«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

segunda-feira, 25 de março de 2013

Brasileiro quer que Papa Francisco seja liberal

ROGÉRIO ORTEGA
DE SÃO PAULO


Datafolha mostra desejo que papa aprove pontos como divórcio, uso de camisinha e fim do celibato de padres
Rejeição ao aborto e ao casamento gay são as duas exceções, porém; maioria aprova escolha de pontífice argentino
PAPA FRANCISCO - Missa de Domingo de Ramos
Vaticano, 24 de março de 2013
A grande maioria dos brasileiros aprovou a escolha do cardeal argentino Jorge Mario Bergoglio para chefiar a Igreja Católica. Ao mesmo tempo, boa parte deles gostaria que a igreja liberalizasse suas posições em temas como contracepção e divórcio.

Esse é o resultado de pesquisa nacional feita pelo Datafolha em 20 e 21 de março, uma semana depois do conclave que elegeu o papa Francisco - primeiro latino-americano e primeiro jesuíta no comando da Santa Sé. A margem de erro do levantamento é de dois pontos percentuais.

Dos 2.653 entrevistados pelo Datafolha em 166 municípios, a maioria, 58%, definiu-se como católica - número próximo dos últimos dados do IBGE, de 2010, segundo os quais 64,6% da população brasileira professa o catolicismo. Outros 21% se disseram evangélicos pentecostais.

A eleição de Bergoglio foi considerada ótima ou boa por 74% das pessoas ouvidas pelo instituto e regular por 9%; só 2% dos entrevistados a acharam ruim ou péssima.

O levantamento revela também em que medida boa parte dos brasileiros - incluindo os que se dizem católicos - discorda de uma série de posições tradicionais da igreja.

A divergência mais acentuada diz respeito ao uso de métodos artificiais para evitar a concepção. Para 83% dos entrevistados, o papa Francisco deveria orientar a Igreja a se posicionar a favor do uso de preservativos; 77% defendem que faça o mesmo em relação à pílula anticoncepcional.

A pesquisa mostra ainda que 61% dos brasileiros são favoráveis a que o papa aceite o uso, pelas mulheres, da "pílula do dia seguinte" contra a gravidez. O método é considerado abortivo pela igreja.

Desde a encíclica "Humanae Vitae", divulgada pelo papa Paulo 6º em 1968, a Igreja Católica define os métodos artificiais de contracepção como "intrinsecamente maus", mas vê os métodos naturais como moralmente permissíveis - orientação reiterada por todos os papas seguintes.

Em 2010, Bento 16 chegou a declarar que o uso de preservativo, em casos especiais, era uma espécie de mal menor, por evitar a contaminação pelo vírus HIV.

Na época, porém, o Vaticano se apressou em esclarecer que a posição doutrinária não mudara.

A maioria das pessoas ouvidas pelo Datafolha também acha que Francisco deveria orientar a Igreja a se tornar favorável ao divórcio (58%), permitir que mulheres sejam ordenadas e possam rezar missas (58%) e acabar com o celibato dos padres (56%).

Aborto e casamento gay, por sua vez, são os tópicos em que a maior parte dos brasileiros está de acordo com a orientação católica: 54% e 57%, respectivamente, defendem que a Igreja continue se posicionando contra os dois.

Fonte: Folha de S. Paulo - Mundo - 24/03/2013 - Internet: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mundo/100204-brasileiro-quer-que-francisco-seja-liberal.shtml
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Para maioria, Igreja não pune pedófilos como deveria


ROGÉRIO ORTEGA
DE SÃO PAULO

A maioria das pessoas ouvidas pelo Datafolha acredita que a Igreja Católica ou não puniu ou puniu com rigor menor que o necessário os casos de pedofilia e abuso sexual entre seus membros - segundo especialistas, um dos mais graves problemas com que o papa Francisco terá de lidar.

Do total de entrevistados na pesquisa de 20 e 21 de março, 86% afirmam ter tomado conhecimento das acusações de pedofilia contra religiosos. Desse percentual, 37% dizem estar bem informados.

O levantamento mostra que, para 49% dos brasileiros, "muitos" sacerdotes podem estar envolvidos em casos de abuso, mas não a maioria.

Outros 33% consideram que esses casos são raros na Igreja, e só 15% acham que há envolvimento da maior parte dos integrantes do clero.

A divisão dos entrevistados é considerável quando se trata de avaliar como a cúpula católica reagiu às revelações dos episódios de abuso:
  • Para 57% dos ouvidos pelo Datafolha, a Igreja tem punido os responsáveis.
  • Desse total, no entanto, 28% acham que as punições não são rigorosas como deveriam ser; 21% acreditam que elas são adequadas, e 9% consideram que há rigor além do necessário.
  • Outros 41%, por sua vez, acreditam que o Vaticano não tem agido no sentido de punir os religiosos acusados.
  • Ou seja, 69% dos pesquisados acham que a Igreja não pune ou pune de forma muito branda padres acusados de pedofilia.
Tanto os papas João Paulo 2º (1978-2005) quanto Bento 16 (2005-2013), durante seus pontificados, enfrentaram fortes críticas pelo modo como lidaram com as denúncias de pedofilia e com o acobertamento por parte de alguns bispos.


CARDEAL BERNARD LAW - ex-arcebispo de Boston (EUA)
Casos como os investigados em Boston (EUA), por exemplo, resultaram em processos milionários contra a arquidiocese e na renúncia do cardeal Bernard Law, em 2002, no papado de João Paulo 2º.

Bento 16 foi o primeiro pontífice a se encontrar pessoalmente com as vítimas e a pedir perdão pelos crimes. Para vaticanistas como John Allen, porém, o papa que renunciou em fevereiro não fez com que os padres envolvidos e os bispos que os acobertaram prestassem contas.

Fonte: Folha de S. Paulo - Mundo - 24/03/2013 - Internet: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mundo/100205-para-maioria-igreja-nao-pune-pedofilos-como-deveria.shtml
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"Sem religião" desafiam a Igreja Católica


REINALDO JOSÉ LOPES


Para pesquisadores, grupo traz tantas preocupações ao novo papa quanto avanço evangélico na América Latina
Fenômeno é acentuado em bairros de baixa renda, onde pessoas têm relação pragmática com as religiões
Fonte: IBGE (Censo de 2010)
Quando desembarcar no Rio de Janeiro em julho deste ano para participar da Jornada Mundial da Juventude, principal evento internacional da Igreja Católica voltado para o público jovem, o papa Francisco talvez se sinta um tanto deslocado. E não apenas pela forte presença de evangélicos no Rio (uns 25% da população do Estado), mas também porque a periferia carioca é um dos lugares do país onde há mais gente que diz não ter religião.

As periferias de cidades como Recife, Salvador e São Paulo também abrigam um contingente de não religiosos superior à média nacional, de acordo com estudo da FGV (Fundação Getúlio Vargas).


A orientação não religiosa está se tornando cada vez mais comum entre os jovens, o que leva especialistas a apontar o fato como um desafio tão ou mais importante que o avanço evangélico para o catolicismo.


"O movimento mais preocupante para a Igreja não é o de quem muda de religião, mas o de quem simplesmente não se interessa por ela", diz Dario Rivera, professor da Universidade Metodista de São Paulo que coordena o grupo de pesquisa Religião e Periferia na América Latina.

"O que nós estamos vendo é que, nos mesmos bairros de baixa renda onde há uma proliferação de igrejas pentecostais [evangélicas], uma quase colada na outra, há muita gente que diz não ter religião", conta.

São lugares aparentemente improváveis, como bairros rurais de Juiz de Fora (MG), a favela do Areião, em São Bernardo do Campo, e os pontos mais pobres do bairro de Perus, na capital paulista.

Improváveis, isto é, quando se assume a equação entre baixa renda e alta religiosidade.

"A verdade é que essa é uma hipótese consensual que nunca foi testada", declara Rivera. Para o pesquisador, essas comunidades de baixa renda têm uma relação muito pragmática com a religião, escolhendo a igreja que lhes oferece assistência ou, no caso das mulheres, o culto onde podem achar um marido "direito", por exemplo. Resolvidos esses problemas, a frequência religiosa não é mais necessária.

"TOTALFLEX"

Desse ponto de vista, a flexibilidade das igrejas evangélicas acaba fazendo com que elas abocanhem mais ovelhas desgarradas do rebanho católico, diz André Ricardo de Souza, professor do Departamento de Sociologia da UFScar (Universidade Federal de São Carlos).

"Além do discurso mais objetivo, como o uso de slogans do tipo 'aqui o milagre acontece', essas igrejas estão abertas todos os dias da semana, praticamente o dia todo. Você entra e resolve seu problema, enquanto a Igreja católica da paróquia passa a maior parte do tempo fechada", afirma o pesquisador.

Segundo Rivera, os sem religião nas comunidades pobres também se explicam pela revolução nos costumes: grande liberdade sexual, uniões provisórias e outros elementos que não batem com a moralidade religiosa tradicional.

A situação do Brasil é única por combinar um grande avanço dos evangélicos com o dos sem religião. No caso dos evangélicos, o fenômeno também é importante no Chile e na Guatemala, mas em menor grau, diz Rivera. Já os não religiosos têm representação expressiva na Argentina (11%) e no Chile (8,3%).

A questão levantada por quase todo mundo, claro, é que diferença um papa latino-americano pode fazer nesse cenário. "É claro que um papa latino-americano tem um impacto. Não digo que reverta o aumento dos evangélicos, mas talvez faça o ritmo diminuir", afirma Souza.

Rivera é mais pessimista. "Podem até acontecer mudanças na liturgia [nos rituais]. Mas o problema é que nada no perfil do papa Francisco indica que ele mudará a relação da igreja com a modernidade, e esse que é o grande problema."

Fonte: Folha de S. Paulo - Mundo - 24/03/2013 - Internet: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mundo/100208-sem-religiao-desafiam-a-igreja-catolica.shtml

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