou uma oportunidade de ação para os grupos da Atlas Network.
“Surgiu uma abertura – uma crise – e uma demanda por mudanças, e nós tínhamos
pessoas treinadas para pressionar por certas políticas”, observa Chafuen,
parafraseando o falecido Milton Friedman. “No nosso caso, preferimos soluções
privadas aos problemas públicos”, acrescenta.
Chafuen cita diversos
líderes ligados à Atlas que conseguiram ganhar notoriedade: ministros do governo conservador argentino, senadores
bolivianos e líderes do Movimento Brasil Livre (MBL), que ajudaram a derrubar a presidente Dilma
Rousseff – um exemplo vivo dos frutos do trabalho da rede Atlas, que Chafuen
testemunhou em primeira mão.
MOVIMENTO BRASIL LIVRE - MBL Dinheiro da Atlas e organizações norte-americanas para aqueles que se diziam estar "defendendo o Brasil" |
“Estive nas manifestações
no Brasil e pensei: ‘Nossa, aquele cara tinha uns 17 anos quando o conheci, e
agora está ali no trio elétrico liderando o protesto. Incrível!’”, diz,
empolgado. É a mesma animação de membros da Atlas quando o encontram em Buenos
Aires; a tietagem é constante no saguão do hotel. Para muitos deles, Chafuen é
uma mistura de mentor, patrocinador fiscal e verdadeiro símbolo da luta por um
novo paradigma político em seus países.
UMA GUINADA À DIREITA está
em marcha na política latino-americana,
destronando os governos socialistas que foram a marca do continente durante boa
parte do século XXI – de Cristina Kirchner, na Argentina, ao defensor da
reforma agrária e populista Manuel Zelaya, em Honduras –, que
implementaram políticas a favor dos pobres, nacionalizaram empresas e
desafiaram a hegemonia dos EUA no continente.
Essa alteração pode parecer
apenas parte de um reequilíbrio regional causado pela conjuntura econômica,
porém a Atlas Network parece estar sempre presente, tentando
influenciar o curso das mudanças políticas.
Quem
financia e apoia
A história da Atlas Network e
seu profundo impacto na ideologia e no poder político nunca foi contada na
íntegra. Mas os registros de suas atividades em três continentes, bem como as
entrevistas com líderes libertários na América Latina, revelam o alcance de sua
influência. A rede libertária, que conseguiu alterar o poder político em
diversos países, também é uma extensão tácita da política externa dos EUA
– os think tanks [= são instituições que se dedicam a produzir e
difundir informações sobre temas específicos. Seus objetivos são influenciar
ideias na sociedade e decisões na política.] associados à Atlas são
discretamente financiados pelo Departamento de Estado e o National Endowment
for Democracy (Fundação Nacional para a Democracia – NED), braço crucial
do soft power norte-americano.
Embora análises recentes
tenham revelado o papel de poderosos bilionários conservadores – como os irmãos Koch – no
desenvolvimento de uma versão pró-empresariado do libertarianismo, a Atlas
Network – que também é financiada pelas fundações Koch – tem usado
métodos criados no mundo desenvolvido, reproduzindo-os em países em
desenvolvimento.
A rede é extensa, contando
atualmente com parcerias com 450 think tanks em todo o mundo. A Atlas afirma ter gasto mais de US$ 5 milhões com
seus parceiros apenas em 2016.
Ao longo dos anos, a Atlas
e suas fundações caritativas associadas realizaram centenas de doações para think
tanks conservadores e defensores do livre mercado na América Latina,
inclusive a rede que apoiou o Movimento Brasil Livre (MBL) e organizações que participaram
da ofensiva libertária na Argentina, como a Fundação
Pensar, um think tank da Atlas que se incorporou ao
partido criado por Mauricio Macri, um homem de negócios e atual presidente do
país. Os líderes do MBL e o fundador
da Fundação Eléutera – um think tank neoliberal extremamente influente no
cenário pós-golpe hondurenho – receberam financiamento da Atlas e fazem
parte da nova geração de atores políticos que já passaram pelos seus seminários
de treinamento.
A Atlas Network conta com
dezenas de think tanks na América Latina, inclusive grupos extremamente
ativos no apoio às forças de oposição na Venezuela e ao candidato de
centro-direita às eleições presidenciais chilenas, Sebastián Piñera.
Protesto a favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff diante do Congresso Nacional, em Brasília, no dia 2 de dezembro de 2015. Foto: Eraldo Peres/AP |
A
Atlas Network ajudando a dar o golpe no Brasil
EM NENHUM OUTRO LUGAR a
estratégia da Atlas foi tão bem sintetizada quanto na recém-formada rede
brasileira de think tanks de defesa do livre mercado. Os novos
institutos trabalham juntos para fomentar o descontentamento com as
políticas socialistas; alguns criam centros acadêmicos enquanto outros
treinam ativistas e travam uma guerra constante contra as ideias de esquerda na
mídia brasileira.
O
esforço para direcionar a raiva da população contra a esquerda
rendeu
frutos para a direita brasileira no ano passado.
Os
jovens ativistas do MBL – muitos deles treinados em organização política
nos
Estados Unidos – lideraram um movimento de massa para
canalizar
o descontentamento popular com um grande escândalo de
corrupção
para desestabilizar Dilma Rousseff,
uma
presidente de centro-esquerda.
O escândalo, investigado por
uma operação batizada de Lava-Jato, continua tendo desdobramentos,
envolvendo líderes de todos os grandes partidos políticos brasileiros,
inclusive à direita e centro-direita. Mas o MBL soube usar muito bem as
redes sociais para direcionar a maior parte da revolta contra Dilma,
exigindo o seu afastamento e o fim das políticas de bem-estar social
implementadas pelo Partido dos Trabalhadores (PT).
A revolta – que foi comparada
ao movimento Tea Party [= movimento ultraconservador norte-americano] devido
ao apoio tácito dos conglomerados industriais locais e a uma nova rede de
atores midiáticos de extrema-direita e tendências conspiratórias –
conseguiu interromper 13 anos de dominação do PT ao afastar Dilma do cargo por
meio de um impeachment em 2016.
O cenário político do qual
surgiu o MBL é uma novidade no Brasil. Havia no máximo três think tanks
libertários em atividade no país dez anos atrás, segundo Hélio Beltrão Filho,
um ex-executivo de um fundo de investimentos de alto risco que agora dirige
o Instituto Mises, uma organização sem fins
lucrativos que recebeu o nome do filósofo libertário Ludwig von Mises. Ele
diz que, com o apoio da Atlas, agora existem cerca de 30 institutos agindo e
colaborando entre si no Brasil, como o Estudantes pela
Liberdade e o MBL.
“É como um time de
futebol; a defesa é a academia, e os políticos são os atacantes. E já marcamos
alguns gols”, diz Beltrão, referindo-se ao impeachment de Dilma. O meio
de campo seria “o pessoal da cultura”, aqueles que formam a opinião
pública.
Beltrão explica que a rede de
think tanks está pressionando pela privatização dos Correios, que ele
descreve como “uma fruta pronta para ser colhida” e que pode conduzir a uma
onda de reformas mais abrangentes em favor do livre mercado. Muitos
partidos conservadores brasileiros acolheram os ativistas libertários quando
estes demonstraram que eram capazes de mobilizar centenas de milhares de
pessoas nos protestos contra Dilma, mas ainda não adotaram as teorias da “economia
do lado da oferta”.
Fernando
Schüler, acadêmico e colunista
associado ao Instituto Millenium – outro think tank da Atlas no Brasil – tem
uma outra abordagem. “O Brasil tem 17 mil sindicatos pagos com dinheiro
público. Um dia de salário por ano vai para os sindicatos, que são
completamente controlados pela esquerda”, diz. A única maneira de reverter a
tendência socialista seria superá-la no jogo de manobras políticas. “Com a
tecnologia, as pessoas poderiam participar diretamente, organizando – no
WhatsApp, Facebook e YouTube – uma espécie de manifestação pública de baixo
custo”, acrescenta, descrevendo a forma de mobilização de protestos dos
libertários contra políticos de esquerda.
FERNANDO SCHÜLER Acadêmico e colunista - membro do Instituto Millenium no Rio de Janeiro |
Os organizadores das
manifestações anti-Dilma produziram uma torrente diária de vídeos no YouTube
para ridicularizar o governo do PT e
criaram um placar interativo para incentivar os cidadãos a pressionarem seus
deputados por votos de apoio ao impeachment.
Schüler notou que, embora o
MBL e seu próprio think tank fossem apoiados por associações industriais
locais, o sucesso do movimento se devia parcialmente à sua não identificação
com partidos políticos tradicionais, em sua maioria vistos com maus olhos
pela população.
Ele
argumenta que a única forma de reformar radicalmente a sociedade
e
reverter o apoio popular ao Estado de bem-estar social é
travar
uma guerra cultural permanente
para
confrontar os intelectuais e a mídia de esquerda.
UM DOS FUNDADORES do Instituto
Millenium, o blogueiro Rodrigo Constantino,
polariza a política brasileira com uma retórica ultrassectária. Constantino,
que já foi chamado de “o Breitbart brasileiro”**
devido a suas teorias conspiratórias e seus comentários de teor radicalmente
direitistas, é presidente do conselho deliberativo de outro think tank da
Atlas – o Instituto Liberal. Ele enxerga
uma tentativa velada de minar a democracia em cada movimento da esquerda
brasileira, do uso da cor vermelha na logomarca da Copa do Mundo ao Bolsa
Família, um programa de transferência de renda.
RODRIGO CONSTANTINO Blogueiro e escritor - Instituto Millenium e Instituto Liberal |
Constantino é considerado
o responsável pela popularização de uma narrativa segundo a qual os defensores
do PT seriam uma “esquerda caviar”, ricos hipócritas que abraçam o
socialismo para se sentirem moralmente superiores, mas que na realidade desprezam
as classes trabalhadoras que afirmam representar.
A “breitbartização” do
discurso é apenas uma das muitas formas sutis pelas quais a Atlas
Network tem influenciado o debate político.
“Temos um Estado muito
paternalista. É incrível. Há muito controle estatal, e mudar isso é um desafio
de longo prazo”, diz Schüler, acrescentando que, apesar das vitórias
recentes, os libertários ainda têm um longo caminho pela frente no Brasil. Ele
gostaria de copiar o modelo de Margaret Thatcher, que se apoiava em uma rede de
think tanks libertários para implementar reformas impopulares. “O
sistema previdenciário é absurdo, e eu privatizaria toda a educação”,
diz Schüler, pondo-se a recitar toda a litania de mudanças que faria na
sociedade, do corte do financiamento a sindicatos ao fim do voto obrigatório.
[Comentário
pessoal: não por acaso, tudo aquilo que defende este ultraliberal brasileiro,
Fernando Schüler, vai contra os interesses da população mais pobre e
trabalhadores em geral! Em um país como o Brasil, aplicar as suas teorias
seria condenar milhões e milhões de brasileiros à miséria, ao abandono, à morte
prematura. Sem um Estado que seja capaz de proporcionar, ao menos, educação,
saúde e segurança, a maioria da população do Brasil estaria ao “Deus
dará”! O famoso “mercado”, o sistema econômico que nos rege não é formado por
santos, por pessoas que só querem o bem dos outros! Isso é uma ilusão, uma
miragem! Nem eles creem nisso! Veja o presidente dos Estados Unidos, Donald
Trump, usando do poder do Estado para proteger e aumentar os lucros dos
empresários norte-americanos em relação aos chineses e ao restante do mundo!
Não é o Estado intervindo na economia??? Contudo, os ultraliberais não o criticam,
não o combatem, será por quê???]
Mas a única maneira de tornar
tudo isso possível, segundo ele, seria a formação de uma rede politicamente
engajada de organizações sem fins lucrativos para defender os objetivos
libertários. Para Schüler, o modelo atual – uma constelação de think
tanks em Washington sustentada por vultosas doações – seria o único caminho
para o Brasil.
E é exatamente isso que a Atlas
tem se esforçado para fazer. Ela oferece subvenções a novos think tanks
e cursos sobre gestão política e relações públicas, patrocina eventos de
networking no mundo todo e, nos últimos anos, tem estimulado libertários a
tentar influenciar a opinião pública por meio das redes sociais e vídeos online.
Uma competição anual
incentiva os membros da Atlas a produzir vídeos que viralizem no YouTube
promovendo o laissez-faire e ridicularizando os defensores do Estado
de bem-estar social. James O’Keefe, provocador famoso por alfinetar
o Partido Democrata americano com vídeos gravados em segredo, foi convidado
pela Atlas para ensinar seus métodos. No estado americano do Wisconsin, um
grupo de produtores que publicava vídeos na internet para denegrir protestos de
professores contra o ataque do governador Scott Walker aos sindicatos do setor
público também compartilharam sua experiência nos cursos da Atlas.
A
Atlas Network atuando na Venezuela
EM UMA DE SUAS ÚLTIMAS
REALIZAÇÕES, a Atlas influenciou uma das crises
políticas e humanitárias mais graves da América Latina: a venezuelana. Documentos obtidos graças ao “Freedom of
Information Act” (Lei da Livre Informação, em tradução livre) por
simpatizantes do governo venezuelano – bem como certos telegramas do
Departamento de Estado dos EUA vazados por Chelsea Manning – revelam uma complexa
tentativa do governo americano de usar os think tanks da Atlas em uma campanha
para desestabilizar o governo de Hugo Chávez.
Em 1998, a CEDICE Libertad –
principal organização afiliada à Atlas em Caracas, capital da Venezuela – já
recebia apoio financeiro do Center for International Private Enterprise
(Centro para a Empresa Privada Internacional – CIPE). Em uma carta de
financiamento do NED, os recursos são descritos como uma ajuda para “a
mudança de governo”. O diretor da CEDICE foi um dos signatários do
controverso “Decreto Carmona” em apoio ao malsucedido golpe militar contra
Chávez em 2002.
Um telegrama de 2006
descrevia a estratégia do embaixador americano, William Brownfield, de financiar
organizações politicamente engajadas na Venezuela: “1) Fortalecer
instituições democráticas; 2) penetrar na base política de Chávez; 3)
dividir o chavismo; 4) proteger negócios vitais para os Estados Unidos,
e 5) isolar Chávez internacionalmente.”
Na atual crise venezuelana, a
CEDICE tem promovido a recente avalanche de
protestos contra o presidente Nicolás Maduro, o acossado sucessor de Chávez.
A CEDICE está intimamente ligada à figura da oposicionista María Corina Machado, uma das líderes das
manifestações em massa contra o governo dos últimos meses. Machado já agradeceu
publicamente à Atlas pelo seu trabalho. Em um vídeo enviado ao grupo em 2014,
ela diz: “Obrigada à Atlas Network e a todos os que lutam pela liberdade.”
Como
funcionam os encontros da Atlas
NO LATIN AMERICA LIBERTY
FORUM, organizado pela Atlas Network em Buenos Aires, jovens líderes
compartilham ideias sobre como derrotar o socialismo em todos os lugares, dos
debates em campi universitários a mobilizações nacionais a favor de um
impeachment.
Em uma das atividades do
fórum, “empreendedores” políticos de Peru, República Dominicana e Honduras
competem em um formato parecido com o programa Shark Tank, um reality
show americano em que novas empresas tentam conquistar ricos e impiedosos
investidores. Mas, em vez de buscar financiamento junto a um painel de
capitalistas de risco, esses diretores de think tanks tentam vender
suas ideias de marketing político para conquistar um prêmio de US$ 5 mil.
Em outro encontro, debatem-se estratégias para atrair o apoio do setor
industrial às reformas econômicas. Em outra sala, ativistas políticos discutem
possíveis argumentos que os “amantes da liberdade” podem usar para combater o
crescimento do populismo e “canalizar o sentimento de injustiça de muitos” para
atingir os objetivos do livre mercado.
Mapa das organizações da rede Atlas na América do Sul O Brasil é o país com mais think thanks apoiados pela rede |
Um jovem líder da Cadal, um think tank de Buenos Aires, deu
a ideia de classificar as províncias argentinas de acordo com o que chamou de
“índice de liberdade econômica” – levando em conta a carga tributária e
regulatória como critérios principais –, o que segundo ela geraria um
estímulo para a pressão popular por reformas de livre mercado. Tal ideia é
claramente baseada em estratégias similares aplicadas nos Estados Unidos, como
o Índice de Liberdade Econômica da Heritage Foundation, que
classifica os países de acordo com critérios como política tributária e
barreiras regulatórias aos negócios.
Como
vender o “peixe” de que o ultraliberalismo não é contra os pobres
Os think tanks são
tradicionalmente vistos como institutos independentes que tentam desenvolver
soluções não convencionais.
Mas
o modelo da Atlas se preocupa menos com a formulação de novas soluções e
mais com o estabelecimento de organizações políticas disfarçadas de
instituições acadêmicas, em um esforço para conquistar a adesão do
público.
As ideias de livre mercado:
* redução de
impostos sobre os mais ricos;
* enxugamento do setor público e privatizações;
* liberalização das regras de comércio e restrições aos
sindicatos;
sempre tiveram um problema de
popularidade.
Os defensores dessa corrente
de pensamento perceberam que o eleitorado costuma ver essas ideias como uma
maneira de favorecer as camadas mais ricas. E reposicionar o libertarianismo
econômico como uma ideologia de interesse público exige complexas estratégias
de persuasão em massa.
Mas o modelo da Atlas, que
está se espalhando rapidamente pela América Latina, baseia-se em um método
aperfeiçoado durante décadas de embates nos Estados Unidos e no Reino Unido,
onde os libertários se esforçaram para conter o avanço do Estado de
bem-estar social do pós-guerra.
O filósofo e economista anglo-austríaco Friedrich Hayek com um grupo de alunos na London School of Economics, em 1948. Foto: Paul Popper/Popperfoto/Getty Images |
Como
surgiu a Atlas Network
ANTONY FISHER, empreendedor britânico e fundador da Atlas Network,
é um pioneiro na venda do libertarianismo econômico à opinião pública. A
estratégia era simples: nas palavras de um colega de Fisher, a missão era
“encher o mundo de think tanks que defendam o livre mercado”.
A base das ideias de Fisher
vêm de Friedrich Hayek, um dos pais da defesa
do Estado mínimo. Em 1946, depois de ler um resumo do livro seminal de
Hayek, O Caminho da Servidão, Fisher quis se encontrar com o economista
austríaco em Londres. Segundo seu colega John Blundell, Fisher sugeriu que
Hayek entrasse para a política. Mas Hayek se recusou, dizendo que uma
abordagem de baixo para cima tinha mais chances de alterar a opinião pública e
reformar a sociedade.
Enquanto isso, nos Estados
Unidos, outro ideólogo do livre mercado, Leonard
Read, chegava a conclusões parecidas depois de ter dirigido a Câmara
de Comércio de Los Angeles, onde batera de frente com o sindicalismo.
Para
deter o crescimento do Estado de bem-estar social,
seria
necessária uma ação mais elaborada no sentido de
influenciar
o debate público sobre os destinos da sociedade,
mas
sem revelar a ligação de tal estratégia com
os interesses do capital.
Fisher animou-se com uma
visita à organização recém-fundada por Read, a Foundation for Economic
Education (Fundação para a Educação Econômica – FEE), em Nova York,
criada para patrocinar e promover as ideias liberais. Nesse encontro, o
economista libertário F.A. Harper, que
trabalhava na FEE à época, orientou Fisher sobre como abrir a sua própria
organização sem fins lucrativos no Reino Unido.
Durante a viagem, Fisher e
Harper foram à Cornell University para conhecer a última novidade da indústria
animal: 15 mil galinhas armazenadas em uma única estrutura. Fisher decidiu
levar o invento para o Reino Unido. Sua fábrica, a Buxted Chickens, logo
prosperou e trouxe grande fortuna para Fisher. Uma parte dos lucros foi
direcionada à realização de outro objetivo surgido durante a viagem a Nova York
– em 1955, Fisher funda o Institute of
Economic Affairs (Instituto de
Assuntos Econômicos – IEA).
O IEA ajudou a popularizar
os até então obscuros economistas ligados às ideias de Hayek. O instituto era um baluarte de oposição ao crescente
Estado de bem-estar social britânico, colocando jornalistas em contato com
acadêmicos defensores do livre mercado e disseminando críticas constantes
sob a forma de artigos de opinião, entrevistas de rádio e conferências.
A maior parte do
financiamento do IEA vinha de empresas privadas, como os gigantes do setor
bancário e industrial Barclays e British Petroleum, que contribuíam anualmente. No livro Making Thatcher’s Britain
(A Construção da Grã-Bretanha de Thatcher, em tradução livre), dos
historiadores Ben Jackson e Robert Saunders, um magnata dos
transportes afirma que, assim como as universidades forneciam munição para os
sindicatos, o IEA era uma importante fonte de poder de fogo para os
empresários.
Quando a desaceleração
econômica e o aumento da inflação dos anos 1970 abalou os fundamentos da
sociedade britânica, políticos conservadores começaram a se aproximar do IEA
como fonte de uma visão alternativa. O instituto aproveitou a oportunidade e
passou a oferecer plataformas para que os políticos pudessem levar os conceitos
do livre mercado para a opinião pública. A Atlas Network afirma
orgulhosamente que o IEA “estabeleceu as bases intelectuais do que viria a ser
a revolução de Thatcher nos anos 1980”. A equipe do instituto escrevia
discursos para Margaret Thatcher; fornecia material de campanha na forma de
artigos sobre temas como sindicalismo e controle de preços; e rebatia as
críticas à Dama de Ferro na mídia inglesa. Em uma carta a Fisher depois de
vencer as eleições de 1979, Thatcher afirmou que o IEA havia criado, na opinião
pública, “o ambiente propício para a nossa vitória”.
“Não há dúvidas de que
tivemos um grande avanço na Grã-Bretanha. O IEA, fundado por Antony Fisher, fez
toda a diferença”, disse Milton Friedman uma vez. “Ele possibilitou o governo
de Margaret Thatcher – não a sua eleição como primeira-ministra, e sim as
políticas postas em prática por ela. Da mesma forma, o desenvolvimento desse
tipo de pensamento nos Estados Unidos possibilitou o a implementação das
políticas de Ronald Reagan”, afirmou.
O IEA fechava um ciclo. Hayek
havia criado um seleto grupo de economistas defensores do livre mercado chamado
Sociedade Mont Pèlerin. Um de seus
membros, Ed Feulner, ajudou o fundar o think tank conservador Heritage Foundation, em Washington, inspirando-se
no trabalho de Fisher. Outro membro da Sociedade, Ed Crane, fundou o Cato Institute, o mais influente think tank
libertário dos Estados Unidos.
Em 1981, Fisher, que havia
se mudado para San Francisco, começou a desenvolver a Atlas
Economic Research Foundation por sugestão de Hayek. Fisher havia aproveitado o sucesso do IEA para
conseguir doações de empresas para seu projeto de criação de uma rede regional
de think tanks em Nova York, Canadá, Califórnia e Texas, entre outros. Mas
o novo empreendimento de Fisher viria a ter uma dimensão global: uma
organização sem fins lucrativos dedicada a levar sua missão adiante por meio da
criação de postos avançados do libertarianismo em todos os países do mundo.
“Quanto mais institutos existirem no mundo, mais oportunidade teremos para
resolver problemas que precisam de uma solução urgente”, declarou.
Fisher começou a levantar
fundos junto a empresas com a ajuda de cartas de recomendação de Hayek,
Thatcher e Friedman, instando os potenciais doadores a ajudarem a reproduzir o
sucesso do IEA através da Atlas. Hayek escreveu que o modelo do IEA “deveria
ser usado para criar institutos similares em todo o mundo”. E acrescentou:
“Se conseguíssemos financiar essa iniciativa conjunta, seria um dinheiro
muito bem gasto.”
A proposta foi enviada para
uma lista de executivos importantes, e o dinheiro logo começou a fluir dos cofres
das empresas e dos grandes financiadores do Partido Republicano, como Richard Mellon Scaife. Empresas como a Pfizer,
Procter & Gamble e Shell ajudaram a financiar a Atlas.
Mas a contribuição delas teria que ser secreta para que o projeto
pudesse funcionar, acreditava Fisher:
“Para
influenciar a opinião pública, é necessário evitar qualquer indício
de interesses corporativos ou tentativa de doutrinação”, escreveu Fisher na
descrição do projeto, acrescentando que o sucesso do IEA estava baseado na percepção
pública do caráter acadêmico e imparcial do instituto.
A Atlas cresceu
rapidamente. Em 1985, a rede
contava com 27 instituições em 17 países, inclusive organizações sem fins
lucrativos na Itália, México, Austrália e Peru.
E o timing não podia
ser melhor: a expansão internacional da Atlas coincidiu com a política
externa agressiva de Ronald Reagan contra governos de esquerda mundo afora.
Usando
do próprio Estado para combater o Estado
Embora a Atlas declarasse
publicamente que não recebia recursos públicos (Fisher caracterizava as ajudas internacionais como
uma forma de “suborno” que distorcia as forças do mercado), há registros da
tentativa silenciosa da rede de canalizar dinheiro público para sua lista cada
vez maior de parceiros internacionais.
Em 1982, em uma carta
da Agência de Comunicação Internacional dos Estados Unidos – um pequeno
órgão federal destinado a promover os interesses americanos no exterior –, um
funcionário do Escritório de Programas do Setor Privado escreveu a
Fisher em resposta a um pedido de financiamento federal. O funcionário
diz não poder dar dinheiro “diretamente a organizações estrangeiras”, mas que seria
possível copatrocinar “conferências ou intercâmbios com organizações” de grupos
como a Atlas, e sugere que Fisher envie um projeto. A carta, enviada um
ano depois da fundação da Atlas, foi o primeiro indício de que a rede viria a ser uma parceira secreta da política externa
norte-americana.
Memorandos e outros
documentos de Fisher mostram que, em 1986, a Atlas já havia ajudado a organizar
encontros com executivos para tentar direcionar fundos americanos para sua rede
de think tanks. Em uma ocasião, um funcionário da Agência dos Estados
Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID), o principal braço de
financiamento internacional do governo dos EUA, recomendou que o diretor da
filial da Coca-Cola no Panamá colaborasse com a Atlas para a criação de um think
tank nos moldes do IEA no país. A Atlas também recebeu fundos da
Fundação Nacional para a Democracia (NED), uma organização sem fins lucrativos
fundada em 1983 e patrocinada em grande parte pelo Departamento de Estado e a
USAID cujo objetivo é fomentar a criação de instituições favoráveis aos Estados
Unidos nos países em desenvolvimento.
A
adesão de Alejandro Chafuen à Atlas Network
FINANCIADA GENEROSAMENTE
por empresas e pelo governo americano, a Atlas deu outro golpe de sorte em 1985
com a chegada de Alejandro Chafuen. Linda Whetstone, filha de Fisher, conta um episódio
ocorrido naquele ano, quando um jovem Chafuen, que ainda vivia em Oakland,
teria aparecido no escritório da Atlas em San Francisco “disposto a trabalhar
de graça”.
Nascido em Buenos Aires, Chafuen
vinha do que ele chamava “uma família anti-Peronista”. Embora tenha
crescido em uma época de grande agitação na Argentina, Chafuen vivia uma
vida relativamente privilegiada, tendo passado a adolescência jogando tênis e
sonhando em se tornar atleta profissional.
Ele atribui suas escolhas
ideológicas a seu apetite por textos libertários, de Ayn Rand a livretos
publicados pela FEE, a organização de Leonard Read que havia inspirado Antony
Fisher. Depois de estudar no Grove City College, uma escola de artes
profundamente conservadora e cristã no estado americano da Pensilvânia, onde
foi presidente do clube de estudantes libertários, Chafuen voltou ao país de
nascença. Os militares haviam tomado o poder, alegando estar reagindo a uma
suposta ameaça comunista. Milhares de estudantes e ativistas seriam
torturados e mortos durante a repressão à oposição de esquerda no período que
se seguiu ao golpe de Estado.
Chafuen recorda essa época de
maneira mais positiva do que negativa. Ele viria a escrever que os militares
haviam sido obrigados a agir para evitar que os comunistas “tomassem o poder no
país” [Semelhante ao que afirma o grande “intelectual” Jair Bolsonaro sobre
o golpe militar no Brasil!]. Durante sua carreira como professor, Chafuen diz
ter conhecido “totalitários de todo tipo” no mundo acadêmico. Segundo ele,
depois do golpe militar seus professores “abrandaram-se”, apesar das diferenças
ideológicas entre eles.
Em outros países
latino-americanos, o libertarianismo também encontrara uma audiência receptiva
nos governos militares. No Chile,
depois da derrubada do governo democraticamente eleito de Salvador Allende, os
economistas da Sociedade Mont Pèlerin acorreram ao país para preparar profundas
reformas liberais, como a privatização de indústrias e da Previdência.
Em toda a região, sob a proteção de líderes militares levados ao poder pela
força, as políticas econômicas libertárias começaram a se enraizar.
Já o zelo ideológico de Chafuen
começou a se manifestar em 1979, quando ele publicou um ensaio para a FEE
intitulado “War Without End” (Guerra Sem Fim). Nele, Chafuen descreve
horrores do terrorismo de esquerda “como a família Manson, ou, de forma
organizada, os guerrilheiros do Oriente Médio, África e América do Sul”.
Haveria uma necessidade, segundo ele, de uma reação das “forças da liberdade
individual e da propriedade privada”.
Seu entusiasmo atraiu a atenção
de muita gente. Em 1980, aos 26 anos, Chafuen foi convidado a se tornar o
membro mais jovem da Sociedade Mont Pèlerin.
Ele foi até Stanford, tendo a oportunidade de conhecer Read, Hayek e outros
expoentes libertários. Cinco anos depois, Chafuen havia se casado com uma
americana e estava morando em Oakland. E começou a fazer contato com
membros da Mont Pèlerin na área da Baía de San Francisco – como Fisher.
De acordo com as atas das
reuniões do conselho da Atlas, Fisher disse aos colegas que havia feito
um pagamento ex gratia no valor de US$ 500 para Chafuen no Natal de
1985, declarando que gostaria de contratar o economista para trabalhar em tempo
integral no desenvolvimento dos think tanks da rede na América Latina.
No ano seguinte, Chafuen organizou a primeira cúpula de think tanks
latino-americanos, na Jamaica.
A
“ética” da atuação da Atlas – agir às escondidas
CHAFUEN compreendera o modelo da Atlas e trabalhava
incansavelmente para expandir a rede, ajudando a criar think tanks na África e
na Europa, embora seu foco continuasse sendo a América Latina. Em uma palestra sobre como atrair financiadores,
Chafuen afirmou que os doadores não podiam financiar publicamente pesquisas,
sob o risco de perda de credibilidade. “A Pfizer não patrocinaria uma pesquisa
sobre questões de saúde, e a Exxon não financiaria uma enquete sobre questões
ambientais”, observou. Mas os think tanks libertários – como os da Atlas
Network – não só poderiam apresentar as mesmas pesquisas sob um manto de
credibilidade como também poderiam atrair uma cobertura maior da mídia.
“Os jornalistas gostam
muito de tudo o que é novo e fácil de noticiar”, disse Chafuen. Segundo ele, a imprensa não tem
interesse em citar o pensamento dos filósofos libertários, mas pesquisas
produzidas por um think tank são mais facilmente reproduzidas. “E os
financiadores veem isso”, acrescenta.
Em 1991, três anos depois
da morte de Fisher, Chafuen assumiu a direção
da Atlas – e pôs-se a falar sobre o
trabalho da Atlas para potenciais doadores. E logo começou a conquistar novos
financiadores. A Philip Morris deu repetidas contribuições à Atlas, inclusive uma
doação de US$ 50 mil em 1994, revelada anos depois. Documentos mostram que a
gigante do tabaco considerava a Atlas uma aliada em disputas jurídicas internacionais.
Mas
alguns jornalistas chilenos descobriram que think tanks patrocinados
pela Atlas haviam feito pressão por trás dos panos contra a legislação
antitabagista sem revelar que estavam sendo financiadas por empresas de
tabaco – uma estratégia praticada por think tanks em todo o mundo.
IRMÃOS KOCH à esquerda David Koch & à direita Charles Koch |
Grandes corporações como ExxonMobil e MasterCard
já financiaram a Atlas. Mas o grupo também atrai grandes figuras do
libertarianismo, como as fundações do investidor John Templeton e dos irmãos
bilionários Charles e David Koch, que
cobriam a Atlas e seus parceiros de generosas e frequentes doações.
A habilidade de Chafuen para
levantar fundos resultou em um aumento do número de prósperas fundações
conservadoras. Ele é membro-fundador do Donors
Trust, um discreto fundo orientado ao financiamento de organizações
sem fins lucrativos que já transferiu mais de US$ 400 milhões a entidades
libertárias, incluindo membros da Atlas Network. Chafuen também é membro do
conselho diretor da Chase Foundation of Virginia,
outra entidade financiadora da Atlas, fundada por um membro da Sociedade Mont
Pèlerin.
Outra grande fonte de
dinheiro é o governo americano. A princípio, a Fundação Nacional para a Democracia
encontrou dificuldades para criar entidades favoráveis aos interesses americanos
no exterior. Gerardo Bongiovanni, presidente da Fundación Libertad, um think
tank da Atlas em Rosario, na Argentina, afirmou durante uma palestra de
Chafuen que a injeção de capital do Center for International Private
Enterprise – parceiro do NED no ramo de subvenções – fora de apenas US$ 1
milhão entre 1985 e 1987. Os think tanks que receberam esse capital
inicial logo fecharam as portas, alegando falta de treinamento em gestão,
segundo Bongiovanni.
No entanto, a Atlas acabou
conseguindo canalizar os fundos que vinham do NED e do CIPE, transformando o
dinheiro do contribuinte americano em uma importante fonte de financiamento
para uma rede cada vez maior. Os
recursos ajudavam a manter think tanks na Europa do Leste, após a queda
da União Soviética, e, mais tarde, para promover os interesses dos Estados
Unidos no Oriente Médio. Entre os beneficiados com dinheiro do CIPE está a CEDICE Libertad, a entidade a que líder opositora
venezuelana María Corina Machado fez questão de agradecer.
NO BRICK HOTEL, em Buenos
Aires, Chafuen reflete sobre as três últimas décadas. “Fisher ficaria
satisfeito; ele não acreditaria em quanto nossa rede cresceu”, afirma,
observando que talvez o fundador da Atlas ficasse surpreso com o atual grau de
envolvimento político do grupo.
O assessor da Casa Branca Sebastian Gorka participa de uma entrevista do lado de fora da Ala Oeste da Casa Branca em 9 de junho de 2017 – Washington, EUA. Foto: Chip Somodevilla/Getty Images |
A
Atlas no governo de Donald Trump
Chafuen se animou com a
eleição de Donald Trump para a presidência dos Estados Unidos. Ele é só elogios para a equipe do presidente. O que
não é nenhuma surpresa, pois o governo Trump está cheio de amigos e membros
de grupos ligados à Atlas. Sebastian Gorka,
o islamofóbico assessor de contraterrorismo de Trump, dirigiu um think tank
patrocinado pela Atlas na Hungria. O vice-presidente Mike Pence compareceu a um encontro da Atlas e teceu elogios
ao grupo. A secretária de Educação Betsy DeVos trabalhou com Chafuen no Acton Institute, um think
tank de Michigan que usa argumentos religiosos a favor das políticas
libertárias – e que agora tem uma entidade subsidiária no Brasil, o Centro Interdisciplinar de Ética e Economia Personalista.
Mas talvez a figura mais
admirada por Chafuen no governo dos EUA seja Judy
Shelton, uma economista e velha companheira da Atlas Network. Depois
da vitória de Trump, Shelton foi nomeada presidente da NED [National
Endowment for Democracy – Fundação Nacional para a Democracia]. Ela havia
sido assessora de Trump durante a campanha e o período de transição. Chafuen
fica radiante ao falar sobre o assunto: “E agora tem gente da Atlas na
presidência da Fundação Nacional para a Democracia (NED)”, comemora.
Antes de encerrar a
entrevista, Chafuen sugere que ainda vem mais por aí: mais think tanks,
mais tentativas de derrubar governos de esquerda, e mais pessoas ligadas à
Atlas nos cargos mais altos de governos ao redor do mundo. “É um trabalho contínuo”,
diz.
Mais tarde, Chafuen
compareceu ao jantar de gala do Latin America Liberty Forum. Ao lado de um
painel de especialistas da Atlas, ele discutiu a necessidade de reforçar os
movimentos de oposição libertária no Equador e na Venezuela.
Traduzido do inglês por Bernardo
Tonasse.
* Para saber quem é o autor deste artigo, que contou com a colaboração
de Danielle Mackey, clique aqui.
** Breitbart News Network
(conhecido como Breitbart News, Breitbart ou Breitbart.com)
é um site de notícias, opiniões e comentários de extrema-direita estadunidense
fundado em 2007 por Andrew Breitbart. O Breitbart News publicou uma
série de notícias falsas e teorias de conspiração, bem como histórias
intencionalmente enganosas. O jornal The New York Times descreveu o Breitbart
News como uma organização com “jornalistas ideologicamente impulsionados”
que gera controvérsias “sobre material que tem sido chamado de misógino,
xenófobo e racista” (Fonte: Wikipédia).
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