«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

segunda-feira, 26 de novembro de 2018

UMA AFRONTA À EDUCAÇÃO

ESCOLA SEM PARTIDO

Opiniões de quem entende

1. Visão à direita

Luiz Felipe Pondé
Escritor e ensaísta, autor de “Dez Mandamentos” e “Marketing Existencial”.
É doutor em filosofia pela USP

Lei é como elefante numa loja de cristais
no que diz respeito a costumes e afetos

Não sou simpático à lei da Escola sem Partido. Sou professor há 22 anos. Ela pode virar um belo sistema randômico de censura. Pais de alunos são imprevisíveis.

Um dia posso estar falando de darwinismo e um pai evangélico considerar que estou pregando ateísmo. Um dia posso estar dizendo que a espécie humana reproduziu e sobreviveu porque a maioria dela é heterossexual e algum aluno filho de um casal gay pode me acusar de homofobia.

Você duvida? Se sim é porque anda alienado da realidade ridícula que o mundo está vivendo. As mídias sociais tornaram o ressentimento uma categoria política de ação. Os ressentidos perderam a vergonha na cara.

Não gosto de leis, não confio em juízes, promotores ou procuradores.

O Ministério Público com frequência nos considera cidadãos hipossuficientes e decide processar você por descrever a relação entre peso e massa na lei da gravidade numa aula —e essa lei não respeitaria as sensibilidades de pessoas vulneráveis psicologicamente devido ao maior peso delas.

Minha oposição à lei da Escola sem Partido não é porque eu não saiba que grande parte dos professores prega marxismo e similares em sala de aula. Prega sim. E a universidade não é um espaço de debate livre de ideias. Isso é um fetiche, para não dizer diretamente que é uma mentira deslavada.

A universidade é um espaço de truculência na gestão, na sala de aula, nos colegiados, no movimento estudantil.

Lobbies ideológicos ou não dilaceram as universidades quase as levando à inércia produtiva —principalmente nas “humanas”.

Quem discordar da cartilha de esquerda é “fascista”. Minha oposição à Escola sem Partido é porque ela é uma lei.

Sei. Ficou confuso? Vou repetir: minha oposição à Escola sem Partido é porque ela é uma lei. Com ela, aumentaríamos o mercado para advogados e a justificativa pra mais gasto com o Poder Judiciário.

Quem a defende parece não entender que lei em matéria de costumes é como um elefante em loja de cristais. Outra área em que lei é como um elefante em loja de cristais é no
campo dos afetos.

Meu argumento, ao contrário do que podem pensar inteligentinhos de direita e de esquerda, é profundamente conservador, no sentido que o conceito tem na filosofia britânica a partir do século 19 — o conceito sem a palavra surge no final do 18 com Edmund Burke (1729-1797), a palavra surge na França nos primeiros anos do século 19, segundo o historiador das ideias Russel Kirk (1918-1994).

No sentido filosófico, e não no debate empobrecidos das militâncias, ser conservador é ser cético em matéria de invenções políticas, econômicas, sociais ou jurídicas.

Um temperamento conservador, como diria Michael Oakeshott (1901-1990), filósofo conservador britânico fundamental para o assunto, desconfia da fúria “racionalista” de se inventar, por exemplo, leis que interfiram sobre hábitos e costumes (estes, sim, pérolas para um cético em política).

Aliás, pouco se sabe entre nós sobre o que é, no sentido erudito e conceitual, ser conservador. Qual a razão de não sabermos? Pergunte aos professores e coordenadores de escolas e universidades. A bibliografia escolhida por eles é, na imensa maioria das vezes, uma pregação em si.

Alunos de escola, de graduação e pós-graduação, constantemente, são boicotados em sua intenção de conhecer outros títulos que não seja a cartilha com Marx e seus avatares.
Luiz Felipe Pondé
Autor deste artigo

A lei da Escola sem Partido é uma solução ruim para um problema real. A crítica a ela, sem reconhecer que sua motivação é justificada, presta um enorme desserviço ao debate.

Com isso não quero dizer que professores marxistas de história mentindo pura e simplesmente ou restringindo o acesso a múltiplas “narrativas” (como é chique falar agora) sejam a principal questão no Brasil de hoje em dia.

Existem muitas outras, como economia, corrupção, violência urbana, e outras mais. Mas, a formação educacional ideologicamente enviesada, por exemplo, faz muita gente “educada” abraçar movimentos como o Lula Livre, achando lindo.

A educação piorou muito depois que os professores resolveram pregar em sala de aula em vez de ensinar rios e capitais dos estados e países. Simples assim. Mas aumentar o mercado jurídico no país é um engano grave. Já somos presas demais do crescente lobby jurídico para não ver isso.

Fonte: Folha de S. Paulo – Ilustrada / Colunista – Segunda-feira, 26 de novembro de 2018 – Pág. C6 – Internet: clique aqui.

2. Visão à esquerda

Tresloucada exposição de crenças

Antonio Prata
Escritor e roteirista, autor de “Nu, de Botas”

A cartilha do futuro ministro da Educação
não é só reacionária, é delirante

Em 7 de novembro, o filósofo Ricardo Vélez Rodríguez, futuro ministro da Educação, publicou num blog o texto “Um roteiro para o MEC” [tenha acesso a este texto, clicando aqui], expondo os rumos que pretendia dar à pasta, caso fosse convocado. Ali, afirma que o ministério é hoje uma instituição “destinada a desmontar os valores tradicionais da nossa sociedade, no que tange à preservação da vida, da família, da religião, da cidadania, em soma (sic), do patriotismo”, reclama de “uma doutrinação de índole cientificista” (o que seria este cientificismo? Ensinar sobre seleção natural? Aquecimento global?), fala de “invenções deletérias” como “educação de gênero”, cita o PT, Marx, Gramsci (duas vezes), mas não usa uma única vez as palavras “alfabetização”, “português”, “matemática” ou “escola”. “Professor” ele escreveu duas vezes: para falar do “professor e amigo Olavo de Carvalho” e do “professor e intelectual” Vélez Rodríguez.

A escolha do colombiano explicita o que já ficou sugerido no veto a Mozart Ramos, membro do Instituto Ayrton Senna (aos olhos da bancada evangélica, praticamente a VAR-Palmares): a função do MEC no governo Bolsonaro não será ensinar a ler, a escrever, a fazer contas, a compreender a origem da vida, das ideias e das instituições, mas lutar pelo desmonte de um inexistente complô esquerdista cujo objetivo é destruir a família, a pátria, Deus. Fico na dúvida se eles realmente acreditam nesse complô ou se é só uma desculpa pra empurrar goela abaixo das crianças a cartilha do pensamento único da extrema direita cristã.

Afinal, a cartilha não é só reacionária, é delirante. Vélez Rodríguez afirma no texto citado que os governos petistas promoveram “uma tresloucada oposição de raças”. O futuro ministro realmente acha que até a chegada de Lula ao poder os brancos e os negros viviam em pé de igualdade no Brasil?

Segundo a Pnad 2017, negros ganham em média R$ 1.570, contra R$ 2.824 dos brancos. Negros representam 54% da população, mas são 75% entre os 10% mais pobres (Pnad 2015). Entre o 1% mais rico, há só 17,8% de negros. 9,9% de negros e pardos são analfabetos, mais que o dobro do número de brancos, 4,2%. Para cada branco vítima de homicídio há dois negros. (Os dados acima não saíram do jornal Causa Operária, mas da revista Exame).

Da mesma forma como acredita que a “oposição de raças” nasce com a reação dos negros à injustiça (obra, pelo que entendi, da “ameaçadora hegemonia vermelha”), a extrema direita cristã também parece crer que o desejo é inculcado nos jovens pelas aulas de educação sexual: se não falarmos sobre sexo, todos permanecerão virgens até o casamento —heterossexual, claro. É justamente o contrário: é com informação que se combate gravidez precoce, DSTs [doenças sexualmente transmissíveis], homofobia, machismo. Educação sexual não tem nada a ver com distribuição de mamadeiras com bico de pênis em creches, como pregava uma das inúmeras fake news que ajudaram a eleger Bolsonaro — “através de meios singelos de comunicação como o Smartphone e a Internet”, segundo o ministro, dando aí uma nada singela ressignificação à palavra “singelo”.
Antonio Prata
Autor deste artigo

A Escola sem Partido defendida pelo futuro ministro e pelo presidente eleito afirma querer impedir a doutrinação nas salas de aula. Basta ler “Um roteiro para o MEC”, contudo, para compreendermos que o principal objetivo do MEC no novo governo será justamente a doutrinação. Política. Religiosa. Cultural. Minha esperança está na solidez de nossas instituições: no sólido descalabro da educação pública, que mal é capaz de alfabetizar os alunos, que dirá doutrinar uma geração.

Fonte: Folha de S. Paulo – Cotidiano – Domingo, 25 de novembro de 2018 – Pág. B3 – Internet: clique aqui.

3. Visões mais ao centro

Foco no que importa

Renata Cafardo
Repórter especial do jornal O Estado de S. Paulo e fundadora da
Associação de Jornalistas de Educação (JEDUCA)

Maioria sabe que crianças não aprendem e que professores
não têm formação adequada
RICARDO VÉLEZ RODRÍGUEZ
Futuro Ministro da Educação no governo de Jair Bolsonaro

A educação pública brasileira tem problemas que – felizmente – estão claros para a maioria das pessoas. Não é preciso ser especialista na área para saber que:
* as crianças não aprendem,
* que os professores não são formados da maneira adequada,
* que os adolescentes cada vez mais se desinteressam pela escola.
Digo felizmente porque só com o diagnóstico podemos buscar a cura.

Mas, nos últimos meses, o debate político colocou holofotes em um nova doença para a educação: a ideologização. Não que ela não existisse, mas seria equivalente a uma dor nas costas em um paciente com câncer. E que médico colocaria todos seus esforços para curar apenas essa dor?

Na semana passada, a comunidade educacional respirou aliviada por poucas horas quando surgiram notícias de que o presidente eleito Jair Bolsonaro havia escolhido o educador Mozart Neves para o Ministério da Educação. A satisfação não vinha apenas do fato de ele ser um dos nomes mais respeitados da área atualmente, afeito ao diálogo, de perfil moderado, com experiência em cargos públicos, na academia e no terceiro setor. Imaginava-se que, enfim, o novo governo iria passar a discutir as reais questões da educação.

Mozart e outros tantos especialistas sabem que é preciso:
* alfabetizar todas as crianças até os 8 anos,
* reformular currículos ultrapassados,
* criar uma nova carreira do professor,
* investir na primeira infância e
* modernizar o ensino médio.
E estudaram as formas de fazer isso, conhecem as evidências do que funciona e não funciona no Brasil e lá fora.

Mas a bancada evangélica do Congresso conseguiu voltar o foco para o que é menos importante. Cobrou que o novo ministro tivesse “afinidade ideológica”.

O presidente eleito, que tinha gostado da conversa com Viviane Senna em que ela sugeriu políticas com impacto na aprendizagem, foi lembrado do que havia repetido durante a campanha eleitoral. Escola sem partido, doutrinação, inocência das crianças voltaram a ser as grandes questões da educação.

E o ministro finalmente anunciado pelo Twitter foi o filósofo conservador Ricardo Vélez Rodríguez. Em sua primeira declaração ao País depois de indicado, por meio de uma carta, disse “não à instrumentalização da educação com finalidade político-partidária”. Poderia ter dito “não” a deixar gerações terminarem a escola sem compreender o que leem.

Mesmo pregando que a educação não é lugar de política, o futuro ministro gastou boa parte da carta para exaltar a vitória de Bolsonaro [E isso não é fazer política???!!!]. Disse que o eleito explicitou o “desejo de ver consolidada uma nova forma de fazer política, longe das velhas práticas clientelistas e da tradicional negociação de cargos por benefícios pessoais”.
Renata Cafardo
Autora deste artigo

A única dica sobre futuras políticas educacionais foram descrições não muito claras do papel das cidades. “O sistema educacional deve olhar mais para as pessoas ali onde elas residem: nos municípios”, escreveu. É o que pede a Constituição: escolas de ensino infantil e fundamental são responsabilidade das prefeituras.

Por estarem mais próximas dos cidadãos, as administrações municipais entenderiam melhor as necessidades da educação local e teriam mais facilidade em fazer mudanças. Mas, muitas vezes, faltam dinheiro e profissionais preparados para políticas de qualidade. Seria preciso entender melhor como ele pretende resolver o problema.

A carta ainda termina com o slogan que marcou a eleição: Brasil acima de tudo, Deus acima de todos. Vamos torcer para que Rodríguez esteja apenas agradecido pela honrada função que recebeu do presidente e tenha querido deixar clara sua lealdade. Mas que, acima de qualquer coisa, ele esteja preocupado mesmo em garantir que as crianças aprendam.

Fonte: O Estado de S. Paulo – .Edu – Domingo, 25 de novembro de 2018 – Pág. A17 – Internet: clique aqui.

O desafio da educação e as
fixações de Bolsonaro

Rolf Kuntz
Jornalista

Não haverá crescimento sem educação, nem educação se valerem
os critérios do presidente
MOZART NEVES RAMOS
Primeira escolha de Jair Bolsonaro para Ministro da Educação, mas rejeitado devido ao veto
da bancada evangélica no Congresso Nacional

Com 38 milhões de analfabetos funcionais, escassa oferta de mão de obra qualificada, professores mal pagos e desprestigiados, baixo investimento em tecnologia e estudantes muito mal classificados em testes internacionais, o Brasil jamais sairá da mediocridade sem uma bem planejada e bem executada reforma educacional.

Mas o presidente eleito, Jair Bolsonaro, mostra-se preocupado com a tal doutrinação política nas escolas e com a discussão de questões de gênero em salas de aula.

Sua equipe talvez tenha algum plano para tirar do atoleiro a educação brasileira, mas, se esse for o caso, as propostas estão sendo cuidadosamente escondidas. Ele jamais tratou do assunto seriamente, nem durante a campanha eleitoral nem depois da vitória. Tem falado, ocasionalmente, sobre a importância de cuidar do ensino de algumas disciplinas, como Física, Química, Matemática e Português, mas nunca foi além disso, com as ideias travadas, aparentemente, por fixações ideológicas e morais – ou mesmo religiosas. Se essas fixações definem seus critérios para a política educacional, os brasileiros preocupados com o futuro do País – e de seus descendentes – têm motivos muito sérios para ficar bem mais inquietos, talvez apavorados.

Essas fixações, por enquanto, parecem dominar as ideias do presidente eleito sobre como cuidar do ensino. Ele havia prometido formar o Ministério com base em critérios técnicos. Esse padrão pode ter sido observado na seleção de alguns nomes para a área econômica, um processo conduzido pelo futuro ministro da Economia, Paulo Guedes. Mas o critério foi renegado de forma indisfarçável na escolha do ministro da Educação. Neste caso, em todos os momentos o padrão ideológico e religioso prevaleceu de forma ostensiva.

Não se trata, aqui, de simplesmente discutir ou criticar os caminhos seguidos no preenchimento de postos importantes. A questão central é outra, e obviamente muito mais importante.

Se a escolha de um ministro é sujeita a um filtro ideológico, moral e até religioso,
a política desenvolvida em sua área será isenta de condições da mesma natureza?

O nome do professor Mozart Neves, ex-reitor da Universidade Federal de Pernambuco, ex-secretário da Educação do governo pernambucano e diretor do Instituto Ayrton Senna, uma referência em questões educacionais, foi descartado rapidamente pelo presidente eleito por pressão da bancada evangélica. Os elogios de especialistas ao professor foram ignorados ou menosprezados.

O segundo nome em exame, o do procurador federal Guilherme Schelb, foi aplaudido pelos evangélicos. Seus predicados, logo conhecidos: ser favorável ao projeto de lei da Escola sem Partido e contrário à “ideologia de gênero nas escolas”. A escolha pegou muito mal fora dos grupos mais chegados à teocracia. O presidente eleito recuou.

O terceiro nome, o do professor Ricardo Vélez Rodríguez, vinculado à Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, favorável ao projeto Escola sem Partido e ideologicamente contrário ao “modelo atual de educação”, foi anunciado na quinta-feira como escolhido. O presidente eleito cuidou de divulgar a escolha.

O futuro ministro pode ter alguma ideia útil e relevante sobre política educacional, mas também se absteve, pelo menos até sexta-feira, de comunicá-la ao público. Segundo ele, o modelo atual está destinado a “desmontar os valores tradicionais da sociedade no que tange à preservação da vida, da família, da religião, da cidadania, em suma, do patriotismo”.

Se isso resume as preocupações do futuro ministro, a educação nacional continuará um desastre. Talvez ele tenha ideias mais compatíveis com a importância econômica e social de seu próximo posto, mas nada informou sobre isso.

Qualquer candidato a cuidar da educação brasileira deveria estar preparado para enfrentar pelo menos as seguintes questões:
1) Por que os alunos brasileiros vão tão mal no Pisa, o Programa Internacional de Avaliação de Estudantes?
2) Como melhorar os níveis fundamental e médio do ensino brasileiro, obviamente em condições muito más?
3) Como adaptar o ensino às condições impostas (sim, impostas) pela chamada revolução 4.0?
5) Como preparar professores para formar alunos capazes de atuar com sucesso na economia do século 21?
6) Que experiências bem-sucedidas no exterior poderiam proporcionar elementos a um programa de modernização educacional?

Esses são apenas alguns tópicos de importância evidente para o a política brasileira.

Em vez de cuidar desses temas, políticos parlamentares da bancada do atraso, com apoio do presidente eleito e de seu futuro ministro da Educação, cuidam do repulsivo projeto de lei da Escola sem Partido.

Rolf Kuntz
Autor deste artigo
Se aprovado, esse projeto nada fará pelo avanço do País, mas permitirá a implantação de um controle policialesco de professores e de escolas. Qualquer aluno vagabundo encontrará uma brecha para denunciar um professor por uma frase, uma atitude, uma proposta de discussão ou pela recomendação de uma leitura. Será o império da boçalidade, em padrões típicos do autoritarismo mais troglodita.

Quanto ao tratamento da questão de gênero, apenas uma observação. Discussões desse tema podem ser simplesmente uma forma de argumentar a respeito de direitos individuais e de padrões de relacionamento social. Não se distinguem, quanto a esse aspecto, de debates sobre liberdade religiosa ou sobre outros tópicos de direito constitucional e de organização política. Mas o presidente eleito e seus companheiros tendem a reduzir o debate sobre gênero a conversas impróprias sobre sexualidade. [Quanta ignorância!!!]

Mais que estranha, essa é uma fixação assustadora quando se trata de política educacional. Basta pensar num aspecto da educação, sua importância como fator produtivo, para ver com horror o nível das preocupações do futuro presidente e de seus aliados. Chamar de medieval esse nível de pensamento é ofender a memória de figuras como São Tomás, Roger Bacon e Guilherme de Ockham.

Fonte: O Estado de S. Paulo – Espaço aberto / Opinião – Domingo, 25 de novembro de 2018 – Pág. A2 – Internet: clique aqui.

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