«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

MINISSÉRIE IMPERDÍVEL!

“Pode me chamar de Francisco”

Fernanda P. Garcia

É a América Latina no centro das grandes produções
Cena com o ator que interpreta padre Jorge Mario Bergoglio na minissérie

Pode me chamar de Francisco não é sobre a Igreja Católica, tão pouco é um testemunho de fé. A minissérie da Netflix é mais do que isso. Escrita e dirigida pelo italiano Daniele Luchetti, a produção mostra a juventude do Papa em Buenos Aires, quando ainda era conhecido por Jorge Mario Bergoglio, na década de 1960 e, ao contar a vida do padre, faz mais do que narrar seus passos desde o que ele chama de encontro com Cristo até a ascensão a líder maior da Igreja romana. A grata surpresa na produção da Netflix, é sua impetuosidade em mostrar ao mundo as chagas abertas das ditaduras latino-americanas, neste caso a da Argentina.

Assim, a minissérie em quatro capítulos não procura isentar a Igreja por tantas vezes ter ficado do lado errado da História. Mas destaca a importância de escolher, ainda que sua voz seja a única a levantar-se, o lado decente. Este é um daqueles casos raros de produção audiovisual que o lugar de onde se conta a história é mais importante do que a história em si. O que coloca a produção em um patamar além do mero entretenimento, fazendo dela uma leitura documental da América Latina, sua política, sua história e, acima de tudo, a história do seu povo.

Antes de ser o primeiro jesuíta e sacerdote latino-americano a ocupar o posto máximo da Igreja Católica, Bergoglio foi um padre que esperava ser mandado para o Japão como missionário, mas ele não estava pronto. Os caminhos que a própria Igreja traçou para ele foram muito diferentes do que o jovem padre almejava e, talvez, diferentes até mesmo do que seus superiores imaginavam. Formado em engenharia química, foi professor de Literatura, diretor de escola, estudante de Teologia na Alemanha, padre em comunidade pobre, cardeal argentino.

Apesar de já ter dado declarações polêmicas para um sumo pontífice, como quando declarou que a Igreja católica deve desculpas aos homossexuais ou que mães que não são casadas devem ser acolhidas e ter suas crianças batizadas se assim o quiserem, nós temos plena convicção de que não é um homem sozinho que vai mudar os dogmas patriarcais da Igreja Católica. No entanto, em um mundo onde a gente ainda morre por ser mulher e apanha por conta de orientação sexual, o posicionamento da maior figura de uma religião neste sentido é significativo.

E é este Bergoglio que lê as leis da Igreja de maneira a tentar ir ao máximo de encontro com os ensinamentos de Jesus, que a minissérie destaca. Antes de pensar em “como fica a Igreja neste caso”, Bergoglio preocupava-se em “como ficam as pessoas neste caso”, e foi isso que o fez abrigar e transportar perseguidos políticos, estar ao lado de favelados, convencer um cardeal a rezar uma missa, minutos antes de a polícia cumprir um mandado de reintegração de posse. Não, o papa Chico não vai redimir todos os pecados da Igreja e, muito provavelmente, talvez ele mesmo não os enxergue como pecado. Mas certamente a trajetória do padre Bergoglio narrada em Pode me chamar de Francisco, expondo a olhos nus a carnificina da Guerra Suja argentina, colocando a história da América Latina no centro das grandes produções audiovisuais, é digna de ser acompanhada, admirada e melhor entendida por todo aquele que se intitula cristão.

Assista ao trailer oficial da minissérie “Pode me chamar de Francisco”,
clicando abaixo:


Fonte: Séries por elas – Primeiras impressões / Tá no ar – Segunda-feira, 19 de dezembro de 2016 – Internet: clique aqui.

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