«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

sábado, 21 de julho de 2018

O pior da política em campo!

O jogo do “centrão”

Editorial

Por melhores que possam ser suas intenções, o futuro presidente dificilmente conseguirá implementar sua agenda sem se submeter à chantagem
Plenário do Senado Federal, em Brasília (DF)

Deveria ser proibido para menores de 18 anos o noticiário sobre as articulações do chamado “centrão” em torno da sucessão presidencial.

Para quem não está familiarizado com o subdialeto do baixo clero do Congresso, “centrão” é o nome que se dá ao ajuntamento de partidos fisiológicos que se mobilizam sempre que existe a oportunidade de aumentar seus ganhos em barganhas que, de tempos em tempos, lhes são oferecidas – ou procuradas, que ninguém é de ferro. Nada ali lembra nem remotamente a política como deve ser, isto é, o embate democrático de ideias em torno dos interesses dos eleitores. Tudo o que importa para esses partidos é defender uma divisão equânime do butim estatal entre seus caciques e agregados, e ninguém ali faz muita questão de esconder esse comportamento obsceno.

Somente os incautos acreditam que “centrão” seja o nome de um bloco político legítimo, com aspirações programáticas ideologicamente discerníveis. O “centrão” é apenas um rótulo para vários partidos nanicos, pequenos e médios que buscam avidamente orbitar o poder para auferir benefícios políticos e pecuniários e sabem que, juntos, ganham maior capacidade de constranger o governo ou outra presa qualquer a atender às suas demandas – que se resumem a facilidades, cargos e verbas.

Em circunstâncias normais, candidatos de partidos tradicionais, com compromissos mais sólidos com seus eleitores, rejeitariam de pronto o apoio do “centrão” em suas campanhas, por tudo de nefasto o que esse bloco representa. Afinal, o que esperar de um governo formado a partir da associação com notórios oportunistas? Mas o sistema político-eleitoral brasileiro infelizmente é talhado para produzir aberrações que praticamente inviabilizam a formação de candidaturas competitivas sem coligação com partidos explicitamente fisiológicos.

Assim, o País tem assistido nos últimos dias ao leilão do “centrão” entre diversos candidatos a presidente, de todos os matizes ideológicos. A adesão do bloco, é óbvio, não será definida conforme o posicionamento dos candidatos acerca de questões fundamentais, como tamanho e formato do Estado, modelos de desenvolvimento, políticas sociais e inserção internacional. Termos tradicionais da política como “esquerda”, “centro” e “direita” são, portanto, irrelevantes – é por isso que a expressão “centrão” deve ser lida como uma ironia, pois de centro, naturalmente, esse bloco nada tem. Somente à luz disso é possível entender, por exemplo, a declaração do líder do PR na Câmara, José Rocha (BA), segundo a qual a bancada de seu partido “está meio a meio, há deputados que preferem Jair Bolsonaro e outros que são favoráveis a apoiar Lula”. Afinal, Lula e Bolsonaro só se igualam na geleia geral.

Enquanto o gelatinoso “centrão” não se decide [acabou se decidindo por apoiar o candidato a Presidente da República Geraldo Alckmin, do PSDB], quase todos os candidatos mais competitivos guardam lugar em suas chapas para um candidato a vice-presidente indicado pelo bloco. Tudo isso na expectativa de adicionar precioso tempo de TV às suas campanhas, algo que, para muitos analistas, pode ser decisivo.

É espantoso, mas ao mesmo tempo revelador dos tempos esquisitos que 
o País vive, que o apoio do “centrão” seja mesmo considerado 
o fiel da balança nesta eleição.

Depois de todo o movimento em prol do saneamento da política, que tem mobilizado a opinião pública desde a eclosão da Lava Jato, a eleição presidencial mais importante dos últimos tempos pode ser decidida justamente por alguns dos partidos e caciques mais identificados com as baixarias que aviltam a política.

Assim, um governo formado a partir de uma aliança com o “centrão” não augura coisa boa [Plenamente de acordo, por isso, meus pêsames ao Geraldo Alckmin!] Por melhores que possam ser as intenções do vencedor da eleição, na hipótese de ser alguém comprometido com as reformas de que o País tão urgentemente necessita, o futuro presidente dificilmente conseguirá implementar sua agenda sem se submeter à costumeira chantagem do “centrão”. E os estragos causados por essa turma na atual legislatura, inviabilizando votações cruciais e aprovando projetos que sabotam o esforço fiscal mesmo depois de arrancar dedos e anéis do governo, deveriam ser suficientes para mostrar que o preço de um punhado de segundos a mais na propaganda eleitoral pode ser alto demais para o País.

Fonte: O Estado de S. Paulo - Opinião/Notas e Informações - Sexta-feira, 20 de julho de 2018 - Pág. A3 - Internet: clique aqui.

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