«Quando devemos fazer uma escolha e não a fazemos, isso já é uma escolha.» (William James [1842-1910]: filósofo e psicólogo norte-americano)

Quem sou eu

Jales, SP, Brazil
Sou presbítero da Igreja Católica Apostólica Romana. Fui ordenado padre no dia 22 de fevereiro de 1986, na Matriz de Fernandópolis, SP. Atuei como presbítero em Jales, paróquia Santo Antönio; em Fernandópolis, paróquia Santa Rita de Cássia; Guarani d`Oeste, paróquia Santo Antônio; Brasitânia, paróquia São Bom Jesus; São José do Rio Preto, paróquia Divino Espírito Santo; Cardoso, paróquia São Sebastião e Estrela d`Oeste, paróquia Nossa Senhora da Penha. Sou bacharel em Filosofia pelo Centro de Estudos da Arq. de Ribeirão Preto (SP); bacharel em Teologia pela Pontifícia Faculdade de Teologia N. S. da Assunção; Mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma (Itália); curso de extensão universitária em Educação Popular com Paulo Freire; tenho Doutorado em Letras Hebraicas pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, realizo meu Pós-doutorado na PUC de São Paulo. Estudei e sou fluente em língua italiana e francesa, leio com facilidade espanhol e inglês.

terça-feira, 3 de julho de 2018

O perigo do WhatsApp

Editorial

WhatsApp segue um território livre para os sensacionalistas e teóricos da conspiração que buscam, no mínimo, a admiração de seus amigos ou familiares

O Reuters Institute Digital News Report 2018, relatório anual elaborado pelo Reuters Institute For The Study of Journalism, em parceria com a Universidade de Oxford, traz dados preocupantes sobre o comportamento dos brasileiros no ambiente digital, no que concerne à informação.

Durante todo o mês de janeiro e o início de fevereiro deste ano, o Reuters Institute For The Study of Journalism realizou uma pesquisa online com 74.000 pessoas em 37 países, incluindo o Brasil, sobre seus meios preferidos para leitura de notícias, a confiança que depositam nos ditos veículos tradicionais de informação, o apoio que dão a ações governamentais para combate às chamadas fake News [notícias falsas], além de outras questões relevantes para a compreensão da importância da atividade jornalística hoje.

Mais da metade dos brasileiros que têm acesso à internet (52%) prefere o Facebook para se informar sobre fatos relevantes da vida nacional e do mundo. O número ainda é bastante expressivo, mas o resultado de 2018 representa uma queda de 5% em relação ao ano passado.

Quando comparados os resultados das pesquisas feitas entre 2014 e 2018, é possível observar que as redes sociais estão em queda como meio preferencial de consumo de notícias. Tanto o Facebook como o Twitter experimentaram um período de crescimento entre 2014 e 2016; a partir de então, deu-se um declínio até o atual platô de estagnação. Do total de consultados pelo Reuters Institute For The Study of Journalism este ano, 36% disseram usar o Facebook para se informar, enquanto apenas 11% preferem o Twitter. O contrário é observado em relação ao WhatsApp, que, em média, registrou crescimento de 15% entre 2014 e 2018 nos 37 países onde a pesquisa foi realizada.

No Brasil, cerca de 48% dos respondentes em 2018 disseram usar o WhatsApp para se informar, um crescimento de 2% em relação ao ano passado.

Com base nas respostas dadas pelos consultados, o Digital News Report 2018 revela que o Facebook se tornou uma rede social tão vasta e heterogênea que as pessoas simplesmente não se sentem mais confortáveis em compartilhar informações pessoais naquela plataforma e tampouco confiam no conteúdo que trafega pela rede. Este poderia ser um dado auspicioso caso a opção não fosse o WhatsApp, que é tão ou mais descontrolado do que o Facebook no que tange à confiabilidade das notícias que circulam por lá.

Quando instados a dar suas percepções sobre as marcas Facebook e WhatsApp, os respondentes se referiram ao primeiro como uma rede social “egocêntrica”, “assustadora”, “multifacetada”, “genérica” e voltada para os que passam por “crises de meia-idade”. Já o WhatsApp é percebido como mais “amigável”, “divertido”, “agregador”, “honesto”, “discreto” e “confiável”.

Paradoxalmente, a pesquisa revelou que os brasileiros são os mais preocupados com a disseminação de fake news no ambiente digital, sobretudo por se tratar de ano eleitoral. Quando solicitados a dizer o grau de concordância com a afirmação “Estou preocupado sobre o que é real ou falso na internet”, 85% dos brasileiros consultados concordaram com a assertiva. Para ter uma ideia, este porcentual é de 64% nos Estados Unidos de Donald Trump e a campanha que seu governo faz contra os veículos de informação que ousam apresentar dados contrários aos interesses do governo.

Se a confiabilidade das informações no ambiente digital é um valor importante para os brasileiros, o que circula pelo WhatsApp deve ser recebido com a devida cautela.

Se redes como o Facebook têm sido fortemente cobradas, inclusive por órgãos de governo, a reforçar os mecanismos de identificação de postagens falsas, o mesmo não ocorre com o WhatsApp, que segue um território livre para os sensacionalistas e teóricos da conspiração que buscam, no mínimo, a admiração de seus amigos ou familiares, ainda que isso ocorra à custa da disseminação de informações falsas ou descontextualizadas. Ao contrário do Facebook, o WhatsApp ainda conta com o anonimato que oferece menor risco a quem divulga notícias que se provam falsas.

Fonte: O Estado de S. Paulo – Notas e Informações / Opinião – Domingo, 1 de julho de 2018 – Pág. A3 – Internet: clique aqui.

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