Solenidade de Todos os Santos – Homilia

31º Domingo do Tempo Comum – Ano B

Evangelho: Mateus 5,1-12a

Naquele tempo:
1 Vendo Jesus as multidões, subiu ao monte e sentou-se. Os discípulos aproximaram-se,
2 e Jesus começou a ensiná-los:
3 «Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o Reino dos Céus.
4 Bem-aventurados os aflitos, porque serão consolados.
5 Bem-aventurados os mansos, porque possuirão a terra.
6 Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados.
7 Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia.
8 Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus.
9 Bem-aventurados os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus.
10 Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino dos Céus.
11 Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem, e mentindo, disserem todo tipo de mal contra vós, por causa de mim.
12a Alegrai-vos e exultai, porque será grande a vossa recompensa nos céus.»

JOSÉ MARÍA CASTILLO
Teólogo espanhol

NOVE CAMINHOS DE FELICIDADE

No dia que a Igreja dedica à memória de todos os santos, a liturgia elege sabiamente o evangelho das bem-aventuranças. A sabedoria deste texto, surpreendente e genial, está em que apresenta um projeto de alegria, de felicidade sem limites. Essa alegria, essa felicidade, é total e não tem limites porque nem a morte poderá acabar com ela.

Trata-se, com efeito, de uma felicidade que transcende este mundo. E que, por isso, é para sempre e sem limitação alguma. É por isso a condição daqueles que a Igreja considera e venera como santos.

Por isso, as nove bem-aventuranças apresentam nove promessas de felicidade sem limite algum, acima de tudo «nesta vida». E isso, supostamente, também na «outra vida». E assinalam as nove situações que levam a essa felicidade a partir desta vida.

São, portanto, nove situações de fato. E nove promessas de esperança. Como é lógico, as nove promessas de futuro não estão em nossas mãos, porque dependem de Deus. O que está em nossas mãos e depende de nós são as situações de fato. Nessas nove situações de fato é no que Jesus põe todo o acento.
Agora bem, o surpreendente está em que, lendo e relendo as nove bem-aventuranças, as nove condições para alcançar o Reino dos Céus e a recompensa do céu, encontramo-nos com o inesperado: nenhuma dessas nove bem-aventuranças indica práticas relacionadas com a religião. As nove indicam condutas relacionadas com a vida, com esta vida, com as condições e atitudes a partir das quais se pode fazer algo eficaz para que esta vida seja mais humana, mais suportável, mais leve, mais feliz.

Os que vivem assim, nesta vida, e somente eles, têm garantida a promessa de felicidade sem fim nessa forma de existência em que sonhamos, ainda que nos custe crer nela, e a qual denominamos vida eterna. É, em definitivo, a vida de todos os santos.

Traduzido do espanhol por Telmo José Amaral de Figueiredo.

Fonte: José María Castillo. La religión de Jesús: comentario al Evangelio diario – Ciclo B (2017-2017). Bilbao: Desclée De Brouwer, 2017, páginas 384-385.

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