«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

terça-feira, 2 de janeiro de 2018

Quem lidera o mundo hoje?

A grande narrativa global de nossa era

Fareed Zakaria
The Washington Post

Os Estados Unidos, criadores, executores e mantenedores do sistema
internacional existente se retiram para o isolamento autocentrado
DONALD TRUMP
Presidente dos Estados Unidos da América

Daniel Kahneman, que ganhou o Prêmio Nobel de Economia por reformular nosso entendimento sobre as motivações humanas, disse uma vez: “Nunca ninguém tomou uma decisão por causa de um número. As pessoas precisam de uma história”. Isso é verdadeiro para indivíduos e para nações. Os países sempre se orientam por um panorama internacional maior. Qual o panorama global da atualidade?

Durante décadas, vigorou a história determinada pela Guerra Fria. Quase todas as nações agiam ou reagiam em função dessa grande luta ideológica, política e militar. Então, veio 1989 e o colapso do comunismo. Pelos 20 anos seguintes, a globalização tornou-se a tendência dominante, com os países competindo para se tornarem mercados atraentes e o capitalismo democrático ocidental parecendo reinar absoluto, capitaneado pelo poder e prestígio dos Estados Unidos da América (EUA). O 11 de Setembro foi um duro golpe nesse quadro estável e, por um tempo, o terror islâmico pareceu abalar o curso da história. Mas o terrorismo era fraco e limitado para determinar a narrativa global.

Assim, qual é o panorama atual? Eu diria que a maior tendência hoje é o declínio da influência americana. Não o declínio do poder dos EUA - o país continua imbatível econômica e militarmente -, mas um declínio do desejo e da capacidade de usar esse poder para redesenhar o mundo. O atual governo parece empenhado em desmantelar as grandes realizações dos EUA, ou simplesmente desinteressado em decidir a agenda mundial. Donald Trump é o primeiro presidente em quase um século a terminar o primeiro ano no poder sem ter oferecido um jantar oficial a um chefe de Estado estrangeiro. E essa erosão na liderança global americana já começa a levar outros países a se reajustarem.
SIGMAR GABRIEL
Ministro de Relações Exteriores da Alemanha

No início de dezembro, o ministro de Relações Exteriores da Alemanha, Sigmar Gabriel, declarou que “as transformações importantes que afetam o mundo todo” decorrem “do afastamento dos EUA de Trump de seu papel de garantidor confiável do multilateralismo sob influência ocidental”. Essa mudança, disse o diplomata, “vem acelerando a modificação da ordem global (...) com o aumento do risco de guerras comerciais e conflitos armados”.

O problema para a Europa, disse Gabriel, é quase existencial. Segundo ele, desde a 2ª Guerra a Europa tem sido um projeto dos interesses claramente delineados dos EUA. No entanto, o atual governo americano vê a Europa de um modo muito distante, tomando antigos parceiros por competidores e às vezes pelos maiores rivais econômicos”. O ministro instou a Europa a tomar seu futuro nas mãos e separar-se da política exterior americana.

Consideremos também o discurso de junho da chanceler canadense, Chrystia Freeland, no qual ela agradeceu aos EUA pela administração por sete décadas do sistema internacional, mas considerou que, sob o governo Trump, a liderança americana desse sistema havia chegado ao fim.
CHRYSTIA FREELAND
Ministra de Relações Exteriores do Canadá

Já o presidente chinês, Xi Jinping, fez um pronunciamento no 19º Congresso do Partido Comunista, em outubro, refletindo sua própria visão dessas novas realidades. “A importância da China está maior que nunca”, assinalou, com o país “mostrando uma nova rota para que outras nações em desenvolvimento cheguem à modernização”. Xi anunciou “uma nova era na qual a China caminha para o palco central e dá grandes contribuições à humanidade”. Em discursos anteriores ele já havia sugerido que a China se tornaria o novo garantidor da ordem comercial global.

Essa é, pois, a história global de nossa época. O país criador, executor e mantenedor do sistema internacional existente está se retirando para um isolamento autocentrado. A Europa, outra grande defensora e sustentáculo de um mundo aberto com base em regras, foi incapaz de atuar no atual cenário mundial, com uma clara visão ou propósito, e continua obcecada com o futuro de seu próprio projeto continental. Preenchendo o vácuo de poder, um grupo de potências menores, não liberais - Turquia, Rússia, Irã, Arábia Saudita -, vem crescendo em suas respectivas regiões.

Mas apenas a China tem verdadeiramente condições e força estratégica para definir o novo capítulo da história de nossos tempos.
XI JINPING
Presidente da China

Há uma década, falei de um “mundo pós-americano”, surgido não pelo declínio dos EUA, mas “pela ascensão dos outros”. Esse mundo está de fato se consolidando. As mudanças, porém, são dramaticamente aceleradas pela decisão tola e autodestrutiva da administração Trump de abrir mão da influência global americana - algo que levou mais de 70 anos para ser edificado. “É triste”, poderia tuitar o presidente.

Traduzido do inglês por Roberto Muniz.

Fonte: O Estado de S. Paulo – Internacional – Terça-feira, 2 de janeiro de 2018 – Pág. A7 – Internet: clique aqui.

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