«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

sexta-feira, 10 de maio de 2019

Quem faz a nossa cabeça?



Telmo José Amaral de Figueiredo
Padre, biblista e teólogo
Diocese de Jales – SP

            Um dos maiores intelectuais da atualidade, falecido em fevereiro de 2016, o italiano Umberto Eco, comentava a respeito da mania que as pessoas têm, nos tempos de hoje, em exprimir suas opiniões:
            «As redes sociais deram o direito à palavra a legiões de imbecis que, antes, só falavam nos bares, após um copo de vinho e não causavam nenhum mal para a coletividade (...). Nós os fazíamos calar imediatamente, enquanto hoje eles têm o mesmo direito de palavra do que um prêmio Nobel. (...) O drama da internet é que ela promoveu o idiota da aldeia a portador da verdade. (...) É a invasão dos imbecis.»
            Esse comentário, nada sutil, chama a nossa atenção para um fenômeno muito perigoso: confundirmos palpite, opinião de pessoas não especializadas e, muitas vezes, mal-intencionadas, com a realidade, com aquilo que é fato! Por detrás dessa atitude, pode-se perceber uma ausência de referências éticas, a dificuldade em discernir o que é falso e verdadeiro, o que é bem e mal, o que é justo e injusto.
            Justamente, em um mundo assim, é de fundamental importância termos consciência de onde tomamos as notícias, informações e opiniões que fazem a nossa cabeça. De modo geral, a maioria da população brasileira não lê jornais impressos ou disponíveis em sites na internet, nem assina ou lê revistas noticiosas especializadas, nem navega por sites mais sérios e bem preparados que, não somente, transmitem notícias, mas as comentam e ajudam o leitor a compreendê-las. Somente para ficar em poucos exemplos, eis alguns desses sites de boa informação: Instituto Humanitas Unisinos - Notícias; GGN - O Jornal de Todos os Brasis; Outras Palavras; Agência Pública; El País - Edição Brasil e Le Monde Diplomatique Brasil. Sem mencionar, é claro, os sites de grandes jornais de circulação nacional que trazem uma ampla gama de notícias e análises de comentaristas nacionais e internacionais, tais como: O Estado de S. Paulo; Folha de S. Paulo; Valor Econômico; O Globo; Portal G1 e Correio Braziliense.
            No entanto, muitos se satisfazem com “notícias” recebidas através de redes sociais (p. ex.: WhatsApp, Facebook, Instagram, Twitter etc.). Não por acaso, o Brasil é considerado um dos países do mundo onde a população mais acredita em fake news, ou seja, notícias falsas ou muito distorcidas. Segundo o Instituto Ipsos, em pesquisa divulgada no final de 2018, no Brasil, 62% dos entrevistados admitiram já ter acreditado em alguma notícia falsa. Os outros países onde mais entrevistados já foram enganados pelas fake news foram Arábia Saudita (58%), Coreia do Sul (58%), Peru (57%) e Espanha (57%).
            O Papa Francisco afirmou, na homilia da missa em Skopje, capital da Macedônia do Norte, nesta terça-feira, 7 de maio: «(...) nos habituamos a comer o pão duro da desinformação, e acabamos prisioneiros do descrédito, dos rótulos e da infâmia; julgamos que o conformismo saciaria a nossa sede, e acabamos por nos dessedentar de indiferença e insensibilidade; alimentamo-nos com sonhos de esplendor e grandeza, e acabamos por comer distração, fechamento e solidão; empanturramo-nos de conexões, e perdemos o gosto da fraternidade. (...) nos encontramos oprimidos pela impaciência e ansiedade. Prisioneiros da virtualidade, perdemos o gosto e o sabor da realidade».
            Para mim, esta última frase de Papa Francisco é muito forte e oportuna. De fato, muitos vivem fora da realidade, acreditando em tudo que recebe pelas páginas amigas de suas redes sociais. Por isso, pergunto a todos: Quem faz a sua cabeça? De onde vêm as notícias e opiniões nas quais você mais acredita?
            Concluo, citando o grande orador português, Padre António Vieira: «Quem não lê, não quer saber; quem não quer saber, quer errar».

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