«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

quarta-feira, 7 de novembro de 2018

Complôs antipapa ! ! !

O que está acontecendo na Igreja do
Papa Francisco?

Il Sismografo
06-11-2018

Livro investigativo sobre artimanhas contra o Papa Francisco chega
às livrarias italianas e já é best-seller – saiba o porquê
Tradução do título e subtítulo:
"O Dia do Juízo: conflitos, guerras de poder, abusos e escândalos. O que, de verdade, está acontecendo na Igreja"
Publicado, por enquanto, somente em italiano, por: Edizioni Piemme (Novembro/2018)

Il giorno del giudizio [O dia do juízo, em tradução livre] é o título que Andrea Tornielli e Gianni Valente escolheram para o livro que chegou às livrarias [italianas] nessa terça-feira, 6 de novembro. Os dois jornalistas se concentram na história do ex-cardeal estadunidense Theodore Edgar McCarrick e nas acusações movidas contra o Papa Francisco pelo ex-núncio Carlo Maria Viganò; questões que têm estado nas primeiras páginas dos jornais nestes últimos meses de 2018.

O livro abre com uma dedicatória bastante singular e que logo enquadra um ponto de vista muito específico, o daqueles que servem à Igreja sem egoísmos e ganhos pessoais:

«Este livro é dedicado a todos os sacerdotes que, todos os dias, abrem as igrejas e anunciam o Evangelho, administrando os sacramentos sem ambições pessoais ou sonhos de carreira. E aos muitos padres da Cúria Romana que prestam o seu serviço com humildade e sem protagonismos».

Na Introdução, falando do Grande Acusador ao qual o Papa Francisco se referiu no encerramento do recente Sínodo sobre os jovens, eles escrevem:

«O anúncio chegou de surpresa ao meio-dia de um sábado de setembro. (...) É um anúncio revelador daquilo que, aos olhos do Papa Francisco, está em jogo dentro da Igreja Católica, durante o sexto ano do seu pontificado. Está em curso um ataque “demoníaco” que visa a dividir a própria Igreja, afligida pelo escândalo dos abusos de poder, de consciência e sexuais perpetrados por sacerdotes e religiosos contra menores e adultos vulneráveis. Mas afligida também por operações político-midiáticas, todas internas aos aparatos eclesiásticos que tentam demoli-la através da acusação do pontífice e da tentativa de obrigá-lo a renunciar. Ataques que não têm precedentes históricos recentes. (...) Por isso, Francisco, apelando diretamente ao povo de Deus, pediu que os fiéis de todo o mundo rezem o terço no mês de outubro para “proteger a Igreja do diabo, que sempre visa a nos dividir de Deus e entre nós”. Ele fez isso no dia 29 de setembro de 2018, dia em que se celebra a memória litúrgica dos três santos arcanjos, particularmente de São Miguel, que no livro do Apocalipse conduz a batalha contra o dragão, o demônio, e o derrota. Ele fez isso trazendo novamente à tona duas orações antigas, uma a Nossa Senhora e uma ao próprio São Miguel
ANDREA TORNIELLI
Jornalista especializado em Vaticano - um dos autores do livro investigativo

O livro se desenvolve em 14 capítulos. Eis os assuntos:

1. Bomba midiática em Dublin
2. A nomeação de McCarrick e as omissões de Viganò
3. As instruções desatendidas de Bento
4. Francisco na mira de Viganò
5. Aquelas escolhas do passado
6. A “montagem política” contra o papa
7. O cisma “amerikano”
8. A traição dos “grupos dos clérigos”
9. Pedofilia, clericalismo e lutas de poder
10. Pastores e povo. Respostas (esquecidas) de dois papas
11. Bento XVI no moedor de carne
12. Igreja do teclado e das corporações
13. O acordo com a China na mira
14. Fim da Igreja?
GIANNI VALENTE
Jornalista especializado em Vaticano - outro autor do livro

Perto da conclusão, o livro de Tornielli e Valente oferece esta reflexão, que resume muitas interrogações postas sobre a mesa:

O ano de 2018 foi o ano de um novo dilúvio universal de notícias sobre escândalos financeiros e sobre pecados e crimes sexuais perpetrados até por cardeais e bispos católicos, encobertos no passado pelos aparatos eclesiásticos. Os principais meios de comunicação logo relataram que a imagem de uma Igreja assolada por escândalos e abusos provocaria também um obscurecimento de autoridade moral e um déficit de credibilidade midiática para o pontificado do Papa Francisco.

Nesse terreno, tentou-se desencadear uma tentativa clamorosa de pôr o papa em estado de acusação, orquestrada por uma parte da rede global dos círculos midiático-clericais de marca neoconservadora ou neotradicionalista, desde sempre impacientes em relação ao atual bispo de Roma. Houve uma extravagante união entre os códigos politicamente corretos das grandes redes midiáticas – geralmente tolerantes e gay-friendly – e as estratégias das redes que, dentro da Igreja Católica, são alistadas sem parar para confeccionar críticas e ataques contra o atual sucessor de Pedro. Jogando de tabela com a indignação geral em relação aos escândalos de abuso e à pedofilia, esses grupos visaram a difundir a caricatura do Papa Francisco como cúmplice da “ideologia homossexual” desenfreada entre as fileiras do clero católico, apontada por eles como a autêntica raiz “cultural” da pedofilia e dos abusos clericais.

Na Igreja Católica, a nova onda de notícias sobre os abusos sexuais do clero e sobre os ataques contra o Papa Francisco abriu perguntas dilacerantes, ligadas não só aos problemas de responsabilização e de credibilidade midiática da Igreja. Alguns bispos e cardeais, nas suas declarações públicas, afirmaram que os abusos sexuais e a pedofilia do clero católico puseram em crise a fé de muitos. Alguns fiéis começaram a se perguntar se não é o caso de inverter a ordem da conexão: o câncer de pedofilia clerical, a chaga endêmica de abusos sexuais cometidos por padres e bispos, não seriam talvez sintomas e efeitos do desaparecimento da fé, que já é percebido até entre o clero? Não se trataria, talvez, de um desmoronamento total, um sinal clamoroso do apagamento da fé católica no mundo? Perguntas semelhantes surgiram em muitos também diante da operação Viganò, que, no dia 26 agosto de 2018, fez chover sobre o mundo o seu dossiê em que pedia a renúncia do Papa Francisco, acusando-o de ter “encoberto” o cardeal Theodore Edgar McCarrick.

Após a publicação desse dossiê, dezenas de bispos expressaram atestados públicos de solidariedade ao arcebispo Carlo Maria Viganò e defenderam a urgência de tomar impulso do seu dossiê como volante para “purificar” a Igreja dos seus males. Em outras palavras, pela primeira vez na história, dezenas de bispos valorizaram publicamente um documento escrito por um arcebispo para pedir a renúncia do papa. E muitos, dentro e fora das comunidades eclesiais, tiveram que se perguntar: mas os bispos católicos sabem o que é a Igreja Católica? E ainda: a Igreja Católica está realmente destinada a continuar o seu caminho na história até o fim dos tempos, como Cristo prometeu, ou está prestes a acabar? E como é possível sair dessa confusão, de toda essa desorientação?

O Papa Francisco, diante de tudo isso, não forneceu respostas para proteger a sua reputação ou a imagem pública da Igreja. Com um comunicado divulgado na festa dos Santos Arcanjos Miguel, Gabriel e Rafael, ele pediu a todos os fiéis do mundo que rezassem a oração do Terço todos os dias, durante todo o vindouro mês mariano de outubro de 2018, unindo-se “em comunhão e em penitência, como povo de Deus, para pedir à Santa Mãe de Deus e a São Miguel Arcanjo que protejam a Igreja do diabo, que sempre visa a nos dividir de Deus e entre nós”.

Traduzido do italiano por Moisés Sbardelotto.

Fonte: Instituto Humanitas Unisinos – Notícias – Quarta-feira, 7 de novembro de 2018 – Internet: clique aqui.

“O dia do juízo”:
foi assim que McCarrick foi nomeado como arcebispo de Washington

ANDREA TORNIELLI & GIANNI VALENTE
Vatican Insider
06-11-2018

Com a permissão da editora Piemme antecipamos uma passagem
do livro “O Dia do Julgamento” que aprofunda o processo
de nomeação de McCarrick em Washington
THEODORE EDGAR McCARRICK
Ex-cardeal-arcebispo de Washington - capital dos Estados Unidos

No momento da nomeação de McCarrick, que vinha da Diocese de Newark, o núncio nos Estados Unidos era Dom Gabriel Montalvo. O prefeito da Congregação para os Bispos (que tomara posse há poucas semanas) era Giovanni Battista Re. De acordo com a hipótese de Viganò, quem teria desempenhado um papel importante na nomeação foi o cardeal secretário de Estado, Angelo Sodano. O ex-núncio acusador do Papa Francisco, de fato, escreve que [Giovanni Battista] Re se opôs a isso porque o nome de McCarrick era apenas o 14º na lista dos candidatos. A pergunta que pode ser feita é esta: por que o novo prefeito dos bispos não concordava com a designação? E, ainda, por que McCarrick estava tão embaixo na lista dos possíveis candidatos para a liderança da Diocese de Washington?

A oposição de Re leva a intuir que já haviam chegado à nunciatura dos Estados Unidos relatos sobre os comportamentos de McCarrick. “É verdade, não posso negar isso”, confidencia aos autores deste livro um arcebispo que, na época, por razões de ofício, tomou conhecimento da documentação, “havia perplexidade, relatos e também denúncias anônimas, muito graves, porque não se referiam apenas a assédios e abusos de adultos. Certamente, se deveria ter investigado mais e melhor, antes de promover McCarrick a Washington e de elevá-lo imediatamente ao cardinalato”.

Mas, se a primeira denúncia de Gregory Littleton ao bispo de Metuchen remonta a 1994, como foi possível que não se tenha aprofundado o assunto? Como foi possível que a denúncia de um fato tão grave tenha sido ignorada no momento em que era preciso escolher se se queria mandar justamente aquele bispo para liderar uma das dioceses mais em vista do mundo, com o seu pastor regularmente convidado para a Casa Branca? (...)
JOHN JOSEPH O'CONNOR (1920-2000)
Cardeal-arcebispo de Nova York - Estados Unidos

Houve um personagem muito influente na Igreja dos Estados Unidos que se opôs a essa nomeação”, conta ainda a nossa testemunha, “o cardeal John O’Connor”. John Joseph O’Connor foi arcebispo de Nova York de 1984 a maio de 2000, quando morreu ainda no cargo, três meses depois de completar 80 anos, por causa de um tumor no cérebro. (...)

Ele pode ser considerado o mais wojtyliano dos bispos estadunidenses e também encarnava em seu temperamento uma sintonia com o estilo do papa polonês, convicto apoiador das batalhas contra o aborto e o sacerdócio feminino, e capaz de dar voz aos fracos e aos marginalizados. Estamos falando, portanto, de um eclesiástico ouvido, importante e influente. (...)

Mas antes de chegarmos aos meses decisivos para a nomeação a Washington, para situar exatamente a indicação contrária de O’Connor, devemos retroceder alguns meses. Ainda no primeiro semestre de 1999, de fato, a Santa Sé deu início a um processo para identificar o sucessor do cardeal Hickey, 79 anos, à frente da diocese da capital federal estadunidense. A nossa fonte, sobre isso, fala com dificuldade. Tenta se esquivar. “Tratou-se”, explica, “de um processo um tanto focado na figura de McCarrick. Em Roma, queriam saber sobre ele, havia um interesse específico nele, uma coleção de informações sobre ele”.

Quem podia ordenar e realizar uma sondagem preventiva e específica sobre um determinado arcebispo? É difícil imaginar que tal iniciativa possa ser tomada autonomamente pelo prefeito da Congregação dos Bispos. Uma sondagem, ad hoc, focada só podia vir de um pedido mais alto. João Paulo II tinha conhecido McCarrick, tinha visitado a sua diocese quatro anos antes, havia ficado impressionado com aquele bispo brilhante, que:
* sabia encher os seus seminários,
* dialogar em todos os níveis com a política,
* ser protagonista do diálogo inter-religioso,
* firme sobre os princípios da doutrina moral e
* aberto sobre os temas sociais.

É nesse contexto que se insere a consulta do arcebispo de Nova York O’Connor por parte do núncio apostólico Gabriel Montalvo. O cardeal deu um parecer negativo. “Com efeito, o cardeal, já muito doente”, revela a nossa fonte que testemunhou aquele processo de nomeação, “escreveu uma carta sincera, na qual se referia ao problema dos assédios de natureza homossexual. Declarou que McCarrick era carismático, muito bom para arrecadar fundos. O’Connor lembrou que ele mesmo o havia recomendado no passado, mas que agora, em consciência, considerava que ele não deveria ser escolhido. A carta dava a entender que, se o papa fizesse essa nomeação, o clero estadunidense se dividiria, e a reputação da hierarquia seria destruída, jogando lama na Igreja. Palavras que ressoam hoje como uma premonição”.

A carta de O’Connor, de acordo com os dados em nossa posse, teria sido dirigida a Montalvo e talvez também à Congregação dos Bispos, em outubro de 1999. (...)
GIOVANNI BATTISTA RE
Prefeito da Congregação para os Bispos - Vaticano
de 2005 a 2010

A nossa fonte acrescenta um detalhe: “Após aquela primeira sondagem sobre McCarrick, dados os pareceres do arcebispo de Nova York e de outros, a Santa Sé fez uma segunda rodada de consultas, sempre entre os bispos”. (...)

“Os fatos a serem lembrados são dois”, explica a nossa testemunha, “isto é, a contrariedade de Re e a confidência que, na época, o próprio Re tinha feito a quem lhe pedia contas da nomeação de McCarrick: tinha sido uma vontade ‘do apartamento’.” Isso também dá a entender que a nomeação do arcebispo de Washington, naqueles meses de 2000, não foi aprovada pela plenária da Congregação dos Bispos e discutida por eles, mas, ao contrário, chegou “por vias muito diretas”, como às vezes acontecia e acontece para algumas nomeações, decididas precisamente “pelo apartamento”, sem a passagem pela discussão colegial por parte dos membros do dicastério. (...)

“Lembro que, nas semanas decisivas antes da nomeação a Washington, falou-se de uma viagem de McCarrick a Roma, para um encontro importante, mas eu não tenho nenhum testemunho certo sobre isso”, confidencia a nossa fonte. Com quem o arcebispo de Newark se encontrava e com que razões ele convenceu o “apartamento” de que aquilo que lhe dizia respeito eram apenas boatos?

Segundo algumas fontes, McCarrick teria posto por escrito uma refutação das acusações que lhe diziam respeito, definidas por ele como absolutamente falsas e caluniosas. A negação e todos os elementos que acompanhavam essa aflita autodefesa do arcebispo candidato à liderança da Arquidiocese de Washington, evidentemente, obtiveram o efeito desejado sobre quem devia tomar a decisão final. McCarrick sabe ser muito convincente.

A nomeação, apesar da opinião contrária de O’Connor, as denúncias apresentadas há anos e o parecer negativo do futuro cardeal Re, portanto, foi aprovada. Aquele nome que, na sondagem da nunciatura e nos materiais coletados pela Congregação dos Bispos, estava apenas no 14º lugar na lista dos possíveis candidatos, saltou inexplicavelmente para o primeiro lugar.

Evidentemente, o fato de uma personalidade como a do arcebispo de Newark estar tão atrás na lista torna evidente a existência de algum problema em seu nome.

Traduzido do italiano por Moisés Sbardelotto. Acesse a versão original, clicando aqui.

Fonte: Instituto Humanitas Unisinos – Notícias – Quarta-feira, 7 de novembro de 2018 – Internet: clique aqui.

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