«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

terça-feira, 24 de julho de 2018

O Catecismo ainda funciona???

As aulas de catequese já não funcionam mais

Entrevista com Tobias Wiegelmann
Diácono e responsável pela catequese, a pastoral sacramental e a comunicação da fé na arquidiocese de Colônia (Alemanha)

Eva Bernarding
Settimana News
19-07-2018

Wiegelmann fala sobre as últimas tendências da catequese na
Alemanha e explica como poderia se tornar interessante 
para as crianças de hoje
TOBIAS WIEGELMANN

O catecismo na tradição cristã ocidental é a introdução teórica e prática à fé cristã. O termo, que é derivado do latim, significa “instrução religiosa”. A maioria dos batizados passa pelo catecismo nos anos de preparação para a primeira comunhão, confirmação e casamento.

Tobias Wiegelmann é diácono e responsável pela catequese, a pastoral sacramental e a comunicação da fé na arquidiocese de Colônia. Após dois anos de vida religiosa com os beneditinos, começou sua formação como especialista no desenvolvimento de recursos humanos e estudou teologia. Desde setembro de 2013, é responsável pela Social Media e editor da Internet na Conferência dos Superiores Maiores da Alemanha.

Eis a entrevista.

Diácono Tobias, quais são as novas tendências na catequese?

Tobias Wiegelmann: Principalmente existem novos desafios. Por exemplo, o fato de que as clássicas aulas em grupo não funcionam mais porque ninguém tem mais tempo no período da tarde. As pessoas têm um ritmo de vida diferente. Além disso, as mídias sociais e as tecnologias são cada vez mais importantes. Notamos isso também no campo da catequese e queremos aproveitá-las. Escuta-se agora comumente dizer que a nova ideia que temos do catecismo afasta-se cada vez mais do modo de conceber a catequese sacramental destinado a um determinado dia, aquele da primeira comunhão. Seria mais oportuno refletir sobre a forma de propor uma catequese significativa que possa acompanhar concretamente de maneira significativa toda a vida.

Em sua opinião, como pode ter sucesso uma catequese significativa que dure ao longo de toda a vida?

Tobias: Antes de tudo, deve-se enfatizar que o catecismo diz respeito a todos nós. Quando, em nossas comunidades pastorais, preparamos para a primeira comunhão, devemos sempre nos perguntar, inclusive nós adultos: o que significa na minha vida a Eucaristia, que significado tem para mim o sacramento? E o que fazemos deve ter algo a ver com as nossas vidas. Podemos compreender muito melhor a razão pela qual Jesus sentou-se em um banquete com os pobres e os excluídos, se inclusive nós abrirmos nossas comunidades aos pobres do nosso tempo. Jesus nos deu o exemplo. Ele ensina por meio de parábolas, ou seja, conta aos seus ouvintes histórias tiradas da vida concreta. Nós também devemos dar espaço ao discurso sobre a vida e a partir dessa escuta comum descobrir que Deus age através da nossa existência.

De minha preparação para a primeira comunhão ainda lembro-me das aulas clássicas em grupo feitas com pequenos trabalhos, desenhos e leituras. É algo que funciona ainda hoje ou na era digital é preciso ter sempre em mãos o smartphone para tornar atrativa a catequese?

Tobias: Certamente existe a clássica aula em grupo que em alguns lugares ainda funciona. Graças a Deus, as pessoas são muito diferentes. Mas notamos também que com o uso das novas mídias podemos despertar um novo interesse pelos conteúdos. Mais importante do que o método, no entanto, é o quanto de coração é colocado na tarefa. Se, como catequista, percebo que esse não é o meu método, então eu me comprometo com menor paixão do que quando existe um método que se adapta melhor a mim. É preciso lembrar que muitos jovens catequistas cresceram hoje com a mídia digital. Usam esses recursos muito melhor daqueles que lecionam o catecismo há muitos anos. Eles fazem isso da forma mais adequada para eles e eu acho isso muito importante. Trata-se mais da reunião de pessoas e menos de métodos.

Pode concretamente, dizer quais são os novos desenvolvimentos na catequese? Como se apresenta hoje a preparação para a primeira comunhão ou confirmação?

Tobias: Na preparação para a primeira comunhão tende-se a tomar uma maior distância das clássicas aulas em grupos. Em seu lugar são colocadas iniciativas da vida cotidiana em que pais e filhos, por exemplo, celebram juntos os chamados Weggottesdiente (itinerários litúrgicos) ou realizam workshops em que se trabalha em grupo. Gostamos de integrar no catecismo também o smartphone. Dessa forma, as crianças podem, por exemplo, criar animações em que contam histórias da Bíblia. Isso pode ser positivo para a preparação para a primeira comunhão, e também para a crisma. Trata-se acima de tudo de aprender através de experiências vivenciadas. Os alunos da crisma, por exemplo, fazem excursões nas academias de escalada (Klettergarten) em que testam o tema da confiança.

Em minha opinião, importantes não são os métodos em si para determinar o sucesso do catecismo. Mais importante é que seja dada muita atenção para os conteúdos, que a Sagrada Escritura seja novamente colocada no centro e que se preste atenção ao que a Bíblia nos diz. O fator decisivo é reconhecer onde a Bíblia tem uma relevância para a própria vida. E aqui há uma diferença para as crianças da primeira comunhão em comparação com aqueles da confirmação. Os métodos ajudam a descobrir essa diversa relevância.

O conteúdo da fé por milênios permaneceu o mesmo, exceto por pequenas variações. O que distingue, concretamente, a catequese de hoje daquela do passado?

Tobias: O conteúdo da fé é o mesmo. Vejamos a diferença com a preparação para a minha primeira comunhão: eu fui preparado pelos meus pais e por nosso pastor de almas. O pastor propôs um ensinamento relativamente clássico. Ele nos disse o que precisávamos aprender: a oração do Pai Nosso, o Credo, e assim por diante. De fato, era transmitido muito conhecimento também nos grupos da primeira comunhão.

Hoje, trata-se mais de SE ENCONTRAR. Por exemplo, os pais que acompanham os grupos da primeira comunhão são muitas vezes pessoas que não tiveram por longo período um contato com a Igreja. No passado era diferente. Através da primeira comunhão de suas crianças, de repente eles são levados a refletir novamente sobre a sua fé.

O conteúdo da fé evidentemente por 2.000 anos é o mesmo, mas, eu acredito, tem outro impacto na vida das pessoas. Hoje, até mesmo os pais estão envolvidos no discurso sobre a fé. Isso significa que a catequese da primeira comunhão não só uma catequese para crianças, mas também para os pais.

A Igreja em geral deve permanecer aberta para o uso de smartphones e outras novidades?

Tobias: Eu não vejo o que poderia se dito em contrário. Em essência, trata-se de estar sempre em comunicação uns com os outros e agora as modalidades mudaram. A descoberta da imprensa representou uma mudança na comunicação e tornou-se um grande dom, pois de repente todo mundo podia assim ler a Bíblia. E hoje é justamente a tecnologia digital que muda a comunicação. Como Igreja, vivemos a fé que comunicamos aos outros. E não há nada melhor de que isso continue a crescer com novos métodos.

Quem contribui ativamente para o desenvolvimento de novas tendências? É o desejo dos novos alunos, ou são também os catequistas e o clero que imprimem um impulso para a mudança?

Tobias: No melhor dos casos, essa exigência vem de ambos os lados. Crianças e adolescentes precisam ter a sensação de poder compartilhar e colaborar com os outros. E as catequistas e os catequistas também devem ter a sensação de estarem envolvidos ativamente. Dessa forma as coisas funcionam melhor. A meu ver, tudo é mais difícil quando não existe atenção mútua. Então, se apresentarmos às crianças e aos adolescentes métodos em que eles não podem interagir e condenamos os catequistas a usar métodos que lhes são estranhos, é claro que isso não pode funcionar.

Nos últimos anos descobriu-se algo de novo na vivência do catecismo?

Tobias: Para mim é sempre emocionante descobrir a quantidade de caminhos diferentes pelos quais é possível se aproximar das Sagradas Escrituras, da Bíblia, e quanta potencialidade existe neles. Acho incrível, por exemplo, que as crianças e os adolescentes elaborem animações a partir dos textos bíblicos. É fascinante que o mesmo livro, embora com diferentes métodos, abra tantos caminhos novos e diferentes.

Traduzido por Luisa Rabolini (com correções de Telmo José Amaral de Figueiredo). A entrevista original, em alemão, foi publicada pelo site katholisch.de – para acessá-la, clique aqui.

Fonte: Instituto Humanitas Unisinos – Notícias – Terça-feira, 24 de julho de 2018 – Internet: clique aqui.

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