"Não se pode instrumentalizar a religião para obter voto" - diz presidente da CNBB [Não fique por fora!]
Roldão Arruda
Cardeal Raymundo Damasceno afirma em entrevista que "não cabe às igrejas assumir papel partidário"
Cardeal Raymundo Damasceno Assis - Arcebispo de Aparecida (SP) |
As declarações do presidente da CNBB e arcebispo de Aparecida ocorrem um dia após a divulgação de uma nota da Arquidiocese de São Paulo com ataques ao PRB [leia ao final desta matéria, logo abaixo], partido de Celso Russomanno, líder nas pesquisas.
O texto, redigido a pedido do arcebispo d. Odilo Scherer, acusa diretamente o presidente do partido e coordenador da campanha de Russomanno, Marcos Pereira, pastor licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus. Diz que ele, em artigo publicado em maio de 2011, fomentou a discórdia e fez críticas destemperadas aos católicos – texto publicado no blog de Pereira vinculava a Igreja Católica ao chamado "kit gay", material que se propunha a combater a homofobia. "Se já fomentam a discórdia, ataques e ofensas sem o poder, o que esperar se o conquistarem pelo voto?", disse a nota da Arquidiocese de São Paulo.
Apesar de ter sido publicado há um ano e meio, o artigo do presidente do PRB voltou a circular nas redes sociais depois que um usuário falso no Twitter passou a enviá-lo várias vezes ao dia a padres e ao perfil do próprio arcebispo. A página falsa foi criada no dia 10 e só publicou mensagens sobre o texto de Pereira.
Na sexta, ao comentar a mistura entre religião e política na campanha eleitoral de São Paulo, d. Raymundo foi enfático: "A posição da Igreja Católica, enquanto instituição, é de que não deve assumir nenhuma posição político-partidária. O papa Bento 16, numa de suas encíclicas, Deus É Amor, foi muito claro ao dizer que a Igreja não pode nem deve tomar nas suas mãos a batalha política. Isso é próprio dos políticos, dos leigos. A Igreja não pode ter pretensões de poder."
Indagado se tal posicionamento deveria valer para outras igrejas, respondeu: "Dentro da minha perspectiva, valeria. No mundo democrático, o papel que cabe ao Estado e aos leigos não é o mesmo da igreja, cuja função é de orientar o eleitor." Ainda segundo o líder da CNBB, "não cabe à igreja assumir papel de protagonista no campo político".
D. Raymundo contou que, assim como líderes evangélicos, também é procurado por políticos de diferentes partidos e que essas visitas são mais frequentes nos períodos de eleições para governador e presidente.
"Sempre o fazem de maneira discreta, sem fotógrafos, nem assessores de imprensa", disse. "Vêm para dialogar e mostrar seus projetos. Eu sempre digo que podem contar com o meu apoio em tudo aquilo que diz respeito ao bem da cidade e da população, independentemente de seu partido. Não podemos instrumentalizar a religião para angariar votos, evidentemente."
O presidente da CNBB não quis comentar diretamente a nota divulgada pela Arquidiocese de São Paulo, alegando que não havia tido acesso à sua íntegra.
Acompanhamento
D. Raymundo disse que a Igreja acompanha o processo eleitoral em todo o País, com orientações para o voto consciente e estímulos aos leigos que desejam participar como candidato. "A Igreja estimula, apoia, vê com bons olhos o leigo que se sente chamado para a política", afirmou. "Queremos que ele não tenha medo de assumir posições político-partidárias. Isso é fundamental, porque a sociedade justa vai ser resultado da ação de homens políticos, homens públicos. Eles é que devem trabalhar para uma sociedade mais solidária."
Fonte: O Estado de S. Paulo - Nacional - Eleições 2012 - Sábado, 15 de setembro de 2012 - Pg. A4 - Internet: http://www.estadao.com.br/noticias/politica,nao-se-pode-instrumentalizar-a-religiao-para-obter-voto-diz-presidente-da-cnbb,930783,0.htm
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Arquidiocese de São Paulo - SP
NOTA DE REPÚDIO
O “Pastor” Marcos Pereira, presidente do Partido Republicano Brasileiro (PRB), do candidato à Prefeitura de São Paulo, Celso Russomano, partido que é manifestadamente ligado à Igreja Universal, publicou no seu Blog, em um site vinculado ao portal da Record, uma série de ataques à Igreja Católica (“Qual o futuro da educação no Brasil?” – R7). Numa clara demonstração de destempero, ele atribui à Igreja o tal "kit gay" do governo e se coloca totalmente contra o ensino religioso nas escolas, esquecendo-se que o “Acordo Brasil-Santa Sé” poderá ser interpretado a favor de todas as religiões. E não se impõe a ninguém, sendo a matrícula de livre escolha.
Qual seria o motivo para ataques tão gratuitos, infundados e ridículos à Igreja Católica em tempo de Campanha Eleitoral? Lamentavelmente, se já fomentam discórdia, ataques e ofensas, sem o Poder, o que esperar, se o conquistarem, mesmo parcialmente, pelo voto? É pra pensar!
Levou tempo e custou caro o retorno do Brasil à normalidade democrática. Vidas foram ceifadas até que os direitos mais elementares negados pelo regime militar fossem novamente respeitados.
Entre esses direitos, a reconquista do direito de expressão, de manifestação do pensamento, foi o mais festejado. Por isso mesmo, esse direito figura hoje entre os que mais são proclamados e defendidos. Até mesmo quando se ouvem ou se leem posicionamentos ridículos, confusos, desrespeitosos e sem fundamento algum, como os de Marcos Pereira.
Ele se pavoneia gritando um currículo invejável, como se isso lhe desse o direito de falar inverdades, para não dizer bobagens.
Deliciem-se os que gostam de perder tempo com as elucubrações fantasiosas de Marcos Pereira. Atribuir o malfadado “Kit Gay” e os males da educação no Brasil à Igreja Católica não faz nenhum sentido e cheira a intolerância religiosa, que nunca foi e nem deverá ser alimentada ou incentivada. Atribuir esses males à influência do Vaticano é um disparate tão grotesco que, sendo verdade o tão propalado currículo, o dono dele deve ter passado por um devaneio.
No seu destempero, Marcos Pereira vai mais longe, criticando o ensino religioso nas escolas, embora se afirme “Pastor”. Ele se bate contra a ditadura das minorias e nega o direito da maioria católica, que paga impostos e quer uma educação integral para seus filhos, educação intelectual, moral e religiosa.
Queira ou não o nobre “jurista”, os católicos ainda somam mais de 60% da população brasileira (dados do IBGE 2010).
Assessoria de Imprensa da Arquidiocese de São Paulo
Fonte: Sítio da Arquidiocese de São Paulo - Quinta-feira, 13 de setembro de 2012 - 19h19 - Internet: http://www.arquidiocesedesaopaulo.org.br/sites/arquidiocesedesaopaulo.pucsp.br/files/nota%20rep%C3%BAdio%20marcos%20pereira%20%281%29.pdf
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Grupo faz campanha na internet contra "voto do cajado"
JOÃO DOMINGOS / BRASÍLIA
O movimento contra o "voto do cajado" teve início no Rio, a fim de denunciar "o novo coronelismo de grandes pastores evangélicos", principalmente os que atuam em mídia eletrônica, informou Morgana Foostel, secretária executiva da Rede Fale, uma psicóloga capixaba de 25 anos, mestranda em Ciência da Religião pela Universidade Metodista de São Paulo e fiel da Igreja Batista. Depois de São Paulo, serão feitos atos semelhantes em Belo Horizonte e em Fortaleza.
"O objetivo de nossa concentração no dia 21 é ampliar o debate sobre o 'voto do cajado', a necessidade de conscientizar o eleitor cristão a usar o voto como arma de libertação e a ilegalidade da campanha nos espaços públicos, como templos e igrejas", disse Morgana. A campanha contra o "voto de cabresto" dentro de igrejas teve início em 22 de agosto. De acordo com Morgana, recebeu adesão de milhares de pessoas, que passaram a trocar mensagens pelas redes sociais.
O site da campanha (http://redefale.blogspot.com.br/) recebe propostas de combate ao "voto do cajado". Um vídeo que imita a propaganda política na TV lembra que a principal motivação do movimento foi o envolvimento de pastores do Rio com milícias no período eleitoral.
A gravação afirma que "alguns pastores têm usado seus cargos de liderança nas igrejas para conduzir os votos dos evangélicos, aproveitando-se da fé sincera das pessoas, como em um curral eleitoral".
D. Maurício de Andrade - bispo primaz anglicano |
Os evangélicos contrários ao "voto do cajado" recusam-se a pregar voto em algum candidato. Morgana disse que eles se relacionam com os partidos a partir da identidade programática de cada um. "Os interesses que defendemos são a promoção da vida, a igualdade, a garantia dos direitos de cada um." Ela lembrou que as comunidades evangélicas cresceram muito nas periferias e, por isso, ganharam relevância nas campanhas.
O bispo primaz da Igreja Anglicana no Brasil, d. Maurício de Andrade, condena o que chamou de "troca de favores pelo voto", em que se busca "o interesse individual, e não o coletivo". "O voto é a maior arma que o cidadão tem para transformar a sociedade. É preciso pautá-lo pela ética do Evangelho, que prega a transformação e a liberdade", afirmou.
Assista o vídeo com Ariovaldo Ramos da Rede Fale sobre o "voto de cajado":
Fonte: O Estado de S. Paulo - Nacional - Eleições 2012 - Sábado, 15 de setembro de 2012 - Pg. A4 - Internet: http://estadao.br.msn.com/ultimas-noticias/grupo-faz-campanha-na-internet-contra-voto-do-cajado
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