Complôs antipapa ! ! !
O que está acontecendo na Igreja do
Papa Francisco?
Il Sismografo
06-11-2018
Livro investigativo sobre artimanhas contra
o Papa Francisco chega
às livrarias italianas e já é best-seller
– saiba o porquê
Il giorno del
giudizio
[O dia do juízo, em tradução livre] é
o título que Andrea Tornielli e Gianni Valente escolheram para o livro
que chegou às livrarias [italianas] nessa terça-feira, 6 de novembro. Os dois
jornalistas se concentram na história do ex-cardeal estadunidense Theodore Edgar McCarrick e nas
acusações movidas contra o Papa Francisco pelo ex-núncio Carlo Maria Viganò; questões que têm estado nas primeiras páginas
dos jornais nestes últimos meses de 2018.
O
livro abre com uma dedicatória bastante
singular e que logo enquadra um ponto de vista muito específico, o daqueles
que servem à Igreja sem egoísmos e ganhos pessoais:
«Este livro é dedicado a todos os
sacerdotes que, todos os dias,
abrem as igrejas e anunciam o Evangelho, administrando os sacramentos sem
ambições pessoais ou sonhos de carreira. E aos muitos padres da Cúria Romana
que prestam o seu serviço com humildade e sem protagonismos».
Na Introdução, falando do Grande Acusador ao qual o Papa Francisco
se referiu no encerramento do recente Sínodo sobre os jovens, eles escrevem:
«O anúncio chegou de surpresa ao meio-dia de um sábado de setembro.
(...) É um anúncio revelador daquilo que, aos olhos do Papa Francisco, está em
jogo dentro da Igreja Católica, durante o sexto ano do seu pontificado. Está em
curso um ataque “demoníaco” que visa a
dividir a própria Igreja, afligida pelo escândalo dos abusos de poder, de consciência
e sexuais perpetrados por sacerdotes e religiosos contra menores e adultos
vulneráveis. Mas afligida também por operações
político-midiáticas, todas internas aos aparatos eclesiásticos que tentam
demoli-la através da acusação do
pontífice e da tentativa de
obrigá-lo a renunciar. Ataques que não têm precedentes históricos recentes.
(...) Por isso, Francisco, apelando diretamente ao povo de Deus, pediu que os
fiéis de todo o mundo rezem o terço no
mês de outubro para “proteger a Igreja do diabo, que sempre visa a nos
dividir de Deus e entre nós”. Ele fez isso no dia 29 de setembro de 2018, dia
em que se celebra a memória litúrgica dos três santos arcanjos, particularmente
de São Miguel, que no livro do Apocalipse conduz a batalha contra o dragão, o
demônio, e o derrota. Ele fez isso trazendo novamente à tona duas orações
antigas, uma a Nossa Senhora e uma ao próprio São Miguel.»
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ANDREA TORNIELLI Jornalista especializado em Vaticano - um dos autores do livro investigativo |
O
livro se desenvolve em 14 capítulos.
Eis os assuntos:
1.
Bomba midiática em Dublin
2.
A nomeação de McCarrick e as omissões de Viganò
3.
As instruções desatendidas de Bento
4.
Francisco na mira de Viganò
5. Aquelas
escolhas do passado
6.
A “montagem política” contra o papa
7.
O cisma “amerikano”
8.
A traição dos “grupos dos clérigos”
9. Pedofilia,
clericalismo e lutas de poder
10.
Pastores e povo. Respostas (esquecidas) de dois papas
11.
Bento XVI no moedor de carne
12.
Igreja do teclado e das corporações
13.
O acordo com a China na mira
14.
Fim da Igreja?
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GIANNI VALENTE Jornalista especializado em Vaticano - outro autor do livro |
Perto da conclusão, o livro de Tornielli e
Valente oferece esta reflexão, que resume muitas interrogações postas sobre a
mesa:
O ano de 2018
foi o ano de um novo dilúvio universal de notícias sobre escândalos financeiros
e sobre pecados e crimes sexuais perpetrados até por cardeais e bispos
católicos, encobertos no passado pelos aparatos eclesiásticos. Os principais
meios de comunicação logo relataram que a imagem de uma Igreja assolada por
escândalos e abusos provocaria também um obscurecimento de autoridade moral e
um déficit de credibilidade midiática para o pontificado do Papa Francisco.
Nesse terreno,
tentou-se desencadear uma tentativa
clamorosa de pôr o papa em estado de acusação, orquestrada por uma parte da
rede global dos círculos midiático-clericais de marca neoconservadora ou
neotradicionalista, desde sempre impacientes em relação ao atual bispo de Roma.
Houve uma extravagante união entre os códigos politicamente corretos das
grandes redes midiáticas – geralmente tolerantes e gay-friendly – e as estratégias das redes que, dentro da
Igreja Católica, são alistadas sem parar para confeccionar críticas e ataques
contra o atual sucessor de Pedro. Jogando de tabela com a indignação geral em
relação aos escândalos de abuso e à pedofilia, esses grupos visaram a difundir a caricatura do Papa Francisco como
cúmplice da “ideologia homossexual” desenfreada entre as fileiras do clero
católico, apontada por eles como a autêntica raiz “cultural” da pedofilia e dos
abusos clericais.
Na Igreja
Católica, a nova onda de notícias sobre os abusos sexuais do clero e sobre os
ataques contra o Papa Francisco abriu perguntas dilacerantes, ligadas não só
aos problemas de responsabilização e de credibilidade midiática da Igreja.
Alguns bispos e cardeais, nas suas declarações públicas, afirmaram que os abusos
sexuais e a pedofilia do clero católico puseram em crise a fé de muitos. Alguns
fiéis começaram a se perguntar se não é o caso de inverter a ordem da conexão: o câncer de pedofilia clerical, a chaga
endêmica de abusos sexuais cometidos por padres e bispos, não seriam talvez
sintomas e efeitos do desaparecimento da fé, que já é percebido até entre o
clero? Não se trataria, talvez, de um desmoronamento total, um sinal
clamoroso do apagamento da fé católica no mundo? Perguntas semelhantes surgiram
em muitos também diante da operação
Viganò, que, no dia 26 agosto de
2018, fez chover sobre o mundo o seu dossiê em que pedia a renúncia do Papa
Francisco, acusando-o de ter “encoberto” o cardeal Theodore Edgar McCarrick.
Após a
publicação desse dossiê, dezenas de bispos expressaram atestados públicos de
solidariedade ao arcebispo Carlo Maria Viganò e defenderam a urgência de tomar
impulso do seu dossiê como volante para “purificar” a Igreja dos seus males. Em
outras palavras, pela primeira vez na
história, dezenas de bispos valorizaram publicamente um documento escrito por
um arcebispo para pedir a renúncia do papa. E muitos, dentro e fora das
comunidades eclesiais, tiveram que se perguntar: mas os bispos católicos sabem o que é a Igreja Católica? E ainda: a
Igreja Católica está realmente destinada a continuar o seu caminho na história
até o fim dos tempos, como Cristo prometeu, ou está prestes a acabar? E como é
possível sair dessa confusão, de toda essa desorientação?
O Papa Francisco, diante de tudo isso,
não forneceu respostas para proteger a sua reputação ou a imagem pública da
Igreja. Com um comunicado divulgado na festa dos Santos Arcanjos Miguel,
Gabriel e Rafael, ele pediu a todos os
fiéis do mundo que rezassem a oração do Terço todos os dias, durante todo o
vindouro mês mariano de outubro de 2018, unindo-se “em comunhão e em penitência, como povo de Deus, para pedir à Santa Mãe
de Deus e a São Miguel Arcanjo que protejam a Igreja do diabo, que sempre visa
a nos dividir de Deus e entre nós”.
Traduzido do italiano por Moisés Sbardelotto.
Fonte: Instituto Humanitas
Unisinos – Notícias – Quarta-feira, 7 de novembro de 2018 – Internet: clique aqui.
“O dia do juízo”:
foi assim que McCarrick foi nomeado como arcebispo de
Washington
ANDREA
TORNIELLI & GIANNI VALENTE
Vatican Insider
06-11-2018
Com
a permissão da editora Piemme antecipamos uma passagem
do
livro “O Dia do Julgamento” que aprofunda o processo
de
nomeação de McCarrick em Washington
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THEODORE EDGAR McCARRICK Ex-cardeal-arcebispo de Washington - capital dos Estados Unidos |
No
momento da nomeação de McCarrick,
que vinha da Diocese de Newark, o
núncio nos Estados Unidos era Dom
Gabriel Montalvo. O prefeito da Congregação para os Bispos (que tomara
posse há poucas semanas) era Giovanni
Battista Re. De acordo com a hipótese de Viganò, quem teria desempenhado um
papel importante na nomeação foi o cardeal secretário de Estado, Angelo Sodano. O ex-núncio acusador do
Papa Francisco, de fato, escreve que [Giovanni Battista] Re se opôs a isso porque o nome de McCarrick era apenas o 14º na lista
dos candidatos. A pergunta que pode ser feita é esta: por que o novo
prefeito dos bispos não concordava com a designação? E, ainda, por que McCarrick estava tão embaixo na
lista dos possíveis candidatos para a liderança da Diocese de Washington?
A
oposição de Re leva a intuir que já
haviam chegado à nunciatura dos Estados Unidos relatos sobre os comportamentos
de McCarrick. “É verdade, não posso
negar isso”, confidencia aos autores deste livro um arcebispo que, na
época, por razões de ofício, tomou conhecimento da documentação, “havia perplexidade, relatos e também
denúncias anônimas, muito graves, porque não se referiam apenas a assédios e
abusos de adultos. Certamente, se deveria ter investigado mais e melhor, antes
de promover McCarrick a Washington e de elevá-lo imediatamente ao cardinalato”.
Mas,
se a primeira denúncia de Gregory
Littleton ao bispo de Metuchen remonta a 1994, como foi possível que não se
tenha aprofundado o assunto? Como foi possível que a denúncia de um fato
tão grave tenha sido ignorada no momento em que era preciso escolher se se
queria mandar justamente aquele bispo para liderar uma das dioceses mais em
vista do mundo, com o seu pastor regularmente convidado para a Casa Branca?
(...)
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JOHN JOSEPH O'CONNOR (1920-2000) Cardeal-arcebispo de Nova York - Estados Unidos |
“Houve um personagem muito influente na
Igreja dos Estados Unidos que se opôs a essa nomeação”, conta ainda a nossa
testemunha, “o cardeal John O’Connor”.
John Joseph O’Connor foi arcebispo de Nova York de 1984 a maio de 2000, quando
morreu ainda no cargo, três meses depois de completar 80 anos, por causa de um
tumor no cérebro. (...)
Ele pode ser considerado o
mais wojtyliano dos bispos estadunidenses e também encarnava em seu temperamento uma
sintonia com o estilo do papa polonês, convicto apoiador das batalhas contra o
aborto e o sacerdócio feminino, e capaz
de dar voz aos fracos e aos marginalizados. Estamos falando, portanto, de
um eclesiástico ouvido, importante e influente. (...)
Mas
antes de chegarmos aos meses decisivos para a nomeação a Washington, para
situar exatamente a indicação contrária de O’Connor, devemos retroceder alguns
meses. Ainda no primeiro semestre de
1999, de fato, a Santa Sé deu início a um processo para identificar o sucessor
do cardeal Hickey, 79 anos, à frente da diocese da capital federal
estadunidense. A nossa fonte, sobre isso, fala com dificuldade. Tenta se
esquivar. “Tratou-se”, explica, “de um processo um tanto focado na figura de
McCarrick. Em Roma, queriam saber sobre ele, havia um interesse específico
nele, uma coleção de informações sobre ele”.
Quem
podia ordenar e realizar uma sondagem preventiva e específica sobre um
determinado arcebispo? É difícil imaginar que tal iniciativa possa ser tomada
autonomamente pelo prefeito da Congregação dos Bispos. Uma sondagem, ad hoc, focada só podia vir de um pedido
mais alto. João Paulo II tinha conhecido
McCarrick, tinha visitado a sua diocese quatro anos antes, havia ficado
impressionado com aquele bispo brilhante,
que:
* sabia encher os seus seminários,
* dialogar em todos os níveis com a política,
* ser protagonista do diálogo inter-religioso,
* firme sobre os princípios da doutrina moral e
* aberto sobre os temas sociais.
É
nesse contexto que se insere a consulta do arcebispo de Nova York O’Connor por parte do núncio apostólico
Gabriel Montalvo. O cardeal deu um
parecer negativo. “Com efeito, o cardeal, já muito doente”, revela a nossa
fonte que testemunhou aquele processo de nomeação, “escreveu uma carta sincera, na qual se referia ao problema dos assédios de natureza homossexual.
Declarou que McCarrick era carismático, muito bom para arrecadar fundos.
O’Connor lembrou que ele mesmo o havia recomendado no passado, mas que agora, em consciência, considerava que ele não
deveria ser escolhido. A carta dava a entender que, se o papa fizesse essa
nomeação, o clero estadunidense se dividiria, e a reputação da hierarquia seria destruída, jogando lama na Igreja.
Palavras que ressoam hoje como uma premonição”.
A carta de O’Connor, de acordo com os
dados em nossa posse, teria sido dirigida a Montalvo e talvez também à
Congregação dos Bispos, em outubro de
1999. (...)
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GIOVANNI BATTISTA RE Prefeito da Congregação para os Bispos - Vaticano de 2005 a 2010 |
A
nossa fonte acrescenta um detalhe: “Após
aquela primeira sondagem sobre McCarrick, dados os pareceres do arcebispo de
Nova York e de outros, a Santa Sé fez uma segunda rodada de consultas, sempre
entre os bispos”. (...)
“Os
fatos a serem lembrados são dois”, explica a nossa testemunha, “isto é, a
contrariedade de Re e a confidência que, na época, o próprio Re tinha feito a
quem lhe pedia contas da nomeação de McCarrick: tinha sido uma vontade ‘do apartamento’.” Isso também dá a
entender que a nomeação do arcebispo de
Washington, naqueles meses de 2000, não foi aprovada pela plenária da
Congregação dos Bispos e discutida por eles, mas, ao contrário, chegou “por
vias muito diretas”, como às vezes acontecia e acontece para algumas
nomeações, decididas precisamente “pelo apartamento”, sem a passagem pela
discussão colegial por parte dos membros do dicastério. (...)
“Lembro
que, nas semanas decisivas antes da nomeação a Washington, falou-se de uma
viagem de McCarrick a Roma, para um encontro importante, mas eu não tenho
nenhum testemunho certo sobre isso”, confidencia a nossa fonte. Com quem o
arcebispo de Newark se encontrava e com que razões ele convenceu o
“apartamento” de que aquilo que lhe dizia respeito eram apenas boatos?
Segundo
algumas fontes, McCarrick teria posto
por escrito uma refutação das acusações que lhe diziam respeito, definidas por
ele como absolutamente falsas e caluniosas. A negação e todos os elementos
que acompanhavam essa aflita autodefesa do arcebispo candidato à liderança da
Arquidiocese de Washington, evidentemente, obtiveram o efeito desejado sobre
quem devia tomar a decisão final. McCarrick sabe ser muito convincente.
A nomeação, apesar da
opinião contrária de O’Connor, as
denúncias apresentadas há anos e o parecer negativo do futuro cardeal Re, portanto, foi aprovada. Aquele nome que, na
sondagem da nunciatura e nos materiais coletados pela Congregação dos Bispos,
estava apenas no 14º lugar na lista dos possíveis candidatos, saltou
inexplicavelmente para o primeiro lugar.
Evidentemente,
o fato de uma personalidade como a do arcebispo de Newark estar tão atrás na
lista torna evidente a existência de algum problema em seu nome.
Traduzido do italiano por Moisés Sbardelotto. Acesse a versão original, clicando aqui.
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