«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

terça-feira, 2 de janeiro de 2018

Haverá uma hipercatástrofe humana?

Aquecimento global e imigração

Gilles Lapouge

Caso a temperatura suba, como preveem alguns, os migrantes
se multiplicarão
Imigrantes africanos sendo resgatados pela marinha italiana ao atravessarem o Mar Mediterrâneo

E se a temperatura subir 4,5 graus até o final deste século, como preveem alguns meteorologistas, o que seria dos migrantes? Bem, eles se multiplicariam.

Um trabalho da Columbia University com base em dezenas de estatísticas cruzadas mostra que a temperatura do globo tem um efeito automático sobre os fluxos migratórios. O número que garantiria a estabilidade é de 20 graus. Mas caso a temperatura suba acima desse número médio, ou diminua, é seguida de movimentos populacionais. Esses movimentos serão muito mais violentos e devastadores no caso de um aumento de temperatura do que na redução.

Pesquisadores da Columbia tomam o exemplo de um aumento de 4,5 graus: os pedidos de asilo passariam de 188% daqui até 2.100. Isso significa que a Europa receberia 680 mil casos a mais por ano do que no período de 2.000 a 2.014.

Ou, um dia desses, nós poderíamos tomar consciência da devastação que o fluxo de migrantes representa para a Europa:
a) a União Europeia ameaçada de paralisia ou divisão,
b) a revolta dos países do Leste (Hungria, Polônia, República Checa, Eslováquia e Áustria atual) que rejeitam a entrada dos que pedem asilo ou, mais radicalmente, erguendo muros “contra migrantes” nas suas fronteiras, e
c) a Grã-Bretanha optando por deixar a União Europeia pelo Brexit,
d) Madame Merkel contestada em toda sua onipotência porque acolheu generosamente, delirantemente, em 2015, 1 milhão de migrantes.
e) E em todos os lugares o retorno das ideologias populistas, entre fascismo e nazismo.

A verdade é que a entrada de migrantes já fragilizou todos os países da Europa e corre o risco de fazer explodir a União Europeia. O que acontecerá se o número de pedidos de asilo aumentar em 188%, como afirma o estudo da Columbia?
a) Revoltas, motins, movimentos extremistas?
b) Massacres de migrantes?
c) O Mar Mediterrâneo como um vasto cemitério?
d) Ruínas?
e) Massacres de migrantes por grupos de justiceiros?
f) Uma nova Idade Média?
g) As religiões tornando-se alucinadas?
h) Crises alimentares?
i) Isso sem falar das áreas costeiras dos países europeus já ameaçadas pelas águas em ascensão.
Mais de 100 mil refugiados e imigrantes entraram na Europa nos seis primeiros meses de 2017
Foto: Manu Brabo/AP

O perigo bate nas portas desta época. Mais algumas décadas e a Europa enfrentará um dos mais misteriosos desafios de sua história. A menos que os planos desenvolvidos nas conferências climáticas não tragam resultados e o calor não passe do aumento de 2% até 2.100. Mas quem acredita nessa promessa, depois que o líder mundial entre os poluidores, Donald Trump, recebe com escárnio e resmungos os alarmes dos cientistas?

Desde já, um dos escudos que a Europa pensava encontrar para combater a proliferação de migrantes, tornou-se irrelevante. Os governos fazem uma clara diferença entre “bons imigrantes” e “maus imigrantes”. Os “bons” são os “políticos”, aqueles que deixam o Oriente ou a África porque provavelmente morrerão lá. Os “maus imigrantes” são aqueles que vão à Europa para viver melhor do que em seu país de origem.

Na realidade, essa distinção é incerta: homens que enfrentam morte, afogamento e tormento, por dois anos, três anos, para serem tratados como cães, seriam eles “caprichosos”, trapaceiros que mal e mal fazem uma “caminhada saudável”?

Em 2.015, 3.700 pessoas morreram atravessando o Mar Mediterrâneo. Eles foram “bons afogados” (políticos) ou “maus afogados” (econômicos)?

Segundo o especialista europeu François Gemenne, “metade da população africana obtém a parte fundamental da sua renda na agricultura de subsistência”. Ela é muito vulnerável às mudanças climáticas. Em outras palavras, aqueles que são chamados de migrantes “econômicos” são igualmente migrantes “climáticos”.

A distinção entre “bons migrantes” e “maus migrantes” perderia então o pouco de razão que afirma ter.

Devemos esperar que a revelação da universidade nova-iorquina, desses dados assustadores, tenha um efeito benéfico e leve um pouco de juízo ao cérebro ou ao coração encarquilhado dos políticos? François Gemenne responde: “essa situação tem dois gumes. Pode conduzir à ação ou, pelo contrário, assustar os governos e levá-los a fortificar suas fronteiras”.

Traduzido do francês por Claudia Bozzo.

Fonte: O Estado de S. Paulo – Internacional – Sábado, 23 de dezembro de 2017 – Pág. A10 – Internet: clique aqui.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.