«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

Suicídio do Congresso

Eliane Cantanhêde

Congresso em pé de guerra com o Judiciário, a opinião pública e o próprio País
JUIZ SÉRGIO MORO
Participa de debate promovido pelo Senado Federal sobre a nova lei de "Abuso de Autoridade"
Brasília (DF), 1 de dezembro de 2016

O mundo está desabando e as chances de o Congresso Nacional virar uma Arca de Noé e de os políticos se salvarem do dilúvio parecem cada vez menores, até porque não se vê nenhum Monte Ararat à frente:
a) Depois do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, agora é o do Senado, Renan Calheiros, que vira réu do Supremo,
b) enquanto os deputados estraçalham o pacote anticorrupção na calada da noite e
c) o Senado tenta regime de urgência para amarrar os cacos do pacote e jogar no colo do presidente Michel Temer.

Se a economia estivesse reagindo bem, todos esses erros e solavancos políticos poderiam ser mitigados. Mas não é o que acontece e chega-se ao círculo vicioso em que a política puxa a economia para baixo, a economia puxa a política e o redemoinho traga tudo e todos.

E o Congresso? [Deputados Federais e Senadores] Entra em choque com o Poder Judiciário, isola-se perigosamente da opinião pública e deixa o Poder Executivo entre a cruz e a espada: ou aliar-se a ele contra o Judiciário e a opinião pública, ou virar-se contra ele e perder votos em projetos fundamentais para a sua própria sobrevivência.

Temer tenta se equilibrar entre os Poderes, lamentando que até a aprovação folgada da PEC do Teto de Gastos no Senado tenha sido tragada pela queda do avião da Chapecoense, o pacote de maldades da Câmara, a Odebrecht e o julgamento de Renan no STF. Está difícil conquistar manchetes otimistas e uma “agenda positiva”. O risco para o Planalto é uma onda de manifestações pelo País afora, com grupos, táticas e objetivos muito diferentes. [Infelizmente, está difícil de haver um acordo, entre os vários movimentos da sociedade civil, sobre uma pauta unificada de reivindicações!]

Na terça-feira, enquanto o Brasil vivia intensamente a comoção pelo acidente, vândalos quebraram vidraças, picharam prédios públicos, incendiaram e viraram carros na Esplanada dos Ministérios. A votação da Câmara sobre o que seria o pacote anticorrupção seria horas depois, mas nenhum “manifestante” abriu a boca, ou uma bandeira, para defender as dez medidas do Ministério Público, subscritas por mais de 2 milhões de pessoas. Só na quarta-feira veio o panelaço contra o Frankenstein corrupção e, na quinta, o protesto de juízes e procuradores diante do STF.

Com Judiciário e Legislativo em pé de guerra, um debate no Senado reuniu ontem Renan, falando pelo Congresso horas antes de virar réu, Gilmar Mendes, contrapondo-se a lugares-comuns, e Sérgio Moro, com ponderações técnicas e didáticas sobre os perigos do pacote da Câmara. Em vez de disparar adjetivos e desaforos, o juiz foi surpreendentemente político e sugeriu um único antídoto para preservar os agentes do combate à corrupção: especificar que divergências na aplicação da lei, na interpretação dos fatos e na avaliação de provas não podem ser criminalizadas. Para que juízes e procuradores possam discordar sem que isso seja caracterizado como má-fé ou crime.

Juízes, procuradores, policiais federais erram, como todo mundo, e os juízes gozam de excessiva imunidade. Juiz perde ação? Perde a aposentadoria mesmo afastado? E o que dizer do juiz que quebrou o sigilo telefônico da jornalista Andreza Matais para escancarar suas fontes de informação?

Mas, convenhamos, mexer nisso agora é dar murro em ponta de faca.
Com esse Congresso?
Com a Lava Jato a mil?
Com a delação da Odebrecht?

Prensado entre Renan, Gilmar e os senadores, principalmente do PT (quem te viu, quem te vê...), Moro parecia isolado, falando sozinho, mas, se havia alguém ali com real apoio popular, falando por milhões de cidadãos e cidadãs, era o juiz de Curitiba. Nesse clima que o Brasil vive, cristaliza-se infelizmente uma sensação do bem contra o mal. Seguramente, não é Moro que incorpora o mal. Aliás, ele nem está na lista da Odebrecht.

Fonte: O Estado de S. Paulo – Política / Colunistas – Sexta-feira, 2 de dezembro de 2016 – Pág. A6 – Internet: clique aqui.

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