1 Naquele tempo, vieram algumas pessoas trazendo notícias a Jesus a respeito dos galileus que Pilatos tinha matado, misturando seu sangue com o dos sacrifícios que ofereciam.
2 Jesus lhes respondeu: “Vós pensais que esses galileus eram mais pecadores do que todos os outros galileus, por terem sofrido tal coisa?
3 Eu vos digo que não. Mas se vós não vos converterdes, ireis morrer todos do mesmo modo.
4 E aqueles dezoito que morreram, quando a torre de Siloé caiu sobre eles? Pensais que eram mais culpados do que todos os outros moradores de Jerusalém?
5 Eu vos digo que não. Mas, se não vos converterdes, ireis morrer todos do mesmo modo”.
6 E Jesus contou esta parábola: “Certo homem tinha uma figueira plantada na sua vinha. Foi até ela procurar figos e não encontrou.
7 Então disse ao vinhateiro: ‘Já faz três anos que venho procurando figos nesta figueira e nada encontro. Corta-a! Por que está ela inutilizando a terra?’
8 Ele, porém, respondeu: ‘Senhor, deixa a figueira ainda este ano. Vou cavar em volta dela e colocar adubo.
9 Pode ser que venha a dar fruto. Se não der, então tu a cortarás’”.
JOSÉ ANTONIO PAGOLA
Havia passado, já, bastante tempo desde que Jesus tinha se apresentado em sua aldeia de Nazaré como Profeta, enviado pelo Espírito de Deus para anunciar aos pobres a Boa Notícia. Continua repetindo incansavelmente a sua mensagem: Deus está próximo. Ele vai abrindo caminho para fazer um mundo mais humano para todos.
Porém, Jesus é realista. Ele bem sabe que Deus não pode mudar o mundo sem a nossa mudança. Por isso, esforça-se para despertar nas pessoas a conversão: "Convertei-vos e crede nesta Boa Notícia". Esse empenho de Deus em fazer um mundo mais humano, será possível se respondermos, acolhendo o seu projeto.
O tempo vai passando e Jesus percebe que as pessoas não reagem ao seu chamado como seria o seu desejo. São muitos aqueles que vêm para escutá-lo, porém acabam não se abrindo ao "Reino de Deus". Jesus vai insistir. É urgente mudar antes que seja tarde!
Em certa ocasião, ele conta uma pequena parábola. Um proprietário de um terreno tem uma figueira plantada em meio à sua vinha. Ano após ano, vem buscar fruto nela e não o encontra. A sua decisão parece ser a mais sensata: a figueira não dá fruto e está ocupando inutilmente o terreno, o mais razoável é cortá-la.
Porém, o encarregado da vinha reage de maneira inesperada. Por que não deixá-la, mesmo assim? Ele conhece aquela figueira, viu-a crescer, cuidou dela, não deseja vê-la morrer. Ele, mesmo, dedicará tempo e mais cuidados para ver se dará fruto.
O relato se interrompe bruscamente. A parábola fica aberta. O dono da vinha e seu encarregado desaparecem de cena. É a figueira que decidirá a sua sorte final. Enquanto isso, receberá mais cuidados do que nunca desse vinhateiro que nos faz pensar em Jesus, "ele que veio buscar e salvar aquele que estava perdido".
Aquilo que precisamos, atualmente, na Igreja não é somente introduzir pequenas reformas, promover o "aggiornamento" [palavra italiana que significa: atualização, muito empregada na época do Concílio Vaticano II] ou cuidar de nos adaptar aos nossos tempos. Necessitamos de uma conversão em nível mais profundo, um "coração novo", uma resposta responsável e decidida ao chamado de Jesus para entrar na dinâmica do Reino de Deus.
Temos de reagir antes que seja tarde. Jesus está vivo no meio de nós. Como aquele encarregado da vinha, ele cuida de nossas comunidades cristãs, cada vez mais frágeis e vulneráveis. Ele nos alimenta com o seu Evangelho, nos sustenta com o seu Espírito.
Temos de olhar para o futuro com esperança, ao mesmo tempo que vamos criando esse clima novo de conversão e renovação que tanto necessitamos e que os decretos do Concílio Vaticano II não puderam, até agora, consolidar na Igreja.
Tradução do espanhol por Telmo José Amaral de Figueiredo.
Fonte: MUSICALITURGICA.COM - Homilías de José A. Pagola - Quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013 - 09h20 - Internet: http://www.musicaliturgica.com/0000009a2106d5d04.php
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