A Igreja do Oriente: desafio para o Cristianismo do futuro
Vaticano Insider
18/09/2012
Um clérigo xiita libanês saúda o Papa Bento XVI, durante uma cerimônia na catedral de St. Paul, em Harissa, Líbano |
Mas esta, na realidade é só uma face da moeda. Porque é preciso destacar também que há cristãos que hoje chegam ao Médio Oriente vindos dos Países do Extremo Oriente: também o deles é um número com vários zeros. E também eles, hoje, estão diante de problemas extremamente graves. É o que lembra o próprio Papa na Carta apostólica Ecclesia in Medio Oriente; um documento, em que Bento XVI fez uma escolha interessante: a de colocar em comunicação entre si os dois fenômenos. Talvez também neste caso não exista País melhor do que o Líbano para mostrar como a aproximação não foi por acaso. Porque é verdade: de Beirute, nos últimos anos, tantos jovens cristãos tomaram o rumo do Ocidente. Mas o País dos Cedros é também uma realidade em que vivem um milhão de trabalhadores estrangeiros: babás, garçons, jardineiros, motoristas. Entre eles há muitos católicos vindos da Ásia e da África.
O mesmo, depois, acontece, em Israel, onde já – por exemplo – entre os fiéis de rito latino os filipinos, os indianos ou os sudaneses, somados, são mais numerosos dos árabes. Para não falar depois da Arábia Saudita e dos Países do Golfo Pérsico, onde estes cristãos vindos de longe (mas não só temporariamente e numa condição muito precária) são já vários milhões. «Estas populações formadas por homens e mulheres, muitas vezes sozinhos ou por inteiras famílias, enfrentam uma dupla precariedade – escreve Bento na Ecclesia in Medio Oriente -. São estrangeiros no País onde trabalham e experimentam, muitas vezes, situações de discriminação e de injustiça».
E acrescenta logo em seguida que «o estrangeiro é objeto da atenção de Deus e merece, portanto, respeito. A sua acolhida será considerada no Juízo final». São palavras fortes dirigidas em primeiro lugar aos governantes. Mas interessam também as mesmas comunidades cristãs. Porque nem sempre – em seu interior – as relações com os recém-chegados são fáceis: a situação mais normal, no Médio Oriente, é a de grupos que vivem uma vida paralela também na mesma paróquia. Ao contrário o Papa diz aos fiéis árabes: a acolhida do estrangeiro é também tarefa vossa, porque estas pessoas fizeram «uma escolha também lacerante como aquela feita pelos cristãos médio-orientais que migram». E não podem, portanto, ser olhados como algo estranho em relação ao próprio contexto.
De fato, Bento propõe o Médio Oriente como um laboratório de uma Igreja em que – por causa da globalização – a universalidade não pode mais ser só uma ideia abstrata: «Dirijo-me ao conjunto dos fiéis católicos da região – são as palavras conclusivas do § 35 da exortação apostólica -, os naturais e os novos chegados, cuja proporção se aproximou nestes últimos anos, porque para Deus não existe que um só povo, e para os crentes uma só fé! Buscai viver respeitosamente unidos e em comunhão fraterna uns com os outros, no amor e na estima recíprocos, para testemunhar de maneira crível vossa fé na morte e na ressurreição de Cristo». Para a Papa, portanto, está também em jogo em relação aos «recém-chegados» a possibilidade que o Médio Oriente vire realmente página.
Fonte: domtotal.com - Notícias/Religião - 18 de setembro de 2012 - Internet: http://domtotal.com/noticias/505364
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